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Malária ou COVID-19? Os sintomas entre as doenças são parecidos?

Por| 13 de Agosto de 2020 às 13h48

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Reprodução/Freepik
Reprodução/Freepik

Há menos de um ano do primeiro caso documentado da COVID-19, o novo coronavírus (SARS-CoV-2) tem despertado uma série de dúvidas, desde as formas de tratamentos para pacientes contaminados até os sintomas da doença. Inclusive, essa infecção pode ser confundida, durante os primeiros sinais e antes do exame, com outras doenças já conhecidas, como é o caso da gripe comum e, mais recentemente, da malária.

Entretanto, a COVID-19 e a malária são doenças bastante diferentes, principalmente quando se observa qual é o agente infeccioso das duas. Por exemplo, a malária é causada pelo Plasmodium (um tipo de protozoário) transmitido pela fêmea infectada do mosquito Anopheles, também conhecido como mosquito-prego, e sua gravidade varia de acordo com a espécie parasitária. É verdade também que a doença pode ser contraída através do contato direto com o sangue de um indivíduo que carrega o protozoário, mas isso é bem menos comum.

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Diferente dos protozoários que usam os mosquitos para chegar a um hospedeiro, o novo coronavírus é parte de uma grande família de vírus e, até o momento, não foi observada a capacidade de mosquitos transmitirem esse agente infeccioso. Além disso, o principal meio de transmissão da COVID-19 entre humanos é o contato com pessoas doentes.

No contato com pessoas infectadas pela COVID-19, é importante manter distância, especialmente das secreções do infectado, como gotículas de saliva, espirros, tosses e catarro. Objetos ou superfícies contaminadas também podem transmitir a doença em determinadas situações, a exemplo de celulares, mesas, talheres, maçanetas e teclados de computador. Isso desde que o vírus esteja ativo nessas superfícies e a pessoa o leve, através do contato, até suas mucosas — ao coçar o olho ou o nariz, por exemplo.

Sintomas da Malária X COVID-19

Segundo o Ministério da Saúde, entre os sintomas mais comuns da malária estão: febre alta; calafrios; tremores; sudorese; e dores de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica. Além disso, pacientes relatam (antes de apresentarem estas manifestações mais características) náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite.

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Enquanto isso, a malária na sua forma mais grave é conhecida por desencadear um ou mais dos seguintes sintomas: prostração; alteração da consciência; dispneia ou hiperventilação; convulsões; hipotensão arterial ou choque; e hemorragias. A piora do quadro depende, geralmente, da espécie de Plasmodium que infecta o paciente.

Já os sintomas da COVID-19 podem variar de um resfriado, uma síndrome gripal, ou até uma pneumonia severa, dependendo de características do paciente contaminado. Entre os sintomas mais comuns, de acordo com o Ministério da Saúde, estão: tosse; febre; coriza; dor de garganta; dificuldade para respirar; perda de olfato (anosmia); alterações no paladar (ageusia); distúrbios gastrintestinais (náuseas/vômitos/diarreia); cansaço (astenia); diminuição do apetite (hiporexia); e dispneia (falta de ar).

Quanto aos sintomas entre as doenças, é possível que a malária seja confundida com uma gripe comum ou ainda algum tipo de mal-estar, como o causado por infecções do novo coronavírus, sim. "Em formas não complicadas, ambas podem se manifestar com febre alta, calafrios, mal-estar, dor de cabeça, dor no corpo, náuseas, vômitos, ou seja, sintomas que podem aparecer também na dengue, zika, chikungunya, febre amarela, gripe, entre outras situações", explica o infectologista Leonardo Weissmann, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e mestre em doenças infecciosas pela USP.

"Nas formas complicadas da malária e nas graves de COVID-19, há algumas manifestações que podem aparecer em ambas, como falta de ar, insuficiência renal, alterações no fígado, entre outras. Mas sempre é importante a avaliação do contexto e de exames laboratoriais para a confirmação do diagnóstico", completa Weissmann sobre as possíveis coincidências. Nesses casos, o paciente que identificar algum desses quadros deve sempre procurar um profissional de saúde para melhor orientá-lo.

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Desafios para a Saúde Pública

A malária é considerada um problema mundial de saúde pública, sendo uma das doenças de maior impacto na mortalidade da população dos países situados em regiões tropicais e subtropicais do planeta, conforme afirma o Ministério da Saúde. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 228 milhões de novos casos da doença foram notificados no mundo apenas em 2018, além da ocorrência de mais de 405 mil óbitos por malária.

No Brasil, a região Amazônica é considerada a área endêmica do país para malária com 99% dos casos autóctones (quando o paciente contraí a malária na zona de sua residência). Fora das áreas da região Amazônica brasileira, há uma alta taxa de casos importados da doença, e ocorre também a transmissão em áreas de Mata Atlântica, na região Sudeste, como São Paulo e Rio de Janeiro.

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No campo de doenças que afetam o globo todo, a COVID-19 foi considerada como uma pandemia pela OMS desde março, ou seja, muitos países são afetados ao mesmo tempo por uma mesma enfermidade. No globo, 20,7 milhões de contaminados pelo novo coronavírus, sendo 750 mil óbitos até agora, segundo a plataforma internacional Worldometer.

Dentro do Brasil, a doença já foi diagnosticada em mais de três milhões de brasileiros, sendo que as vítimas fatais da COVID-19 ultrapassam a marca dos 100 mil, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Mesmo que os estados enfrentem diferentes realidades e taxas de contágio, todas as unidade federativas do país registram mias de 20 mil casos, sendo São Paulo o estado com maiores números. São mais de 655 mil contaminados e 25 mil mortes.

Tratamento para as doenças

"Deve-se avaliar o cenário local e doenças que são frequentes, além da confirmação laboratorial. No caso da malária, o diagnóstico é feito pelo exame de gota espessa de sangue e o achado de parasitas; para a COVID-19, o diagnóstico é feito pela detecção do vírus no exame RT-PCR em material do fundo da garganta ou do nariz", detalha o médico sobre a importância do diagnóstico para o tratamento.

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Após a confirmação de caso de malária através de exames, o paciente é tratado com medicação fornecida, gratuitamente, nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, somente os casos graves da doença chegam a ser hospitalizados de imediato. Isso porque o tratamento indicado depende de fatores, como a espécie do protozoário e condições associadas do paciente, tais como gravidez e outros problemas de saúde.

Agora, se a pessoa apresentar sintomas da COVID-19, também deve procurar, imediatamente, atendimento médico, conforme indica o Ministério da Saúde, onde a doença poderá ser confirmada a partir de exames clínicos. No entanto, ainda não existem remédios específicos contra a infecção disponíveis no mercado, o que existem são medicações e terapias que tratam os sintomas e devem ser prescritos pelo médico que acompanha o caso.

Como prevenir?

Como a malária e a COVID-19 são causadas por agentes infecciosos diferentes, logo as formas de prevenções entre as enfermidades também variam de forma significativa. Por exemplo, entre as principais medidas de prevenção individual da malária estão: uso de mosquiteiros; roupas que protejam pernas e braços; telas em portas e janelas; e uso de repelentes em áreas de risco.

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De outra forma, as principais recomendações de prevenção à COVID-19 são: lavar com frequência as mãos até a altura dos punhos, com água e sabão ou com álcool em gel 70%; uso de máscaras ao sair de casa ou ao interagir com outras pessoas; não tocar olhos, nariz, boca ou a máscara de proteção fácil com as mãos não higienizadas; manter a distância mínima de um metro entre pessoas em lugares públicos no rosto; não compartilhar objetos de uso pessoal; e evitar circulação desnecessária nas ruas.

Curiosamente, o remédio utilizado no tratamento e profilaxia da malária entrou em uma polêmica mundial ao ser testado e, mesmo com resultados inconclusivos, ser administrado também para combater o coronavírus. Estamos falando da cloroquina, que atualmente, embora comprovada contra malária, não tem aplicação com embasamento científico contra COVID-19 e não é recomendada, nesse caso, pela OMS.

Quanto a possíveis vacinas, o mundo vive uma corrida para a primeira delas, que seja segura e eficaz contra a COVID-19, envolvendo universidades e farmacêuticas de todo o mundo. Segundo o presidente russo Vladimir Putin, o primeiro imunizante foi produzido pela Rússia, mas a comunidade científica internacional ainda aguarda provas da eficácia e do efeito protetivo contra o novo coronavírus.

Enquanto isso, ainda não existem vacinas efetivas contra a malária também. "Algumas substâncias capazes de gerar imunidade foram desenvolvidas e estudadas, mas os resultados encontrados ainda não são satisfatórios para a implantação da vacinação", afirma o Ministério da Saúde.

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Fonte: Ministério da Saúde (1) e (2)