Uso de anticorpo monoclonal pode prevenir malária, revela estudo
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Para evitar a infecção pelo parasita da malária, o Plasmodium vivax, o anticorpo monoclonal L9LS parece ser eficaz, segundo estudo do governo norte-americano. Produzido em laboratório, este anticorpo sintético gera algum grau de imunidade contra a doença e é seguro, de acordo com estudo de Fase 1.
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Publicado na revista científica The New England Journal of Medicine, o estudo sobre o uso do anticorpo monoclonal contra a malária foi liderado por pesquisadores dos Institutos Nacionais da Saúde (NIH), nos EUA. Agora, mais estudos são necessários para descobrir a duração e a eficácia deste tipo de imunidade, antes que a terapia chegue ao mercado.
“Esses primeiros resultados de ensaios clínicos demonstrando que um anticorpo monoclonal, administrado por via subcutânea, pode proteger as pessoas da malária são altamente encorajadores”, afirmou Anthony Fauci, imunologista e conselheiro médico da Casa Branca, em comunicado.
Estudo do anticorpo monoclonal em adultos
No estudo clínico de Fase 1, os cientistas recrutaram voluntários para receber uma quantidade diferente de doses do anticorpo monoclonal L9LS, por via subcutânea ou intravenosa. Após confirmar que as doses não causavam nenhum efeito adverso grave, estes participantes foram expostos a mosquito Anopheles, contaminados com o parasita da malária.
Cada voluntário foi mordido pelo mosquito, em média, cinco vezes, após um período que variou entre duas a seis semanas da aplicação do anticorpo monoclonal. Apesar das questões éticas que envolvem expor alguém saudável a uma doença potencialmente mortal, os autores do estudo explicam que aquele era uma ambiente controlado e os voluntários estariam seguros.
Segundo os pesquisadores, as doses do L9LS protegeram totalmente 15 dos 17 (88%) participantes. Do outro lado, todos os voluntários do grupo controle — que foram picados, mas não receberam o anticorpo sintético — se infectaram.
Ninguém teve complicações de saúde por causa do estudo, realizado nos EUA, pontuam os cientistas. Além disso, todos os participantes tinham mais de 18 anos quando foram recrutados.
Mais pesquisas contra a malária em crianças
Agora, uma nova rodada de ensaios clínicos acontece com o anticorpo monoclonal. No entanto, os testes serão realizados em crianças do Mali e do Quênia, onde a malária é endêmica. A expectativa é compreender se a terapia pode imunizar por 6 a 12 meses contra a doença.
“Uma intervenção única que protege contra a malária por seis meses a um ano pode significativamente reduzir a morbidade e mortalidade entre crianças em regiões endêmicas de malária e oferecer uma ferramenta preventiva eficaz para profissionais de saúde, militares e viajantes”, completou Fauci.
Vale lembrar que, com a pandemia da covid-19, diferentes farmacêuticas produziram versões de anticorpos monoclonais para controlar o coronavírus SARS-CoV-2, como a AstraZeneca e Eli Lilly. No entanto, o uso mais comum desse tipo de produto era o de Profilaxia Pós-Exposição de Risco (PEP), ou seja, após entrar em contato com o vírus.