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Por que o Brasil é o único a adotar a terceira dose da vacina da Janssen?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 19 de Novembro de 2021 às 15h36

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Mika Baumeister/Unsplash
Mika Baumeister/Unsplash

Nesta semana, o Ministério da Saúde anunciou a campanha de mega vacinação contra a covid-19, prevista para começar no sábado (20). Durante a apresentação, foi confirmado que todos os brasileiros com mais de 18 anos, vacinados há pelo menos cinco meses, estão aptos para receberem o reforço dos imunizantes contra o coronavírus. Quem tomou a dose única da Janssen (Johnson & Johnson) teria direito a outras duas injeções, sendo que esta era considerada uma vacina de dose única.

De acordo com a Saúde, as pessoas que receberam a fórmula da Janssen deverão tomar uma segunda dose do mesmo imunizante, dois meses após a primeira aplicação. Passados cinco meses do esquema vacinal completo, é que essas pessoas receberão o reforço. Esse reforço deverá ser da fórmula da Pfizer ou da AstraZeneca, já que deverá ocorrer uma vacinação heteróloga.

No entanto, o esquema vacinal sugerido para o imunizante da Janssen despertou algumas dúvidas e questionamentos. Na quinta-feira (18), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) questionou a Saúde sobre os dados usados para orientar a adoção da medida. Isso porque, no Brasil, a Janssen ainda não chegou a solicitar a atualização da bula para conter as duas doses.

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"O Ministério da Saúde fez uma indicação off label, ou fora da bula. Isso pode ser feito, mas é preciso extremo cuidado e apenas para atender situações emergenciais. A Anvisa deve sempre ter prioridade na aprovação de uso de qualquer produto", explicou o médico José Cassio de Moraes, professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, para a BBC.

Como outros países aplicam o reforço da Janssen?

Outros países também orientam que os pacientes recebam a segunda dose da vacina da Janssen contra a covid-19, mas de forma diferente da adotada pelo Brasil. Segundo a Reuters, Áustria, República Tcheca, Alemanha, Hungria e Itália oferecem uma única dose de reforço para todos que tenham recebido este imunizante.

Desde outubro, a recomendação das autoridades de saúde dos EUA também é de que todos os indivíduos com mais de 18 anos que recebam o reforço após dois meses da primeira aplicação do imunizante. Esta segunda dose pode ser da própria Janssen, da Moderna ou da Pfizer. Por lá, não está prevista a terceira dose.

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Na África do Sul, onde ocorreu um grande estudo da vacina contra a covid-19, os voluntários estão sendo novamente recrutados para receber o reforço (segunda dose). A mesma situação ocorre com os participantes do estudo clínico brasileiro. Em ambos os casos, os pesquisadores continuarão a acompanhar suas respostas contra a covid-19.

"A necessidade de uma segunda dose da Janssen já era certa, mas não conheço nenhum outro país do mundo que orienta essa segunda dose e já agenda uma terceira para cinco meses depois", comentou a médica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Estudos clínicos da vacina contra a covid-19

No ensaio ENSEMBLE de Fase 3, participaram 390 mil voluntários que receberam a vacina da Janssen contra covid-19. Com apenas uma única dose, a proteção contra casos graves da infecção chegou a 75%. Para casos moderados e graves da covid-19, a vacinação com duas doses obteve uma proteção de 75% globalmente. Considerando apenas os números dos Estados Unidos, a proteção contra a infecção sintomática chegou a 94%, após a segunda dose.

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"Quando um reforço da vacina Johnson & Johnson contra a covid-19 foi aplicado dois meses após a primeira injeção, os níveis de anticorpos aumentaram de quatro a seis vezes mais do que os observados após a dose única", afirmou a farmacêutica sobre a melhora em um dos níveis de proteção contra a doença.

Já o reforço aplicado após seis meses "forneceu um aumento de 12 vezes nos [níveis de] anticorpos", segundo o novo estudo, divulgado em setembro. Com o maior intervalo entre as duas doses, vale destacar que os níveis de anticorpos aumentaram nove vezes uma semana após o reforço e continuaram a subir por outras 4 semanas, crescendo até um valor 12 vezes maior. No entanto, este estudo não considerou o esquema proposto para os brasileiros.

Fonte: BBC e Reuters