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Ômicron na visão da ciência: veja os "prós e contras" da nova variante

Por| Editado por Luciana Zaramela | 29 de Dezembro de 2021 às 10h07

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Fusion Medical Animation/Unsplash
Fusion Medical Animation/Unsplash

A chegada da variante Ômicron (B.1.1.529) do coronavírus SARS-CoV-2 marca mais uma fase da pandemia, onde inúmeros países voltaram a registrar alta de casos da covid-19, como o Reino Unido, os Estados Unidos e a África do Sul. Nesse cenário, pesquisadores buscam identificar, a partir de estudos científicos e dados sobre saúde pública, as boas e más notícias sobre a nova cepa.

No Brasil, regiões já registram a transmissão comunitária da Ômicron, como São Paulo. Segundo o balanço do Ministério da Saúde, divulgado na segunda-feira (27), pelos menos 74 casos da variante foram confirmados oficialmente no Brasil. Isso significa amostras dos pacientes infectados passaram pelo sequenciamento genético.

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Entre os brasileiros, os casos oficias da Ômicron foram identificados nas seguintes localidades:

  • São Paulo: 27 casos;
  • Goiás: 22 casos;
  • Minas Gerais: 13 casos;
  • Rio Grande do Sul: 3 casos;
  • Santa Catarina: 3 casos;
  • Ceará: 3 casos;
  • Distrito Federal: 1 caso;
  • Rio de Janeiro: 1 caso;
  • Espírito Santo: 1 caso.

Ômicron gera quadros mais leves?

Até agora, os dados preliminares apontam que a possibilidade de uma pessoa infectada pela variante Ômicron descadear um quadro mais leve da covid-19 é maior. Inclusive, essa é a hipótese defendida pelos pesquisadores sul-africanos desde a descoberta da nova cepa.

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Nesse sentido, um estudo publicado pelo Imperial College London apontou que pacientes infectados pela Ômicron tem um risco de internação 45% menor que a variante Delta (B.1.671.2). Na pesquisa, foram usados dados sobre a saúde pública do Reino Unido, onde a Ômicron já é predominante.

Diante dessas evidências, o imunologista e professor de medicina da Universidade de Oxford, John Bell, defende que a Ômicron “não é a mesma doença que víamos há um ano” e as altas taxas de mortalidade em decorrência da covid-19 no Reino Unido “agora são história”.

No entanto, ainda existe uma limitação de dados. Isso porque, entre os britânicos, a maioria dos casos de Ômicron são de pessoas com menos de 40 anos e o cenário pode ser diferente para quem tem mais idade.

Incertezas: idosos e pessoas com comorbidades

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De forma geral, a Ômicron é conhecida por causar sintomas similares a de um resfriado, como dor de garganta, coriza e dor de cabeça. No entanto, esta não é a regra e formas graves da covid-19 podem ser desencadeadas a partir da variante.

A partir dos dados do Reino Unido, ainda não é possível estimar o que acontecerá quando as taxas de infecção em idosos começarem a aumentar, explica Chris Hopson, presidente-executivo da NHS Providers. “Tivemos muitas misturas intergeracionais durante o Natal, por isso, todos ainda estamos esperando para saber se veremos um número significativo de aumentos em termos do número de pacientes que chegam ao hospital com doenças graves relacionadas à Ômicron”, comenta, para a BBC.

Hoje, poucos dados confirmam a tendência de casos mais leves da Ômicron em pessoas com mais de 60 anos ou com comorbidades, como problemas no coração. Por outro lado, uma eventual menor gravidade pode ser associada à imunidade como resultado da vacinação ou infecções anteriores. Só que estas têm menor impacto em impedir a infecção.

Rápida transmissão da Ômicron

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Se os dados apontam para uma possível menor gravidade da doença, as evidências alertam para o maior risco de transmissão da variante Ômicron. Inclusive, pesquisadores já comparam a sua transmissibilidade com a do sarampo — esta é uma doença altamente contagiosa.

Se muitas pessoas se infectarem pela covid-19, mesmo que as chances de alguém ir parar no hospital sejam menores, o suposto benefício da variante menos grave é anulado. Afinal, hospitais voltarão a encher e o risco do colapso do sistema de saúde pode se tornar novamente realidade em algumas localidades.

Além de se espalhar mais rápido do que outras variantes, pesquisas também apontam que a variante pode contornar parte da proteção imunológica de vacinas e casos anteriores da covid-19. Desenvolvido pela Universidade de Washington, um estudo identificou que os anticorpos neutralizantes, coletados após os dois casos, perdem significativamente a eficácia contra a Ômicron, pelo menos em testes de laboratório. Isso favorece a reinfecção e diminuí barreiras que poderiam conter a transmissão.

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Aprendizados sobre a covid e vacinação

Muito provavelmente, os números de óbitos da covid-19 registrados durante as primeiras ondas não devem se repetir. Isso porque se passaram quase dois anos do início da pandemia e muitos avanços da medicina foram possíveis nesse intervalo.

Por exemplo, os protocolos de internação da covid-19 foram ajustados. Durante os primeiros casos da infecção, os médicos ainda aprendiam a lidar com o quadro de pacientes internados. Agora, muitas técnicas foram aperfeiçoadas e remédios mais adequados foram definidos para o controle da tempestade de citocinas — um desdobramento grave e comum da doença.

No campo de novos medicamentos, os EUA aprovaram o uso de dois antivirais contra a covid-19: o molnupiravir, da farmacêutica MSD, também conhecida como Merck; e o Paxlovid, da farmacêutica Pfizer. Ambos podem ser usados em casa, sem a necessidade de suporte hospitalar e devem facilitar a recuperação de doentes e, principalmente, de pessoas com risco de desenvolver casos graves da infecção.

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Além disso, o avanço da vacinação global traz inúmeros benefícios, mesmo que a eficácia das vacinas diminua para a Ômicron. Segundo a plataforma Our World in Data, 48,4% da população humana da Terra está com o esquema vacinal completo — duas doses ou imunizante de dose única —, o que representa 3,8 bilhões de pessoas imunizadas. Esta é uma grande vantagem contra a variante.

Queda da imunidade com o tempo

Por fim, o aumento de casos da variante Ômicron reforça a importância das doses de reforço. Isso porque a concentração de anticorpos neutralizantes cai com o tempo, o que pode representar menor imunidade. Com a terceira dose, a proteção volta a subir. É o que apontou um estudo da farmacêutica norte-americana Pfizer.

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No Brasil, o reforço da vacina pode ser aplicado após 4 meses da última dose. “Para ampliar a proteção contra a variante Ômicron, vamos reduzir o intervalo de aplicação da terceira dose de cinco para quatro meses. A dose de reforço é fundamental para frear o avanço de novas variantes e reduzir hospitalizações e óbitos, em especial em grupos de risco”, escreveu o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na época.

Fonte: BBC, Agência Brasil e Our World in Data