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Nova técnica de preservação de sêmen ajuda homens inférteis e pessoas trans

Por| Editado por Luciana Zaramela | 21 de Outubro de 2022 às 18h50

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kjpargeter/Freepik
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Médicos conseguiram desenvolver um novo método de coletar sêmen viável que pode ajudar pessoas que fazem terapia hormonal com estrogênio e homens com baixa fertilidade a terem filhos sem a necessidade de procedimentos invasivos ou chance de complicações: é a chamada Busca Estendida e Congelamento de Espermatozoides (E.S.S.M., na sigla inglesa), que torna possível coletar o material em qualquer situação, menos quando a produção de esperma é zero.

Algumas mulheres transgênero, por exemplo, podem tomar medicações que diminuem a produção de testosterona e aumentam a de estrogênio, o que tende a diminuir a produção de espermatozoides ou pará-la completamente.

Em um caso recente, o urologista Michael Werner, por exemplo, conseguiu coletar — via E.S.S.M. — mais de 200 espermatozoides viáveis de uma mulher trans que já fazia tratamento hormonal há 18 anos, embora houvesse parado por 10 meses para tentar ter filhos. Foi a primeira vez em que esperma viável foi coletado de uma mulher trans 2 anos após o tratamento hormonal ter começado.

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Fertilidade e procedimentos médicos

Para a produção normal de esperma, é necessária a produção constante de testosterona nos testículos: 40 milhões por ejaculação é considerado normal. Para a E.S.S.M., técnica criada em 2017, isso não é necessário. Com ela, é possível encontrar e congelar pequenas amostras do material ejaculado sem efeitos adversos, mesmo em pessoas com anos de terapia hormonal ou homens com baixa contagem de espermatozoides.

Anteriormente, a coleta envolvia a inserção de uma agulha nos testículos, o que pode ser dolorido e perigoso para o órgão. Na nova técnica, amostras de sêmen são divididas em pequenas gotas e escaneadas com microscópios de alta potência por horas, buscando material viável e colocando-o, individualmente, em um dispositivo especializado chamado SpermVD, para criopreservação. Mais de 90% dos espermatozoides sobrevive ao congelamento e descongelamento.

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Nos Estados Unidos, onde a cirurgia vem sendo feita há algum tempo, médicos relatam que cada vez mais pessoas se sentem seguras para se identificar como transgênero, procurando tratamento hormonal e intervenções médicas. Aponta-se, no entanto, a necessidade de melhorar o cuidado com a preservação da fertilidade antes do tratamento hormonal — do contrário, a possibilidade de ter filhos biológicos no futuro é diminuída consideravelmente.

Riscos e vantagens

As chances de aborto espontâneo são mais altas quando há o uso da E.S.S.M., já que o esperma coletado com a técnica fica mais frágil por conta do tempo que leva para atravessar o epidídimo, um dos dutos do sistema reprodutivo masculino, para a ejaculação. Na remoção cirúrgica, o esperma e o DNA dos gametas são mais robustos.

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Além das pessoas que fazem terapia hormonal, há um benefício a alguns dos homens inférteis: 1% a 2% deles têm o que se chama oligospermia severa, quando não há espermatozoides detectáveis no sêmen. Metade dos casais inférteis são vítimas dessa condição.

Homens com oligospermia já apresentam um risco maior de causar uma gravidez que possa acabar em aborto espontâneo, já que a doença danifica o esperma, mas ainda assim é preferível utilizar a E.S.S.M. do que coletar espermatozoides via cirurgia. Como todo procedimento cirúrgico, há risco de complicações para o paciente.

No caso de Claire, uma das pacientes transgênero do Dr. Werner, foi possível coletar 30 ciclos de fertilização in vitro para o futuro: contanto que a produção de esperma seja normal, é possível preservar a fertilidade para o futuro. O médico encoraja as mulheres trans que planejam transicionar com hormônios e/ou realizar procedimentos cirúrgicos a procurarem preservar sua fertilidade — a maioria não recebe a opção, e, muitas vezes, acaba sendo tarde demais quando busca ter filhos biológicos.

Fonte: The New York Times