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Embriões sintéticos poderão ajudar a tratar fertilidade e a criar órgãos do zero

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Setembro de 2022 às 19h55

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Davien Donald/Pixabay
Davien Donald/Pixabay

Sem óvulo, espermatozoide ou útero, cientistas conseguiram cultivar embriões de camundongos in vitro, em placas de Petri, no laboratório. Embora impressionante, a técnica não é novidade, já que cientistas israelenses fizeram o mesmo mais cedo neste ano, mas ainda traz avanços significativos, estendendo a evolução embrionária para vários dias, quando vários órgãos já podem ser vistos.

A base para toda a pesquisa publicada na revista Nature, que já se estendia por 10 anos, são as células-tronco, manipuladas para se tornar células com qualquer função corporal desejada. O embrião de roedor criado na pesquisa desenvolve cérebro, coração e todos os componentes de um corpo normal. Entre as vantagens, está a possibilidade de observar de perto todo o desenvolvimento, o que é difícil em um útero.

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Cultivando embriões

Até o momento, foi possível observar cerca de 8 dias de desenvolvimento dos embriões sintéticos de camundongo, mas o processo vem sendo otimizado pela equipe constantemente. Observar o processo, segundo eles, irá ajudar a entender os motivos que causam a falha de muitas gestações: muitas não conseguem passar dos primeiros estágios.

No útero, os embriões se desenvolvem a partir de 3 tipos de células-tronco. Um deles é utilizado para formar os tecidos do corpo, outro forma o saco onde o embrião se desenvolve e um terceiro se torna a placenta, que conecta mãe e feto. Em laboratório, os cientistas puderam isolar estes tipos e fazer culturas das células para encorajar a comunicação entre elas. Com isso, estruturas cada vez mais complexas foram se formando.

Nas primeiras semanas de gestação, os 3 tipos de células-tronco precisam se comunicar química e mecanicamente para que o embrião cresça de forma eficiente. Em muitos casos, problemas nesse período inicial podem terminar a gravidez sem que a mulher sequer fique sabendo estar grávida. Nas fertilizações in vitro, esse estágio ocorre quando o embrião já foi implantado na paciente, dificultando o monitoramento por cientistas.

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Poder observar o desenvolvimento de embriões fora do útero é de valor inestimável para a ciência, já que podemos entender melhor os processos envolvidos e como evitar que falhem. Para isso, os cientistas querem sair dos embriões de roedores para os humanos, o que, devido à complexidade, pode demorar até mesmo décadas. Os primeiros passos, no entanto, já foram dados.

Já podemos desfrutar de algumas vantagens do estudo, no entanto, já que é possível testar novas medicações nos tecidos cultivados e, com um pouco de estudo, poderá ser possível cultivar órgãos sintéticos a partir do método, mudando apenas o modelo utilizado nos camundongos para humanos. O potencial, segundo os cientistas, é imenso — estamos vendo apenas os pioneiros da técnica.

Fonte: Nature