Insatisfação corporal pode levar a distúrbios alimentares em qualquer idade
Por Augusto Dala Costa | Editado por Luciana Zaramela | 21 de Janeiro de 2023 às 10h00
Distúrbios alimentares, apesar de serem costumeiramente ligados a adolescentes e jovens adultos, podem acontecer em todas as idades, e cientistas buscam entender os fatores envolvidos e a prevalência dessas condições em outros períodos da vida. Um novo estudo, publicado no periódico científico Menopause, analisou o caso durante a perimenopausa, período em que o corpo feminino está se adaptando e preparando para a menopausa, quando não estará mais fértil.
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Esses distúrbios são condições de saúde mental muito sérias, ligadas ao comportamento alimentar e imagem corporal própria, acontecendo em pelo menos 13,1% das mulheres em algum momento da vida. Acima de 40 anos, a prevalência fica em 3,5%, e pode trazer sérias complicações, como alta mortalidade e morbidade, que só aumentam com a idade. Mesmo assim, poucos estudos focavam nas mulheres de meia-idade, incluindo os períodos de pré-menopausa, perimenopausa e pós-menopausa.
Meia-idade e insatisfação corporal
Algumas evidências já mostraram que a época da perimenopausa é a que traz as maiores taxas de distúrbios na alimentação entre os períodos reprodutivos da meia-idade, com sintomas como contagem obsessiva de calorias e consumo apenas de alimentos dietéticos. Em relação à insatisfação corporal e sensação de obesidade, a situação dessa parcela da população é bem diferente das mulheres na pré-menopausa.
No estudo, pesquisadores utilizaram análise de rede em modelos estatísticos para comparar a estrutura e importância de sintomas específicos de distúrbios alimentares ao longo dos estágios reprodutivos. Os resultados mostraram que, assim como nos jovens adultos, a insatisfação com o próprio corpo ainda é um elemento chave dessas patologias, especialmente o medo de ganhar peso e de perder o controle dos hábitos alimentares.
Valendo tanto para os distúrbios da perimenopausa quanto para os da pós-menopausa, os achados, segundo os cientistas, podem ser usados para bolar tratamentos especialmente direcionados às mulheres de meia-idade, evitando melhor as patologias associadas. Como o estudo foi de pequena escala — com apenas 36 participantes —, os cientistas admitem que estudos maiores são necessários para compreender melhor essas associações, mas reforçam a necessidade de observar a saúde dessa parcela populacional, sub-representada nas pesquisas.
Fonte: Menopause