IA diagnostica autismo por fotos com 100% de precisão
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela | •
Cientistas sul-coreanos desenvolveram um algoritmo de inteligência artificial capaz de diagnosticar autismo em crianças com 100% de precisão, analisando apenas fotos de suas retinas. A pesquisa, conduzida na Yonsei University College of Medicine, na Coreia do Sul, baseia-se na conexão entre cérebro e olho, já que a retina e o nervo óptico se conectam ao fundo do órgão, no disco óptico, que é uma extensão do sistema nervoso. Os olhos são uma janela para o cérebro, e pesquisas como essa usam isso para, de maneira não-invasiva, descobrir informações cerebrais preciosas.
- Dia do Orgulho Autista | 5 coisas sobre o autismo que ninguém te contou
- IA pode ajudar no diagnóstico do transtorno do espectro autista
Foram estudadas 958 crianças com média de idade de 7,8 anos, das quais foram tiradas 1.890 fotos das retinas. Metade dos participantes tinha diagnóstico para o Transtorno do Espectro Autista (TEA), e a outra era formada por um grupo controle para idade e sexo. Também foi avaliada a severidade dos sintomas por meio de métodos científicos, como o ADOS-2 (mais demorado e feito por um profissional treinado) e o SRS-2 (feito por um cuidador em apenas alguns minutos).
Detectando autismo pela retina
O algoritmo de IA era um tipo de rede neural convolucional, treinado usando 85% das fotos de retina tiradas para o estudo e os dados sobre severidade e diagnóstico do TEA. Os 15% restantes foram usados para teste do algoritmo após o aprendizado. Ao analisar o grupo controle sem a condição e as fotos das crianças com TEA, a IA conseguiu prever corretamente a ocorrência de autismo 100% das vezes, mesmo quando foi removido 95% da parte menos importante das imagens (onde não se via o disco óptico).
Já a precisão na hora de avaliar a severidade dos sintomas não foi tão alta, com uma média de 0,74, onde 0,7 a 0,8 é considerado um resultado “aceitável” e 0,8 a 0,9 é “excelente”. Isso vale para a severidade avaliada pelo método ADOS-2, mas não para a SRS-2, já que os cientistas consideram a primeira mais eficiente na avaliação do TEA. Os participantes do estudo tinham, na idade mínima avaliada, quatro anos, então o modelo de IA pode avaliar crianças a partir dessa idade.
Para descobrir se seria possível avaliar crianças mais novas para o diagnóstico de TEA com o método, mais estudos seriam necessários. A retina dos recém-nascidos continua a crescer até os quatro anos, o que pode dificultar os exames de alguma forma. Os pesquisadores ressaltam a utilidade do método na ocorrência de recursos limitados, sendo útil, por exemplo, na ausência de um neurologista pediátrico em determinada região ou hospital.
Fonte: JAMA Psychiatry, Scimex