Autismo: alterações do neurodesenvolvimento surgem nas primeiras semanas de vida
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Yale apontou alterações que surgem apenas algumas semanas após o início do desenvolvimento do cérebro, associadas ao transtorno do espectro do autista (TEA, mais conhecido como autismo).
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Para o estudo, os pesquisadores desenvolveram organoides cerebrais a partir de células-tronco de 13 crianças diagnosticadas com autismo — sendo que oito tinham macrocefalia, uma condição na qual a cabeça é aumentada. A condição costuma ser causada por distúrbios genéticos, mas também pode ser por outras razões.
Conforme sugere o estudo, essas alterações parecem ser ditadas pelo tamanho do cérebro. Depois de criar os organoides cerebrais, os cientistas compararam o desenvolvimento do cérebro dessas crianças com o de seus pais. Os pesquisadores revelaram que nos indivíduos com macrocefalia, o autismo tende a ter um nível mais alto.
Os pesquisadores descobriram que crianças com autismo e macrocefalia exibiam crescimento excessivo de neurônios excitatórios em comparação com seus pais, enquanto organoides de outras crianças com autismo apresentavam um déficit do mesmo tipo de neurônios.
O grupo defende que, se for possível rastrear o crescimento de tipos específicos de neurônios, isso teria potencial para ajudar os médicos a diagnosticar o autismo, cujos sintomas geralmente aparecem 18 a 24 meses após o nascimento.
As descobertas também podem ajudar a identificar casos de autismo que podem se beneficiar de medicamentos existentes destinados a melhorar os sintomas de distúrbios marcados por atividade excessiva de neurônios excitatórios, como a epilepsia.
Como é o cérebro de uma pessoa com autismo?
Em 2021, outro estudo conduzido pela Yale indicou mudanças na estrutura da substância branca do cérebro em adolescentes e adultos com autismo. Essas mudanças foram mais notáveis na região que facilita a comunicação entre os dois hemisférios do cérebro.
Na ocasião, os pesquisadores utilizaram uma técnica de ressonância magnética que mede a conectividade no cérebro, detectando como a água se move ao longo da substância branca (um conjunto de células com funções de apoio, sustentação, isolamento elétrico ou nutrição dos neurônios).
Já um estudo publicado na Advanced Science afirmou que os níveis de óxido nítrico no cérebro podem estar por trás de um papel fundamental no autismo. Através de experimento com camundongos, os pesquisadores perceberam que os indicadores comportamentais e celulares do autismo eram mais aparentes quando os níveis de óxido nítrico no cérebro aumentavam.
Sinais de autismo
Saber sinais que podem levar à identificação do autismo pode ser de grande importância, considerando que o diagnóstico precoce é fundamental para que o indivíduo receba o tratamento adequado e desenvolva uma vida produtiva e inclusiva.
Os sinais de autismo envolvem pouco contato visual, falta de interação com outras pessoas, dificuldade em atenção compartilhada, atraso na fala, a não utilização da comunicação não-verbal, comportamentos sensoriais incomuns (incômodo com barulhos altos ou com o toque de outras pessoas) e brincadeiras solitárias e com partes de brinquedos (como a roda de um carrinho ou algum botão).
Fonte: Yale News, Radiological Society of North America, Advanced Science