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Fungos e bactérias estão vivendo no topo da atmosfera terrestre

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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claudioventrella/envato
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Fungos, bactérias e outros agentes infecciosos podem ser transportados pelo ar. Tanto é que, se alguém espirrar ao seu lado, você pode ser infectado. Entretanto, um grupo internacional de pesquisa fez uma descoberta inusitada: os patógenos conseguem viver no topo da troposfera (camada da atmosfera terrestre), em altitudes de até 3 km.

Ainda mais impressionante, os fungos e as bactérias “voadoras” conseguem percorrer longas distâncias, com ajuda das massas de ar, como aponta a pesquisa recém-publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)

A descoberta sobre os micróbios que vivem nas alturas tem possíveis impactos na saúde pública e na disseminação de doenças. Entretanto, mais estudos ainda são necessários nesse campo de pesquisa tão novo.

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A seguir, veja o backstage do estudo sobre as bactérias e o fungos do céu:

Bactérias e fungos no céu

No estudo liderado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), os autores analisaram micróbios que “nasceram” na China e migraram para áreas perto de Tóquio, no Japão. São viagens no alto da troposfera de mais de 2 mil km, algo nunca documentado pela ciência. 

"Sabemos que acima de um determinado ponto na troposfera, certos materiais podem ser transportados por longas distâncias, porque o ar, naquela região, é isolado da superfície e há menos atrito. Mas não suspeitávamos que microrganismos viáveis ​​pudessem estar lá também", afirma Xavier Rodó, autor do estudo e pesquisador do ICREA (Catalan Institution for Research and Advanced Studies), em nota.

O que foi encontrado nesta camada da atmosfera?

Para coletar amostras do ar no alto da troposfera, os pesquisadores realizaram diferentes voos dentro do Japão. No laboratório, todo o material passou por sequenciamento do material genético. Assim, a equipe descobriu que há uma grande diversidade de micróbios no céu, com 266 gêneros fúngicos e 305 gêneros bacterianos 

Entre os fungos, foram descobertos alguns espécimes dos gêneros Candida, Cladosporium e Malassezia, que podem causar doenças em pessoas imunocomprometidas.

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No grupo das bactérias, foi identificado uma cepa da bactéria Micrococcus luteusresistente aos antibióticos comuns. Em outras palavras, uma superbactéria que “voa” no céu.

Para além do caso da superbactéria, a maioria das bactérias ainda era viável e, após a captura, se desenvolveu em colônias dentro de placas de Petri, no laboratório.

Risco para saúde humana?

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Os agentes infecciosos encontrados na atmosfera ainda estavam “vivos”, o que levanta a hipótese de que podem transmitir doenças aos humanos e aos animais após longas viagens aéreas. Entretanto, nenhum achado comprovou, até o momento, a relação causal entre a presença desses patógenos e os efeitos na saúde.

Fonte: PNAS, ISGlobal