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De onde vem o espirro? Cientistas descobrem que não é do nariz

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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wayhomestudio/Freepik
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Várias coisas podem desencadear um espirro, seja uma coceira no nariz, o cheiro de algum perfume ou ainda um patógeno. Mas você já parou para pensar no que realmente acontece no organismo na hora de soltar um espirro? Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, conduziram um estudo sobre o assunto e trouxeram algumas respostas interessantes.

Qin Liu, professor de anestesiologia e pesquisador sênior do estudo, diz que o entendimento do que nos faz espirrar, levando em consideração a resposta a alérgenos e vírus, pode resultar na criação de tratamentos que desacelerem a propagação de doenças respiratórias e infecciosas através dos espirros.

Liu disse que a motivação para o estudo veio do fato de que muitas pessoas sofrem com espirros constantes como consequência de alergias sazonais e infecções virais. "Nosso objetivo é entender como os neurônios se comportam em resposta às alergias e infecções virais, incluindo como isso contribui para espirros, coceira nos olhos, entre outros sintomas", diz o cientista. 

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O que provoca o espirro?

De acordo com o estudo, existe uma ligação entre as células nervosas e outros sistemas que podem auxiliar no desenvolvimento de tratamentos para os espirros e também para combater as doenças respiratórias infecciosas. Há cerca de 20 anos, cientistas identificaram uma região de "evocação" de espirros no sistema nervoso central, mas pouco se sabia sobre o reflexo do espirro em nível celular e molecular.

Então, no novo estudo, a equipe de pesquisadores de Liu usou ratos para tentar identificar quais células nervosas enviavam os sinais que faziam os animais espirrarem. Os animais foram expostos a gotículas de aerossol com histamina ou capsaicina, compostos feitos a partir da pimenta. As duas substâncias fizeram com que os ratos espirrassem, assim como os humanos.

Os pesquisadores também examinaram as células nervosas que já são conhecidas por reagirem à capsaicina, sendo possível identificar uma classe de pequenos neurônios conectados aos espirros que são provocados pela substância. Na sequência, a equipe buscou por neuropeptídeos que podem transmitir sinais de espirro para essas células nervosas. Então, eles descobriram que a molécula neuromedina B (NMB) era necessária para a reação do espirro.

Ao eliminar os neurônios sensíveis a essa molécula no sistema nervoso, o reflexo de espirro foi bloqueado. Todos esses neurônios, segundo o estudo, possuem receptores para a neuromedina B. Nos ratos que não tinham esse receptor, os espirros também foram reduzidos.

Liu disse que nenhum dos neurônios que causam espirros estavam alojados em regiões do tronco cerebral que são conectadas à respiração. "Descobrimos que as células que provocam os espirros estão em uma região do cérebro diferente da que controla a respiração, mas também descobrimos, ainda, que as células dessas duas regiões estavam diretamente conectadas através de seus axônios, que são o prolongamento das células nervosas", explica o cientista.

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Além disso, a descoberta dos cientistas mostrou que é possível estimular o reflexo do espirro quando parte do cérebro do rato foi exposta ao peptídeo NMB. Com isso, os ratos começaram a espirrar mesmo sem ser expostos à capsaicina, histamina ou outros tipos de substâncias alérgenas. Segundo Liu, como muitas doenças e vírus são propagados a partir de partículas de aerossol, pode ser possível limitar a disseminação focando no NMB e nos receptores aos quais essas proteínas se ligam.

Fonte: Universidade de Washington em St. Louis