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Estas são as próximas doenças que podem se tornar alvo de novas vacinas de mRNA

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Rthanuthattaphong/Envato Elements
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Com a pandemia da covid-19, a emergência por novas soluções e alguns bilhões de reais investidos, cientistas aperfeiçoaram a tecnologia de vacinas de mRNA (RNA mensageiro) e desenvolveram os primeiros imunizantes — seguros e eficazes — com a técnica. São os casos da vacina ComiRNAty (Pfizer/BioNTech) e da fórmula da Moderna.

Antes do coronavírus SARS-CoV-2 se espalhar pelo globo, a tecnologia emergente era vista com ceticismo e o número de investimentos nos estudos que adotavam a tecnologia eram bastante inferiores. Hoje, a situação é oposta, e empresas de biotecnologia e grandes farmacêuticas miram em outros possíveis alvos dos imunizantes de mRNA, como o câncer, a gripe, o HIV e a malária.

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Em comum, estes potenciais imunizantes devem trabalhar de forma similar. Os compostos carregam uma molécula de mRNA sintético, que ensina as células do organismo a produzirem determinadas proteínas. Estas proteínas serão identificadas pelo sistema imunológico e, através delas, o corpo a aprende a reconhecer partes de possíveis inimigos, como proteína S (Spike) da membrana do coronavírus. Após o reconhecimento, o invasor poderá ser destruído antes que a infecção se instale.

Em tese, o mRNA pode gerar a produção de qualquer proteína que os cientistas querem que o sistema imunológico aprenda a reconhecer e destruir. A partir dessa ideia, outras pesquisas com esta tecnologia ganham forma ou são iniciadas.

A seguir, confira 4 projetos para novas vacinas de mRNA em desenvolvimento:

Fórmula contra o câncer

No mercado, existem vacinas protetoras contra o HPV (Vírus do papiloma humano) — infecção relacionada com o câncer do colo do útero. Essas fórmulas disponíveis já evitam milhares de novos casos de câncer por ano, no entanto, os cientistas querem ir além e desenvolver um imunizante de mRNA que age diretamente contra diferentes tipos de câncer. Hoje, soluções do tipo não existem.

A própria empresa de biotecnologia alemã BioNTech já trabalha em pesquisas contra o câncer. Em junho deste ano, o laboratório começou, oficialmente, a testar uma vacina experimental, a BNT111, contra um tipo de câncer de pele, o melanoma, em estudos clínicos de Fase 2. Os testes em humanos acontecem em diferentes países do globo.

Na Duke University, nos Estados Unidos, o professor Herbert Kim Lyerly planeja testar uma vacina de mRNA em pacientes com câncer de mama em estágio avançado em 2022. Quando chega ao estágio avançado, a maioria dos tumores evolui para um ponto onde os tratamentos disponíveis não geram mais os resultados esperados.

Vacina contra HIV

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“Estamos entrando na quinta década de uma pandemia global de HIV”, lembra Derek Cain, do Human Vaccine Institute da Duke University. No entanto, até agora, nenhuma vacina contra o vírus da Aids foi desenvolvida, mesmo que inúmeros estudos estejam em andamento, inclusive no Brasil.

Aproveitando a tecnologia de mRNA, a equipe do pesquisador Cain trabalha em uma fórmula inédita contra o vírus. “Certamente, pensamos que uma vacina contra o HIV será, de longe, a mais complicada que já buscamos disponibilizar para a população”, explica Cain. “Não esperamos que funcione 100% ou 90% como as vacinas da covid-19, mas, se pudermos chegar a 50%-60%, isso seria um sucesso; 70% seria incrível”, complementa.

Vacina contra a Malária

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Em outubro, a OMS aprovou a primeira vacina contra a malária, a RTS,S. O imunizante atualmente disponível não usa a tecnologia de mRNA, mas outras pesquisas contra o parasita Plasmodium querem usá-la. É o caso do estudo desenvolvido pelo professor Richard Bucala, da Yale School of Medicine, nos EUA.

Em 2012, a equipe de Bucala descobriu que a malária induzia a uma “amnésia do sistema imunológico”, o que impede que a memória imunológica seja desenvolvida após a infecção. Em consequência disso, uma pessoa pode se infectar mais de uma vez. Para os pesquisadores, isso acorre por causa da proteína PMIF, que mata as células T de memória, relacionadas a essa doença.

Dessa forma, o foco da pesquisa é uma vacina de mRNA que imunizaria contra a proteína PMIF. Em estudos com animais, a equipe já observou que o bloqueio desta proteína permite que o sistema imunológico combate melhor a malária, resultando em doenças mais brandas e, principalmente, imunidade futura.

Fórmula contra a gripe

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Outro importante campo de pesquisa iniciado com a tecnologia do mRNA é o das vacinas contra a gripe (influenza). Desde julho, a Moderna desenvolve um estudo clínico para avaliar a eficácia de um potencial imunizante tetravalente — que age contra 4 diferentes tipos de gripe. A expectativa é que a nova abordagem turbine o caráter protetor dos imunizantes deste tipo.

A maioria das vacinas disponíveis tem uma eficácia de 40% a 60% contra a doença e precisam de reforços anuais, já que a proteção é limitada pelas novas mutações do vírus. Com a tecnologia de mRNA, a expectativa da Moderna é atingir níveis superiores de proteção. No caso da covid-19, a empresa alcançou uma taxa de 90% de eficácia, por exemplo.

Vale lembrar que a gripe é um sério desafio para a saúde pública global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de três a cinco milhões de casos graves de influenza acontecem todos os anos no mundo, causando entre 290 a 650 mil óbitos em decorrência da infecção viral.

Fonte: The Guardian