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Covid: por que algumas pessoas são extremamente resistentes e não se infectaram?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Junho de 2022 às 17h25

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  Abdelrahman_El-masry/Envato
Abdelrahman_El-masry/Envato

Desde o começo da pandemia, um seleto grupo de pessoas tem resistido contra a infecção do coronavírus SARS-CoV-2 e, até agora, não adoeceu. Entre os fatores, estão as medidas de proteção, como as máscaras, o distanciamento social e as vacinas. No entanto, a ciência também estuda características genéticas que podem tornar os indivíduos extremamente resistentes.

Entender o que faz algumas pessoas se tornarem superimunes pode ser um marco para o nosso entendimento sobre o vírus da covid-19. Afinal, este conhecimento pode levar ao desenvolvimento de novas medicações ou ainda ao aperfeiçoamento das vacinas já existentes. Em tese, pode salvar centenas de milhares de vidas.

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No momento, a ciência avalia o impacto de diferentes fatores, como as células Natural Killer (NK), o tipo sanguíneo, variações nos receptores e ainda a quantidade de hormônios no sangue. A seguir, confira o que já foi descoberto sobre a maior resistência contra a covid-19:

Forte respostas imunológica

Publicado na revista científica Frontiers in Immunology,um estudo brasileiro analisou amostras de sangue de casais, em que apenas um paceiro contraiu a covid-19. A descoberta da pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) foi que as pessoas mais resistentes têm uma concentração maior de genes que contribuem para a ativação de um tipo determinado de glóbulo branco (leucócitos), as células Natural Killer.

Em outras palavras, a resposta imunológica, na linha de frente, é mais potente e forte nesses indivíduos. Com isso, o vírus da covid nem sempre consegue se instalar no organismo da pessoa, mesmo que ela entre em contato através de seu parceiro.

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Aqui, vale observar que as NK são parte do sistema imune inato, ou seja, não dependem de experiência anterior para atacar agentes infecciosos, como o coronavírus SARS-CoV-2. O curioso é que, em crianças, essas células são naturalmente mais concentradas e isso ajuda a explicar o porquê da maioria dos casos não evoluir para formas graves.

Tipo sanguíneo

Outro fator que parece conferir proteção extra contra a covid-19 é o tipo sanguíneo da pessoa infectada, segundo levantamento feito em parceria com o Hemocentro com o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP), da USP. A equipe de pesquisadores descobriu que pessoas com o tipo sanguíneo A são as mais prováveis a desenvolver formas graves da covid-19. Este risco é 2,5 vezes maior quando comparado com pessoas que são tipo O.

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Alteração no receptor ACE2

Alguns indivíduos também têm mutações naturais em suas células que impedem ou dificultam a entrada do vírus da covid-19.

Para entender como isso é possível, é necessário explicar que o agente infeccioso usa a proteína S (Spike) para chegar até o receptor ACE2 — a sigla pode ser traduzida por Enzima Conversora de Angiotensina 2 —, expresso pela maioria das células humanas. O contato e o encaixe entre o ACE2 e a proteína S permite a infecção das células saudáveis.

No entanto, indivíduos "sortudos" apresentam tipos raros de ACE2 e, com isso, a proteína S não consegue encaixar tão bem, o que limita o sucesso da infecção. Por mais estranho que possa parecer, o mecanismo atípico já é conhecido para a ciência em algumas doenças. Este é o caso de quem tem um polimorfismo genético raro para a proteína CCR5 e, dessa forma, é imune à infecção pelo HIV.

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O poder do estrogênio

Pode parecer curioso, mas mulheres tendem a desenvolver menos casos graves da covid-19 que os homens. Inclusive, a situação se repete em outras infecções virais, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS). Para uma equipe de pesquisadores da Suécia e da Finlândia, a resposta pode estar na concentração do hormônio estrogênio.

Publicado na revista científica British Medical Journal (BMJ), o estudo descobriu que mulheres — após a menopausa e que não fazem reposição hormonal — têm maior risco de desenvolver formas graves da infecção que aqueles que realizavam a reposição. Para ser mais preciso, o risco de morte foi 53% menor entre as mulheres que realizavam reposição.

Apesar dos dois anos de pandemia e das muitas descobertas — como as já listadas —, os motivos que provocam a resistência natural ao coronavírus ainda são, em partes, misteriosos. É provável que o tema ainda seja alvo de inúmeros estudos pelos próximos anos até que se chegue a consensos médicos e científicos.

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Com informações: O Globo