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Covid-19: porque as pessoas pegam a doença de novo?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Abril de 2022 às 16h20

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 Polina Tankilevitch / Pexels
Polina Tankilevitch / Pexels

Muito provavelmente, você conhece alguém que já teve a covid-19 mais de uma vez. Ainda no campo das hipóteses, possivelmente, a segunda infecção do indivíduo conhecido ocorreu nos últimos meses, quando a onda da variante Ômicron (BA.1) ou da subvariante BA.2 tomou conta de todo o globo. Infelizmente, o quadro é normal e a tendência é que novas reinfecções se tornem cada vez mais comuns.

Para explicar a questão das reinfecções da covid-19, é necessário refletir sobre as três seguintes questões: a imunidade do corpo contra uma doença nem sempre dura para sempre; o vírus está em constante mutação; e as doses de reforço das vacinas ainda são necessárias.

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Imunidade limitada do organismo

"O coronavírus quase sempre entra no corpo humano pelo nariz ou pela garganta. A imunidade nos revestimentos da mucosa nessas áreas tende a ser relativamente curta em comparação com a imunidade sistêmica em todo o corpo", afirma Paul Hunter, consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS) e professor de medicina na University of East Anglia, no Reino Unido, em artigo para o site The Conversation.

Para Hunter, a duração mais curta da imunidade das mucosas "pode explicar o motivo de a proteção contra doenças graves, geralmente enraizadas nos pulmões, durar mais do que a proteção contra infecções leves".

Por isso, alguns estudos tentam viabilizar uma vacina que seja aplicada como um spray nasal. Para ser mais específico, pesquisadores da Universidade de Hong Kong testam uma fórmula que imunize para a covid e para a gripe (influenza). Testes já foram feitos em modelo animal.

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Mutações da Ômicron

Além da perda de potência da imunidade anteriormente adquirida, um fator que aumenta o risco de reinfecção são as mutações do vírus. Quando alguma estrutura é modificada, eventualmente, os anticorpos do organismo podem ter maior dificuldade em identificar o agente infeccioso. Além disso, a mutação pode ser positiva e tornar o vírus mais transmissível, como aconteceu com a variante Ômicron.

Tanto a Ômicron original (BA.1) quanto a subvariante BA.2 são conhecidas como as duas cepas mais transmissíveis, até agora descobertas, do vírus da covid-19. Na comparação, a BA.2 se saí ainda melhor que a outra na hora de invadir as células saudáveis, segundo a Organização Mundial da Saúde. "Dados iniciais sugerem que a BA.2 parece inerentemente mais transmissível que a BA.1", aponta.

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Reinfecção da nova variante

Obter dados sobre o número de reinfecções da covid-19 não é algo fácil. No caso brasileiro, não existem indicadores nacionais que revelem esta condição. Apesar disso, outros países já anunciaram, através de grandes bases de dados, que a reinfecção é mais comum do que se imagina e o cenário se acentuou — e muito — com a chegada da Ômicron.

Um levantamento britânico aponta que, até o dia 6 de fevereiro de 2022, o sistema de saúde local contabilizava mais de 14,5 milhões de infecções primárias e cerca de 620 mil reinfecções apenas na Inglaterra. A partir desses dados, é possível estimar que ocorre uma reinfecção para cada 24 infecções primárias. O curioso dos dados é que mais de 50% de todas as reinfecções foram contabilizadas a partir de dezembro de 2021, quando a variante Ômicron já se estabelecia no país.

Em paralelo, um estudo da Imperial College London descobriu que Ômicron tem 5,4 vezes mais chances de causar reinfecção. Por causa dessas evidências, é consenso o entendimento de que as mutações na proteína Spike (S) da nova variante facilitem os novos casos.

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Reforço das vacinas

Um terceiro fator que deve ser somado na equação que explica as reinfecções da covid-19 é a redução natural da eficácia das vacinas com o passar dos meses. Por causa disso, autoridades de saúde de todo o mundo recomendam doses de reforço e, mais recentemente, a quarta dose da vacina começa a ser liberada.

Nos Estados Unidos, o novo reforço é recomendado para todas as pessoas com mais de 50 anos. No Brasil, o Ministério da Saúde orienta a aplicação da dose extra em idosos com mais de 80 anos e alguns estados já imunizam quem tem 60 anos ou mais.

“As evidências atuais sugerem algum declínio da proteção ao longo do tempo contra formas graves da covid-19 em indivíduos mais velhos e imunocomprometidos", explicou Peter Marks, na terça-feira (29), em comunicado. Marks é diretor do Centro de Avaliação e Pesquisa Biológica de um outro órgão de saúde dos EUA, a agência Food and Drug Administration (FDA).

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Diante dessas evidências, é possível acreditar que, nos próximos anos, as pessoas devem receber reforços anuais contra a covid-19, como ocorre com os imunizantes da gripe. A questão é entender se as fórmulas serão adaptadas anualmente ou seguirão iguais. Possivelmente, irão considerar as cepas de maior circulação e ajudarão a espécie humana a conviver com mais este vírus.

Fonte: BBC The Conversation