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Covid-19 causa a mesma inflamação no cérebro que Parkinson e Alzheimer

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Novembro de 2022 às 09h15

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kjpargeter/Freepik
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Pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, descobriram que o vírus causador da covid-19 ativa o mesmo processo inflamatório no cérebro que doenças relacionadas à demência, como Parkinson, Alzheimer e outras. Isso representa um potencial de risco maior para a ocorrência de desordens neurodegenerativas em pessoas que tiveram covid-19, mas também pode ajudar a encontrar tratamentos possíveis no futuro.

Impacto da covid-19 no cérebro

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Para chegar à descoberta, os cientistas estudaram o impacto do SARS-CoV-2 nas células imunes do cérebro: mais especificamente, nas micróglias, envolvidas na progressão de condições relacionadas à demência. Elas foram cultivadas em laboratório e infectadas com o patógeno, ficando "irritadas" — basicamente, foram ativados os mesmos caminhos que as proteínas do Parkinson e do Alzheimer o fazem quando afetam os pacientes. Essas proteínas são os inflamassomas.

Essas ativações proteicas levam à morte de células neuronais do cérebro, de maneira crônica e prolongada, podendo gerar sintomas neurológicos. É um assassino silencioso, dizem os cientistas, já que não podem ser vistos quaisquer sintomas por muitos anos. Isso pode explicar a vulnerabilidade a sintomas neurológicos que alguns pacientes de covid-19 experimentaram, similares aos causados pelo Mal de Parkinson.

O que chamamos, atualmente, de covid longa, envolve um aspecto neurológico da doença, que gera a névoa mental, dificuldades no olfato e paladar, problemas de humor e de sono e fadiga persistente, presente muito após a infecção pelo vírus. A interação do SARS-CoV-2 com a micróglia pode ativar a resposta dos inflamassomas NLRP3, no cérebro: alguém pré-disposto a ter doenças degenerativas acaba tendo mais lenha jogada na fogueira, basicamente.

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Tratamentos potenciais

Os cientistas ainda testaram a atuação de drogas inibidoras de resposta inflamatória no cérebro, para descobrir se podiam parar os efeitos causados pela covid-19 no órgão. Tanto em ratos infectados quanto em micróglia humana cultivada em laboratório, os medicamentos foram bem-sucedidos, o que dá margem para novas abordagens em prevenção neurodegenerativa no futuro.

Além das possibilidades de mitigar o efeito do vírus no cérebro, a descoberta pode ajudar no tratamento de doenças relacionadas à demência e seus efeitos cerebrais da mesma forma: apesar das preocupações geradas ao descobrir que as condições causam o mesmo efeito neurodegenerativo, há esperança de que esse novo caminho possibilite, com pesquisas mais profundas, um tratamento eficiente e preventivo para ambas.

Fonte: Molecular Psychiatry