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Como o Ozempic age no organismo, riscos e falsificações

Por| Editado por Luciana Zaramela | 04 de Fevereiro de 2024 às 20h00

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Chemist4U/CC-BY-S.A-2.0
Chemist4U/CC-BY-S.A-2.0

Você já deve ter ouvido falar ou conhece bem a semaglutida, certo? Remédios como Ozempic e Wegovy, cujo objetivo é o tratamento do diabetes tipo 2, ficaram famosos no mundo todo pelo seu potencial off label, isto é, sem indicação na bula. Eles são conhecidos como canetas emagrecedoras, e até já estiveram em falta no mercado, devido à alta procura por parte de quem deseja perder alguns quilos. Tal demanda é preocupante, pois há riscos na automedicação.

Na última segunda-feira (29), a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta acerca da escassez de tais medicamentos e da presença de falsificações, identificando lotes falsos e adicionando uma nova identificação ocorrida no Brasil. Com base em informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), alertou-se sobre o lote MP5A064, com prazo de validade para outubro de 2025 e embalagem no idioma espanhol.

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Em 2023, a Anvisa também identificou, com ajuda da empresa Novo Nordisk, que produz Ozempic, outros dois lotes falsos, o MP5C960 e o LP6F832. Para compreender melhor a situação, convém entender a ação da semaglutida, o que o seu uso sem o acompanhamento de profissionais pode causar e o que sua escassez tem gerado no país.

Como funciona o Ozempic?

O Ozempic é um remédio da classe dos agonistas do receptor do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1). Isso quer dizer que ele simula, através da semaglutida, o hormônio produzido no intestino para regular a glicemia — nível de açúcar no sangue — e, portanto, a saciedade. O sistema nervoso central retarda o esvaziamento gástrico, como se o paciente ficasse mais tempo com o alimento no estômago, diminuindo a fome e o consumo de alimento, emagrecendo naturalmente.

A questão é que o Ozempic ainda não foi aprovado, oficialmente, para uso no tratamento de obesidade e emagrecimento, apenas no de diabetes tipo 2. No entanto, médicos podem prescrever o uso off-label.

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A Wegovy, que também usa semaglutida em caneta como princípio ativo, já foi liberada pela Anvisa para uso no tratamento da obesidade, mas o medicamento ainda não chegou ao Brasil. Outra versão, desta vez oral, é a do remédio Rybelsus, à venda no país também apenas para tratamento de diabetes tipo 2.

Efeitos adversos do Ozempic

Com alguns pacientes fazendo uso da semaglutida, especialmente do Ozempic, sem indicação clínica ou acompanhamento médico, efeitos indesejados podem acabar surgindo. Eduardo Rauen, médico do esporte e nutrólogo, lembra que o medicamento pode servir como alternativa válida no auxílio ao emagrecimento, mas apenas sob orientação de especialista.

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Um dos problemas possíveis citados pelo médico quando da automedicação é a progressão inadequada da dose, que eleva o risco de efeitos adversos mais severos. Efeitos colaterais já esperados também podem se intensificar, e o indivíduo pode acabar sofrendo do efeito rebote e ter complicações de saúde mais sérias. Entre os efeitos colaterais comuns, estão:

  • Diarreia ou bloqueio intestinal;
  • Náuseas (com vômitos ou não);
  • Gases e dores abdominais em consequência;
  • Fadiga e tontura (pela pouca alimentação);
  • Flacidez e "rosto de Ozempic".

Além disso, reações mais incomuns podem ser alergias, pulso acelerado, depressão, cálculos biliares, depressão, lesão dos vasos sanguíneos da retina (retinopatia diabética) e problemas nos rins. Como o sucesso do tratamento também depende de mudanças de hábito, como reeducação alimentar, prática de exercícios, melhora da qualidade do sono e controle do estresse, o uso sem acompanhamento pode acabar nem funcionando — ou acabar causando desnutrição

Rauen ainda reitera a importância de se consultar um médico:

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Antes de começar um tratamento com qualquer medicamento, é essencial falar com um especialista. O Ozempic pode ser uma alternativa para auxiliar o emagrecimento em casos específicos, mas é fundamental ter um time de especialistas avaliando cada caso individualmente. A progressão inadequada da dose é um dos principais problemas ao fazer o uso do medicamento por conta própria. Esse erro pode resultar em efeitos colaterais indesejados, como enjoos, vômitos, desidratação e até perda de massa muscular. A automedicação, muitas vezes motivada pela pressa em atingir metas de perda de peso, pode ter consequências graves para a saúde.

Ozempic falsificado

Com a escassez reportada de semaglutida no Brasil, versões falsificadas — como as que mimetizam a substância ou mesmo sejam vendidas com outro princípio ativo — surgem, vendidas por redes sociais ou outros meios não regulamentados, segundo a OMS. A organização lembra que os produtos podem estar sendo produzidos em local mal higienizado, por pessoas sem qualificação e suscetível a contaminações bacterianas.

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A OMS orienta aos pacientes que só comprem medicações de fornecedores autorizados e regulamentados, como farmácias, descartando meios alternativos. Foi proibida pela Anvisa, por exemplo, a venda de lotes de Ozempic e outros produtos da marca MANUAL após verificar-se serem produzidos por empresa desconhecida.

Aos profissionais de saúde, a OMS indicou o cumprimento de boas práticas de prescrição, já que pacientes de diabetes tipo 2 têm sido afetados desproporcionalmente pela escassez dos medicamentos.

Fonte: Agência BrasilAssociação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica