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Cientistas causam Alzheimer em ratos ao transferir microbioma de doentes

Por| Editado por Luciana Zaramela | 20 de Outubro de 2023 às 12h44

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LightFieldStudios/Envato
LightFieldStudios/Envato

Cientistas descobriram, finalmente, o papel do microbiota intestinal no mal de Alzheimer — ele pode, sim, causar alguns dos sintomas da doença. Isso foi descoberto através de transplantes de amostras de fezes de pacientes com a patologia para ratos saudáveis, em laboratório, notando que os animais passavam a ter os mesmos sintomas, como perda de memória e declínio cognitivo.

Segundo os cientistas, pessoas com Alzheimer costumam ser diagnosticadas apenas quando os sintomas cognitivos já são aparentes, o que pode ser tarde demais para as terapias atualmente utilizadas. Entender o papel do microbioma intestinal na fase prodromal, ou seja, início da demência, antes dos sintomas mais graves aparecerem, pode gerar tratamentos melhores e até intervenção individual.

Microbioma intestinal e o Alzheimer

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Pesquisadores já haviam apontado que mudanças na microbiota do intestino podiam ser um fator de risco para o Alzheimer, mas ainda não se sabia a ligação exata entre esses elementos. Para testar melhor a associação, foram estudados 69 pacientes da doença e 64 saudáveis, que doaram amostras de sangue e de fezes.

A microbiota intestinal dos pacientes de Alzheimer foi transplantada para 16 ratos no início da vida adulta, cujos microbiomas foram enfraquecidos com antibióticos por uma semana. Outro grupo de 16 ratos recebeu o microbioma dos pacientes saudáveis. Após 10 dias do transplante, os ratos passaram por testes de comportamento para verificar a performance de sua memória e outros aspectos ligados à patologia cerebral em questão.

Os roedores com microbiota afetada pela doença mostraram ter debilidade na memória, especialmente os que dependem de um processo chamado neurogênese hipocampal adulta — ele é responsável por criar novos neurônios no hipocampo, parte do cérebro importante para memória e humor, uma das primeiras áreas a sofrer com o Alzheimer.

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Verificou-se que os ratos passaram a produzir menos células nervosas após o transplante, o que aconteceu de forma mais severa quando os humanos que “doaram” a microbiota tinham notas menores em testes cognitivos também.

Também foram notadas mudanças no metaboloma hipocampal dos ratos, ou seja, a coleção de metabólitos como aminoácidos e enzimas envolvida na manutenção, crescimento e funções normais de células. Essas mudanças também podem contribuir para um menor crescimento de novos neurônios no hipocampo.

Não conseguimos medir a neurogênese hipocampal em humanos vivos com facilidade, mas, em células-tronco cultivadas em laboratório, o sangue de pacientes de Alzheimer teve impacto no processo, assim como nos roedores. Em questão de bactérias intestinais, as do gênero Coprococcus estavam bastante reduzidas nos pacientes da doença, sendo que são associadas ao envelhecimento saudável.

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Também havia muito mais bactérias do gênero Desulfovibrio nesses participantes, estas que também aparecem mais em animais com Alzheimer e mal de Parkinson. O plano dos cientistas, agora, é descobrir outros aspectos que possam influenciar o microbioma intestinal, como estado de saúde, estilo de vida e histórico medicamentoso.

Fonte: Brain, King's College London