Publicidade

Bactérias do intestino afetam o cérebro, mas também podem combater o Alzheimer

Por| Editado por Luciana Zaramela | 13 de Janeiro de 2023 às 12h45

Link copiado!

iLexx/Envato
iLexx/Envato

Em alguns casos, as bactérias podem representar graves riscos à saúde humana, como as superbactérias, mas estes seres também podem viver em sintonia e completa dependência com o organismo, especialmente no intestino. Por exemplo, auxiliam na produção de vitaminas, atuam na digestão de alimentos e regulam o sistema imune. Agora, cientistas descobriram que as bactérias também pode estar relacionadas com complicações no cérebro, só que, potencialmente, também podem retardar o Alzheimer.

Para entender como as bactérias do intestino afetam o cérebro, pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, realizaram experimentos com roedores editados geneticamente, o que fez com que as cobaias tivessem maior propensão a desenvolver Alzheimer. O estudo completo foi publicado na revista Science.

Estuda avalia o impacto das bactérias do intestino no corpo e no cérebro

Continua após a publicidade

“Demos antibióticos a camundongos jovens por apenas uma semana e observamos mudanças permanentes em seus microbiomas intestinais, nas suas respostas imunes e na quantidade de neurodegeneração relacionada à proteína tau [um dos principais biomarcadores do declínio cognitivo associado ao Alzheimer]", explica David M. Holtzman, um dos autores do estudo e professor de neurologia, em comunicado.

Basicamente, os cientistas demonstraram que as bactérias intestinais — através da produção de determinados compostos, como os ácidos graxos de cadeia curta — afetam o comportamento das células imunológicas em todo o corpo, incluindo o cérebro. Dependendo das circunstâncias, podem danificar o tecido cerebral, acelerando a neurodegeneração em pacientes com tendência ao Alzheimer.

Novos tratamentos contra o Alzheimer

Continua após a publicidade

Se em alguns casos as bactérias podem acelerar o surgimento do Alzheimer em roedores, os autores do estudo ponderam que elas também seriam capazes de retardar, dependendo das intervenções pelas quais o microbioma do intestino passam. Isso poderia ser replicado em humanos no futuro, caso se demonstre promissor.

Em tese, "terapias que alteram os micróbios intestinais podem afetar o início ou a progressão de distúrbios neurodegenerativos”, pontua Linda McGavern, diretora do Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Derrame (Ninds), dos EUA.

Para isso, médicos poderiam receitar determinados antibióticos, probióticos ou ainda dietas personalizadas visando melhorar a imunidade geral do corpo. No entanto, hoje, este é um campo especulativo e inúmeros estudos ainda são necessários para obtermos tratamentos eficazes, baseados no microbioma, para o Alzheimer.

Fonte: Science e Universidade de Washington