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Células do câncer se autodestroem com nova terapia genética em camundongos

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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National Cancer Institute/Unsplash
National Cancer Institute/Unsplash

Pesquisadores conseguiram, através da edição de moléculas, desenvolver um método contra o câncer que força suas células a se autodestruir, usando justamente a habilidade da doença de se replicar indefinidamente. O truque é obra de pesquisadores da Universidade de Stanford em colaboração com uma companhia de terapia genética chamada Shenandoah Therapeutics, que realizaram experimentos em camundongos e publicaram os achados na revista científica Nature na última quarta-feira (26).

Embora promissora, a nova técnica de combate ao câncer ainda está longe de ser utilizada em humanos. O procedimento se mostrou eficaz em experimentos de laboratório, e, segundo estimativas, poderá ser aplicado em metade de todos os cânceres conhecidos pela ciência.

Como reprogramar células do câncer?

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Para modificar as células da doença, os cientistas construíram moléculas (chamadas TCIP1) no formato de halteres que se ligam a duas proteínas. Uma delas é chamada de BCL6, e permite que as células do câncer sobrevivam e cresçam, podendo se dividir sem se preocupar com o mecanismo de autodestruição do corpo que normalmente as mataria. A outra proteína é a BRD4, que age como uma espécie de interruptor para os genes ao seu redor.

O contato entre as proteínas faz com que as células do câncer tenham os genes reativados, mais especificamente a parte do DNA que deveria limpar as células antigas e defeituosas, evitando problemas como esse. Nos pacientes de câncer, é justamente a BCL6 que desliga o sistema de autodestruição. Os pesquisadores “hackearam” as células com a molécula TCIP1 para usar o mecanismo natural do corpo na destruição do câncer.

Como a iniciativa mira nas células cancerosas que já passaram por mutações, os cientistas acreditam que um tratamento baseado no novo método possa ser muito bem direcionado, não chegando a afetar as células saudáveis — realmente apenas matando o câncer e deixando o paciente incólume.

Até o momento, apenas camundongos receberam a terapia experimental em laboratório, animais nos quais a molécula híbrida funcionou com sucesso. Ainda assim, os pesquisadores afirmam que ainda não há um remédio feito a partir das moléculas, e que o caminho até obtê-lo será bastante longo.

Fonte: Nature