Câncer de ovário: cientistas desenvolvem tratamento que encolhe tumor
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
No tratamento do câncer de ovário, um novo coquetel de remédios se provou capaz de reduzir significativamente o tamanho dos tumores em quase metade das pacientes tratadas. A terapia que “encolhe” os tumores ainda está em fase de desenvolvimento, mas os resultados preliminares são altamente promissores, com a possibilidade de manter a doença sob controle por anos.
- Os tipos de câncer mais comuns em pessoas jovens
- Remédio reduz em 25% risco de reincidência de câncer de mama
O impacto do coquetel contra o câncer de ovário, composto pelos comprimidos de avutometinibe e defactinibe, foi apresentado no congresso anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), que vai até esta terça-feira (6), nos Estados Unidos. Por enquanto, o estudo de Fase 2 não foi publicado em nenhuma revista científica.
Mesmo que ainda haja um caminho a ser percorrido antes que a nova terapia oncológica chegue ao mercado, é importante lembrar que este tipo de câncer é bastante comum. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 7,3 mil novos diagnósticos de câncer de ovário por ano. Com isso, o risco estimado para o desenvolvimento do tumor é de 6,62 casos novos a cada 100 mil mulheres. Nesse cenário, uma combinação de remédios eficaz e segura pode ser muito benéfica, ainda mais de uso oral.
Testes do medicamento que reduz o tamanho do tumor
Liderado por pesquisadores do Institute of Cancer Research, na Inglaterra, o estudo de Fase 2 selecionou 29 pacientes com câncer de ovário avançado. Para ser mais específico, as recrutadas tinham carcinoma seroso de baixo grau, responsável por cerca de 10% dos cânceres de ovário e que costuma afetar em maior número as mulheres mais jovens.
Além disso, a maioria das pacientes não apresentava mais resposta aos tratamentos oncológicos convencionais, como quimioterapia e terapia hormonal. Para medir os efeitos dos remédios, as voluntárias foram divididas em grupos, sendo que uma parte recebeu o coquetel completo e a outra tomou apenas o avutometinibe.
Analisando os testes clínicos, os autores observaram que, em quase metade das pacientes que tomaram o coquetel (45%), os tumores nos ovários encolheram significativamente. Entre as pacientes com uma mutação específica no gene KRAS, a redução chegou a 60%.
Como funciona o remédio contra câncer de ovário?
No coquetel, cada remédio foca em um problema específico do câncer de ovário. O avutometinib bloqueia proteínas das células cancerígenas associadas com o crescimento e a dispersão da doença pelo organismo. Enquanto isso, o defactinibe combate uma proteína que estimula a resistência aos medicamentos, aumentando as chances de sucesso do tratamento.
Aqui, cabe observar que, no congresso oncológico norte-americano, outros promissores estudos no campo da oncologia já foram anunciados. É o caso do remédio capaz de reduzir em 25% risco de reincidência de câncer de mama. Além disso, outro medicamento foi associado com uma possibilidade 51% menor de morte em decorrência do câncer de pulmão.