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Café e cochilos não suprem a privação do sono

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Zohre Nemati/Unsplash
Zohre Nemati/Unsplash

Diversos estudos já deixaram clara a importância que uma boa noite de sono oferece para a saúde. Mas em casos de privação de sono — algo que pode trazer diversos problemas para a cognição — existe alguma forma de compensar, como café ou cochilos? A conclusão dos especialistas é que: não. O sono é basicamente insubstituível.

Uma equipe de pesquisadores decidiu colocar isso à prova ao pedir que algumas pessoas tirassem uma soneca de 30 ou 60 minutos durante um período de privação noturna entre quatro e seis horas. Na ocasião, os cientistas descobriram que os indivíduos que cochilaram não tiveram melhor desempenho em tarefas simples ou complexas do que aqueles que ficaram acordados a noite toda.

Isso quer dizer que uma soneca no meio da noite não traz benefícios perceptíveis para o desempenho cognitivo durante a manhã, após uma noite de privação geral de sono.

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Embora a cafeína possa ajudar uma pessoa a ficar acordada e a se sentir mais alerta, os autores do estudo também explicam que a bebida provavelmente não é capaz de ajudar em tarefas que exigem pensamentos complexos.

Assim, a conclusão é que, embora um cochilo curto possa fazer a pessoa se sentir melhor nas noites em que precisa ficar acordada, provavelmente não ajudará no seu desempenho. Os especialistas defendem, então, que dormir o suficiente é essencial para a mente e o cérebro, e simplesmente não há substituto para isso. Não há para onde fugir.

O café deixa a pessoa ainda mais cansada?

Anteriormente, já vimos que o café não dá mais energia, mas empresta — e o preço é pago em cansaço. Isso porque a cafeína trabalha, em nosso cérebro, interagindo com a adenosina, um composto que age na regulação do ciclo de sono.

A adenosina é a responsável por deixar a pessoa cansada após a realização de atividades, já que seus níveis sobem durante o dia. A adenosina se liga ao seu receptor, que informa à célula que é hora de diminuir o ritmo, causando sonolência e sensação de cansaço.

Então o estudo diz que ao ocupar o espaço, a cafeína impede a adenosina de se ligar, afastando o sono. Mas após acabar o período de ação da substância, a adenosina que estava esperando para ocupar esse espaço volta à ação.

Além disso, os cientistas alertam: é preciso ficar atento, porque quanto mais cafeína for ingerida, mais aumenta a tolerância do corpo, e o fígado passa a produzir mais proteínas que quebram a cafeína e o número de receptores de adenosina se multiplica no cérebro.

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Benefícios e malefícios dos cochilos

Quando falamos de cochilos, a ciência ainda se mostra bem indecisa: enquanto alguns estudos apontam benefícios, outros levantam alertas acerca de determinados riscos. Pesquisadores da University College London (UCL), por exemplo, afirmaram que a soneca durante o dia preserva a saúde do cérebro e evita doenças.

Na ocasião, os pesquisadores encontraram uma associação entre cochilos diurnos habituais e um maior volume cerebral total, o que pode sugerir que cochilar regularmente fornece alguma proteção contra a neurodegeneração.

Em 2021, outro estudo levantou que o cochilo rápido pode ajudar na criatividade, graças a uma técnica inventada por Salvador Dalí, que consiste em dormir com um objeto em mãos. Ao cair, esse objeto faz barulho e acorda a pessoa após um sono rápido.

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Por outro lado, é preciso ficar atento: dormir várias vezes longo do dia pode aumentar risco de Alzheimer. É claro que os malefícios dos cochilos não são nada perto dos perigos da privação do sono, com direito a mudanças no cérebro.

Fonte: The Conversation, CDC, SleepNYT,  Science Advances