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Brasil tem 17 vacinas contra COVID-19 em estudo, diz Ministério da Saúde

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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photocreo/Envato
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Na luta contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), cientistas e instituições de pesquisas brasileiras estão envolvidos em 17 projetos diferentes para o desenvolvimento de uma vacina eficaz e segura contra a COVID-19, de acordo com informações levantadas pelo Ministério da Saúde. Até o momento, apenas dois imunizantes solicitaram o início de testes em humanos.

Na última semana, ganharam destaque: a potencial vacina ButanVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, a partir de uma tecnologia do hospital Mount Sinai, de Nova Iorque; e a Versamune, criada em parceria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) com a farmacêutica brasileira Farmacore e a norte-americana PDS Biotechnology. Na sexta-feira (26), foi divulgado que ambos projetos solicitaram autorização de pesquisa em humanos para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

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No momento, todos os projetos nacionais de vacinas contra a COVID-19 estão em estágio pré-clínico, ou seja, realizam testes com a fórmula em animais ou ainda estão no estágio anterior, de pesquisas in vitro. Em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem 267 imunizantes contra a COVID-19 em fase de testes, sendo 83 fórmulas envolvendo voluntários humanos na pesquisa e outras 184 focadas ainda em modelos animais (fase pré-clínica).

Importância das vacinas nacionais contra a COVID-19

No momento, o Brasil depende de outros países para produzir vacinas contra o coronavírus. Essa dependência ocorre tanto para a produção da Covishield (vacina de Oxford/AstraZeneca) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) quanto para a CoronaVac pelo Instituto Butantan. Para os dois imunizantes, o país depende de importações do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), ou seja, da matéria-prima das vacinas. A partir desse material, as fábricas dos dois institutos envasam milhões de imunizantes contra a COVID-19, mas não possuem ainda a tecnologia para serem autossuficientes na produção.

No cenário brasileiro de combate à COVID-19, em que o país registra recordes de óbitos, a imunização é a principal aposta para o controle da crise sanitária e, por isso, vários acordos internacionais são fechados para garantir o acesso de doses para os brasileiros. Agora, para garantir a vacinação contra o agente infeccioso no futuro, o Brasil também aposta no desenvolvimento de vacinas próprias, pensando na campanha de imunização de 2022.

“O desenvolvimento de vacina nacional é uma estratégia extremamente importante. Tendo o completo controle da vacina, a gente pode adaptar isso de acordo com nossa tecnologia. Primeiro porque existem mutações do vírus. Segundo, porque fica mais barato, e terceiro, que o desenvolvimento dessas tecnologias vai apoiar não só a vacina da COVID-19, mas teremos a tecnologia para desenvolver rapidamente vacinas nacionais para outros vírus. Isso é estratégia de soberania nacional, e também permite vacinas para dengue, chikungunya e outras doenças”, comentou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, na última sexta (26).

A seguir, confira as principais vacinas contra a COVID-19 em desenvolvimento no Brasil:

Versamune

Desenvolvida em parceria com a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e com as farmacêuticas Farmacore e PDS Biotechnology, as pesquisas do imunizante contra a COVID-19 são lideradas pelo professor da USP, Célio Lopes. Para promover a imunização, a fórmula adota a tecnologia conhecida como proteína recombinante — utilizada também no imunizante da Novavax. Para a sua composição, foram cultivadas proteínas S (os spikes, ou espinhos da membrana celular) do coronavírus em laboratório. Em um segundo momento, essa proteína foi embalada em pacotes de nanopartículas do mesmo tamanho do agente infeccioso. Assim, quando o material entrar em contato com o organismo humano, é esperado que o sistema imunológico produza defesas contra o vírus, especificamente contra as espículas virais.

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ButanVac

Para imunizar contra o coronavírus, a ButanVac adota o vírus responsável pela Doença de Newcastle (DNC) — que não provoca sintomas em seres humanos, mas atinge aves — como vetor viral inativado. Vale explicar que essa tecnologia é aplicada quando um imunizante para o coronavírus adota um outro agente infeccioso para promover a imunização, como o agente infeccioso da DNC. Nesses casos, esse agente infeccioso diferente é editado em laboratório e partes do coronavírus são acrescentadas em seu material genético, como a proteína spike.

Para cultivar o vírus editado geneticamente, os pesquisadores adotam ovos embrionados — popularmente, chamados de ovos com pintinhos em desenvolvimento —, já que são uma alternativa rápida e barata. Após o cultivo do agente infeccioso nos ovos, o material é filtrado e apenas os vírus são selecionados para se tornarem a matéria-prima da vacina.

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Vacina nasal

Liderada pelo diretor do Centro de Tecnologia de Vacinas e professor de imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Ricardo Gazinelli, o Brasil busca o desenvolvimento de uma vacina nasal contra o coronavírus. No estudo, é desenvolvida uma vacina bivalente, baseada na plataforma da genética reversa do vírus influenza.

Em outras palavras, o imunizante adota um vírus não replicante — gerado em laboratório e editado geneticamente — que age infectando as células da mucosa nasal, onde expressa as proteínas do próprio vírus influenza e a proteína spike do coronavírus. Os testes em humanos devem ser iniciados ainda em 2021.

Vacina de vetor viral

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A partir da tecnologia do vetor viral, a Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP desenvolve um imunizante próprio contra o coronavírus. Liderada pelo médico veterinário e professor da FZEA, Heidge Fukumasu, a fórmula deve ser aplicada também em gatos, já que podem ser potencialmente contaminados pelo vírus da COVID-19. Vale comentar que o vetor viral adotado é o mesmo da ButanVac, ou seja, o vírus da Doença de Newcastle.

Vacina de subunidades e nanovacinas

A bióloga e pesquisadora Marianna Favaro, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, está envolvida em dois projetos de imunizantes contra a COVID-19. O primeiro estudo envolve a pesquisa de um imunizante que age a partir de subunidades, ou seja, é feito com fragmentos de proteínas do coronavírus. O outro projeto busca criar uma tecnologia onde o coronavírus é editado geneticamente e, dessa forma, passa a se comportar como uma nanopartícula. Nesse estágio, a nanopartícula pode mimetizar (simular) o comportamento viral e, assim, ensinar o sistema imunológico a se proteger.

Vacinas gênicas

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A microbiologista e pesquisadora do ICB da USP, Jamile Ramos da Silva, estuda a produção de vacinas a partir do mRNA (RNA mensageiro) e, agora, busca formas de conectar essa tecnologia para a imunização contra a COVID-19. A mesma estratégia é adotada pelos imunizantes da Pfizer/BioNTech e pela Moderna. Dentro do instituto brasileiro, outras pesquisas buscam estratégias a partir da mesma tecnologia, de forma colaborativa.

Fonte: Com informações:  G1 (1) e (2), ICBMinistério da Saúde, CNN e OMS