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Butantan anuncia vacina nacional contra COVID-19 e quer iniciar testes

Por| Editado por Luciana Zaramela | 26 de Março de 2021 às 10h35

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Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

O Butantan anunciou nesta sexta-feira (26) a criação da Butanvac, uma vacina contra o COVID-19 de fabricação totalmente nacional. Já nesta semana, o instituto solicitou à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a autorização para iniciar os testes do imunizante já em abril; caso as pesquisas recebam aval positivo, a ideia é começar a fabricação em maio e entregar 40 milhões de doses a partir de julho.

A opção nacional chega com a promessa de entregar uma resposta imune maior do que outras opções disponíveis no mercado, com direito, inclusive, à proteção contra a variante brasileira P1. Além disso, o Butantan afirma que a fabricação do imunizante é mais barata e rápida, já que utiliza o mesmo processo que a vacina contra a gripe, que já é aplicada há anos em grandes campanhas ao redor do Brasil.

Anunciada apenas agora, a Butanvac é resultado de um trabalho que aconteceu ao longo de todo o ano passado — o anúncio, inclusive, acontece no primeiro aniversário das pesquisas, que começaram em 26 de março de 2020. De acordo com Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, amostras do imunizante foram enviadas a outros países, que participaram da fase pré-clínica — os testes com animais na Índia, por exemplo, tiveram resultados citados como excelentes. Vietnã e Tailândia também participaram destes estudos.

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Os resultados, entretanto, não foram apresentados durante a coletiva de imprensa que anunciou o imunizante, mas o governo de São Paulo disse que vai compartilhar os dados com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Anvisa. Segundo Covas, a expectativa é que a agência entenda a urgência no início da produção em massa destes imunizantes e autorize a solicitação para início dos testes clínicos com celeridade — as doses da Butanvac, ainda que estejam prontas a partir de maio, só podem ser aplicadas após avaliação positiva do órgão.

De acordo com o cronograma do Butantan, a ideia é realizar os testes de fase 1 e 2 da vacina assim que sair o aval da Anvisa. Nas primeiras etapas, serão 1.800 voluntários, de forma a entender a segurança do imunizante e avaliar sua resposta imune. Na sequência, a Butanvac segue para a terceira etapa, com até nove mil pessoas e voltada para estipular a eficácia da vacina no combate ao novo coronavírus.

Fórmula com base em vetor viral

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A Butanvac carrega em sua fórmula um vírus editado para carregar a proteína spike do coronavírus, que forma o elo entre o patógeno e a célula humana. Este vírus é o causador da Doença de Newcastle, que não provoca efeitos indesejados em humanos, e daí o nome "vetor": ele carrega a proteína-chave do coronavírus, sem de fato causar COVID-19, mas demandando que o organismo crie anticorpos contra aquele invasor. Assim, a fórmula consegue ser ao mesmo tempo barata, eficiente e segura. 

Outras vacinas que utilizam vetores virais são a da Janssen (braço da Johnson & Johnson) e a de Oxford/AstraZeneca, a Covishield. A diferença é que o Butantan aplicou uma tecnologia totalmente nacional e que já domina bem, utilizada em sua vacina da gripe comum: a de ovos embrionados. A técnica consiste do uso de ovos de galinha, com embriões de pintinhos em fase inicial de desenvolvimento. Os embriões funcionam como meios de cultura para que o vetor viral consiga se replicar.

Fabricação paralela

A ideia do Butantan é que a vacina nacional atenda não apenas ao nosso país, mas também seja fornecida a nações de baixa renda, nas quais um imunizante de valor mais baixo e resposta imune alta é bastante necessário. O Instituto é parte de um consórcio internacional de fabricantes de vacinas e parte de um esforço global para frear a pandemia da COVID-19.

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Além disso, segundo Covas, a produção da Butanvac não vai interferir no cronograma de fabricação da Coronavac, do Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, que a partir de julho, serão produzidas em unidades diferentes. De acordo com ele, no segundo semestre, os trabalhos com o imunizante serão realizados em uma fábrica própria, cuja construção está sendo finalizada.

Fonte: Governo de São Paulo, Instituto Butantan