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Brasil deve enfrentar a pior fase da COVID-19, alertam especialistas

Por| 20 de Janeiro de 2021 às 20h40

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outsideclick/Pixabay
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Com mais de 62 mil casos da COVID-19 e 1,1 mil óbitos registrados nas últimas 24h, o novo coronavírus (SARS-CoV-2) segue avançando no Brasil, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Nos últimos dias, profissionais da saúde no estado do Amazonas tiveram que lidar com a falta de oxigênio no tratamento de pacientes internados. Por outro lado, as primeiras doses da vacina CoronaVac já começam a ser aplicadas, mesmo que de forma pouco abrangente

Nesse cenário, espacialistas da área da saúde alertam sobre a situação da COVID-19 no Brasil, principalmente porque o quadro deve se agravar entre o final de janeiro e o início de fevereiro. "Estamos num momento bem preocupante. Talvez, as pessoas não estejam percebendo ainda, mas tudo indica que as próximas semanas serão complicadas", aponta o pesquisador Marcel Ribeiro Dantas, do Institut Curie, na França, para a BBC Brasil.

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Por que o cenário da COVID-19 deve piorar?

Para entender a piora do quadro da COVID-19 no Brasil, é preciso levantar uma série de fatores que direcionaram o país até esta posição. Entre eles, estão as festas de finais de ano, quando muitos se reuniram com familiares e relatos de aglomerações foram compartilhados nas redes sociais. Nos últimos dias, o sistema de saúde já começou a absorver essa demanda. Mais recentemente, milhares de estudantes realizaram a primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), e aglomerações foram novamente relatadas. 

"A transmissão do vírus pode até ter ocorrido durante essas festas [de final de ano], mas a necessidade de ficar num hospital ou até a morte do paciente leva semanas para acontecer", lembra o pesquisador Leonardo Bastos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Para entender o porquê dessa demora, vale explicar que um indivíduo que é contaminado pelo coronavírus pode demorar até 14 dias para ter algum sintoma —  como febre, cansaço e falta de paladar ou olfato.

Em paralelo, ele pode transmitir a COVID-19 para outras pessoas saudáveis durante este período. Além disso, a necessidade de internação, quando já falta ar, pode levar ainda mais tempo para se manifestar. Caso seja necessária a hospitalização, cada um desses casos pode passar até cinco semanas em um hospital. Ou seja, é um longo percurso até a cura ou eventual óbito e que envolve um alto número de profissionais e recursos.  

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Mutações do coronavírus e fadiga da pandemia

Outros motivos ajudam a explicar a piora da situação do coronavírus, como o aparecimento de mutações. Até o momento, três novas cepas têm sido discutidas e acompanhadas por cientistas nas últimas semanas. São elas: a do Reino Unido; a da África do Sul; e a do Brasil, mais conhecida por sua associação com a capital do Amazonas, Manaus. Em comum, têm maior capacidade de transmissão da COVID-19, já que podem contaminar de maneira mais eficaz.

"Os vírus sofrem modificações a todo o momento e, quanto mais ele circular entre as pessoas, maior será a chance de ele ter mutações e se tornar mais ou menos agressivo", explica o médico Marcio Sommer Bittencourt, do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiologia do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP). Nesse ponto, países como o Brasil, Reino Unido e os Estados Unidos, onde os casos estão em alta, representam um cenário ideal para a proliferação das mutações.  

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Entre as outras variantes, está o cansaço dos profissionais da saúde que enfrentam a COVID-19, desde fevereiro do ano passado no Brasil, por exemplo. Além disso, muitos médicos e enfermeiros já se infectaram. Do outro lado, as pessoas também estão cansadas das restrições, mesmo que as medidas preventivas sejam fundamentais agora, e pela fadiga da pandemia, começam a relaxar com os cuidados. A principal recomendação é manter a correta higienização das mãos, usar máscaras e evitar aglomerações, até que a transmissão do coronavírus seja controlada. Para isso, a principal aposta é a vacinação em massa. 

Faltam vacinas contra a COVID-19

Até o momento, as vacinas representam a melhor arma contra a COVID-19, só que o número de doses disponíveis ainda é pequeno, inclusive no Brasil. Segundo a plataforma Our World in Data, cerca de 6,8 mil brasileiros foram imunizados no país até esta quarta-feira (20). A expectativa é que nos próximos dias esse número cresça — no entanto, há um "teto" de 5,4 milhões de brasileiros. Isso porque, hoje, o Ministério da Saúde conta com apenas 10,8 milhões de doses da CoronaVac, somando as doses que aguardam a autorização de uso emergencial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

Sobre a falta de vacinas para os grupos de risco, como idosos e profissionais da saúde, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou para a questão na segunda-feira (19). "Devo ser franco: o mundo está à beira de um fracasso moral catastrófico, e o preço desse fracasso será pago com a vida e o sustento dos países mais pobres", afirmou, durante a abertura do Comitê Executivo da OMS.

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De acordo com a OMS, forma-se um cenário desigual na distribuição das vacinas contra a COVID-19, o que pode gerar graves consequências. Segundo a organização, não é justo que pessoas saudáveis ​​e jovens de países ricos tenham acesso à vacina antes de grupos vulneráveis ​​de países mais pobres. "No fim, essas ações apenas prolongarão a pandemia, as restrições necessárias para contê-la e o sofrimento humano e econômico", completou Tedros.

Fonte: Conass e BBC (1) e (2)