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O que sabemos sobre a nova variante do coronavírus descoberta em Manaus

Por| 15 de Janeiro de 2021 às 22h00

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Wirestock/Freepik
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Nos últimos dias, pesquisadores estão alertando para uma nova variante do coronavírus SARS-CoV-2, descoberta na capital do Amazonas, Manaus, que, segundo estudo da Universidade de São Paulo (USP), tem mais potencial de transmissão e reinfecção. Nesta semana, o Ministério da Saúde brasileiro já notificou outros países sobre a cepa do vírus da COVID-19 com mutações, denominada de B.1.1.28.

Este é o protocolo padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a identificação de novas cepas do coronavírus, como a de Manaus. No aviso brasileiro, os 196 países signatários do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) foram notificados sobre a descoberta. "Seu objetivo [do RSI] é ajudar a comunidade internacional a prevenir e responder a graves riscos de saúde pública que têm o potencial de atravessar fronteiras e ameaçar pessoas em todo o mundo", declarou o ministério, em nota.

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Inclusive, essa descoberta é motivo de preocupação internacional. A partir desta sexta-feira (15), o Reino Unido proibiu a entrada de pessoas vindas do Brasil e de outros 14 países para impedir a transmissão da nova variante do coronavírus. A decisão foi comentada pelo secretário de Transportes britânico, Grant Shapps, nas redes sociais.

Além dos problemas internacionais causados pela variante, o estado do Amazonas enfrenta o colapso do sistema de saúde em decorrência da segunda onda da COVID-19. Na quinta-feira (14), hospitais não tinham mais estoque de oxigênio para o tratamento de pacientes internados com a COVID-19. A situação não tem, necessariamente, ligação com a mutação.

Variante do coronavírus em Manaus é mais perigosa? 

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A nova linhagem foi identificada, em dezembro do ano passado, após quatro viajantes contaminados desembarcarem em aeroporto no Japão, vindos de Manaus. Após análises nacionais, pesquisadores da USP apontam que a variante carrega uma série de mutações genéticas com potencial de aumentar tanto a transmissão quanto a reinfecção pela COVID-19.

Segundo preprint — artigo ainda não revisado por outros pesquisadores — publicado no site Virological.Org, os pesquisadores também verificaram que essa cepa estava presente em 42% dos pacientes contaminados com o coronavírus e testados na capital amazonense. “A nova linhagem, denominada P.1, foi identificada em 13 das 31 das amostras positivas para o teste de RT-PCR coletadas entre 15 e 23 de dezembro de 2020, ou seja, em 42% dos pacientes testados”, explica Ingra Morales Claro, pesquisadora do IMT e da FMUSP, uma das autoras do artigo.

Por si só, mutações em vírus são frequentes e não são, necessariamente, perigosas. "Sabemos que o SARS-CoV-2 tem uma média de duas a três mutações por mês. Portanto, desde o primeiro caso identificado em Wuhan, na China, no final de 2019, o genoma do vírus apresenta-se diferente após quase um ano dessa identificação”, comenta a pesquisadora para o Jornal da USP.

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No entanto, “a nova linhagem, descendente da linhagem B.1.1.28, contém uma composição única de mutações definidoras de linhagem, incluindo várias mutações de importância biológica conhecida, como E484K, K417T e N501Y”, explica a autora do artigo. Vale lembrar que a última mutação citada (N501Y) também foi identificada nas novas variantes do Reino Unido e da África do Sul. Ambas já foram definidas com maior potencial de infecção.

Também existe uma hipótese de que essa variante de Manaus possa aumentar as chances de reinfecção, já que a capital do Amazonas foi severamente afetada pela primeira onda da COVID-19 e a situação volta a se agravar neste segundo momento. “É essencial investigar rapidamente se há um aumento na taxa de reinfecção em pessoas previamente expostas”, aponta Claro.

Nesse cenário, o Ministério da Saúde confirmou, nesta sexta-feira (15), um caso de reinfecção pela nova variante do coronavírus no estado do Amazonas. Identificado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o caso de reinfecção é de uma mulher, de 29 anos, que até o momento apresenta sintomas leves da COVID-19.

Quanto ao estudo da USP sobre a mutação, ele foi resultado de um estudo feito por pesquisadores do Centro Brasil-Reino Unido de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (grupo Cadde), que conta com a participação do Instituto de Medicina Tropical (IMT) e da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

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Para conferir o artigo completo sobre a análise, publicado no site Virological.Org, clique aqui.

Fonte: Folha de S. PauloG1 e Jornal da USP