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Ansiedade climática, a condição que tira o sono de muita gente

Por| Editado por Luciana Zaramela | 02 de Junho de 2024 às 18h30

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Adrian Swancar/Unsplash
Adrian Swancar/Unsplash

Com as mudanças climáticas e o aumento da temperatura média do planeta, eventos extremos vão se tornar mais comuns, como as chuvas intensas que causaram enchentes e alagamentos no Rio Grande do Sul. Em outros lugares, poderão ser registradas secas duradouras ou ondas de calor atípicas. Nesse cenário de incertezas, muitas pessoas têm desenvolvido uma condição conhecida como ansiedade climática (ou eco-ansiedade), que merece a devida atenção. Há maneiras de aliviar essa tensão, como apontam psicólogos.

"As alterações climáticas não são apenas um problema ambiental, mas também psicológico", destaca Susan Clayton, psicóloga e chefe do departamento de psicologia da Faculdade de Wooster (EUA), em artigo publicado na revista Journal of Anxiety Disorders.

A raiz da ansiedade climática está na forma como as pessoas conseguem gerenciar as suas emoções e os seus sentimentos, o que pode variar de acordo com as circunstâncias. Por exemplo, uma pessoa que vivenciou diretamente um evento extremo pode ter maior dificuldade em lidar com esse medo de ser vítima de novas tragédias. 

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O que é ansiedade climática?

"A ansiedade climática é uma resposta emocional ao medo e preocupação gerados pelas mudanças climáticas e seus impactos”, define Jacqueline Mazzoni, coordenadora adjunta do curso de psicologia e coordenadora da Clínica-Escola de Psicologia da Universidade Cidade de S. Paulo (Unicid), para o Canaltech.

Oficialmente, a ansiedade climática ainda não é classificada como um transtorno específico pela medicina, mas a psicóloga Mazzoni explica que o quadro “pode evoluir para um transtorno de saúde mental quando seus sintomas se tornam graves e persistentes, interferindo na rotina diária das pessoas”. 

Nesses casos, o paciente com ansiedade climática tende a apresentar: 

  • Problemas e dificuldades na hora de dormir, incluindo insônia;
  • Dificuldade de concentração;
  • Irritabilidade;
  • Outros sintomas comuns aos indivíduos com transtornos de ansiedade e depressão, incluindo o estresse pós-traumático (TEPT).

Perfil das pessoas com esse tipo de ansiedade

“A sensação de impotência diante do problema, combinada com a percepção de que as ações individuais são insuficientes para resolver a crise climática, pode gerar sentimentos de desesperança e contribuir para o desenvolvimento de transtornos de humor”, explica Mazzoni.

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Com a abrangência do problema, é difícil limitar a parcela da população mais afetada pela ansiedade climática. Em um recorte parcial, a condição é mais comum em jovens conectados com as questões ambientais ou com aqueles que foram vítimas de eventos climáticos extremos. 

Negativismo e apocalipse

Estar bem informado sobre as mudanças climáticas e entender como o aquecimento de 1,5 ºC deve impactar a vida no planeta são importantes, considerando as atuais tendências. Entretanto, esse fluxo de informação não pode se tornar um fator de paralisia e de que nada mais pode ser feito. 

Todas essas informações também não devem servir de validação para a chegada de um hipotético apocalipse e nem para o entendimento de que “caminhamos para o fim do mundo” — isso é definitivamente uma mentira. 

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Viver sob esse sentimento negativo pode gerar um estado crônico de estresse e ansiedade, o que irá apenas piorar a ansiedade climática.

Como enfrentar a eco-ansiedade?

É possível encarar a ansiedade climática e a eco-ansiedade, enquanto o mundo passa por transformações. Para isso, a psicóloga Mazzoni compartilha algumas estratégias que ajudam a preservar a saúde mental, o que envolve saber a hora de buscar auxílio de um profissional.

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A seguir, confira as principais orientações para lidar com a eco-ansiedade:

  • Passar tempo ao ar livre e se conectar com a natureza ajuda a reduzir a ansiedade e promover o bem-estar emocional, sem o uso das redes sociais;
  • Conversar com amigos, familiares ou grupos de apoio, de forma presencial ou virtual, sobre as transformações do mundo, o que reduz a sensação de isolamento e solidão;
  • Limitar a exposição a informações, postagens e notícias negativas sobre desastres naturais e mudanças climáticas nas redes sociais, buscando fontes mais equilibradas;
  • Adotar medidas individuais que contribuam positivamente com a preservação do planeta, como a reciclagem dos resíduos gerados em casa;
  • Participar de atividades comunitárias voltadas para mitigar as mudanças climáticas, como o plantio de árvores, algo que pode fornecer um senso de controle e apoio emocional;
  • Procurar apoio psicológico, em caso de sofrimento devido à ansiedade climática.

“Implementar essas estratégias podem ajudar a transformar a ansiedade climática em uma força motivadora para ações positivas e proporcionar um maior bem-estar emocional”, completa a especialista.

Fonte: Journal of Anxiety Disorders