Estudo confirma ligação do aquecimento global com secas e enchentes extremas
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |
A quantidade e intensidade dos eventos de seca e de enchentes nas últimas duas décadas é notável, especialmente para as pessoas que vivem nas áreas afetadas. Um estudo publicado nesta segunda (13), na revista científica Nature Water confirma que esses aumentos não são por acaso: o aquecimento global está causando cada vez mais eventos climáticos extremos.
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Perda de colheitas, danos às pessoas e à infraestrutura das cidades e até crises humanitárias — estas são apenas algumas das consequências de dois extremos climáticos que vêm acontecendo repetidamente ao redor do mundo: as secas e as enchentes. O estudo que confirmou a relação de tais eventos com o aquecimento global foi feito por dois cientistas do Goddard Space Flight Center da NASA, usando dados dos satélites GRACE, especializado em coletar dados relativos ao estoque de água na Terra.
Matthew Rodell e Bailing Li apontam atividades humanas, como a queima de combustíveis, como as responsáveis pelos resultados observados. “Fiquei surpreso ao ver quão correlacionados estão as intensidades [dos eventos climáticos] com a temperatura média global,” afirma Rodell, diretor do departamento de ciências da Terra no centro de pesquisas da NASA.
A pesquisa analisou mais de 1.000 eventos climáticos entre 2002 e 2021 através de um algoritmo capaz de identificar os locais onde o solo esteve mais seco ou mais úmido que o normal. Entre as chuvas extremas, o estudo destaca as que aconteceram na África sub-Saariana no final de 2021, as da Austrália entre 2011 e 2012 e na América do Norte entre 2018 e 2021. Já em relação às secas, as mais intensas podem soar familiares aos brasileiros.
Os cientistas citam uma seca recorde entre 2015 e 2016 no nordeste brasileiro e a que atinge o Cerrado desde 2019. A falta de chuvas que abalou o abastecimento de água do sistema Cantareira em São Paulo entre 2014 e 2015 também é citada.
Além de secas e enchentes acontecerem em lugares distintos, o artigo também revela que os eventos de falta de água superaram os de excesso em cerca de 10%. Já no que diz respeito à duração dos eventos e sua extensão geográfica, os resultados apontam que tanto as secas quanto as chuvas têm características semelhantes.
Fonte: Nature Water Via: Phys.org