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5 mitos e verdades sobre a urina

Por| Editado por Luciana Zaramela | 27 de Outubro de 2022 às 09h00

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Maja Dumat/flickr.com/photos/47439717@N05/7322208926
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A urina é alvo de vários mitos, crendices populares e histórias que colocam o líquido como uma espécie de remédio natural, cujos benefícios poderiam ser aproveitados ao ingeri-la, aplicá-la em ferimentos ou na pele, além de ser supostamente estéril. Seria alguma dessas histórias verdadeira? A resposta simples é: não. Mas, aqui, vamos entender melhor sua composição e fatos sobre o famoso xixi.

A urina figurou como um elemento terapêutico em diversas culturas humanas antigas, antes do advento da medicina como a conhecemos. Em tempos antigos, se havia de ser criativo na solução de problemas, então egípcios, indianos, chineses, romanos e astecas utilizavam o xixi de alguma maneira em suas práticas, indo da cura de feridas sofridas em batalhas a branqueamento dos dentes.

Apesar de tudo, esse uso fazia algum sentido. Sem acesso à água limpa e pura, a urina pode ser utilizada, sim, para limpar um ferimento, ou, na ausência de uma máscara de gás propriamente vedada, usada para embeber um pano, a fim de evitar as toxinas de um ataque de gás cloro. A questão é que tais usos só fazem sentido em contextos onde não há nenhuma outra opção medicinal: qualquer opção moderna é preferível ao invés de urina.

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A urina e seu conteúdo

Não há evidências científicas que digam que a urina faça bem à pele ou aos dentes, que seja estéril ou útil em qualquer outro aspecto. Mesmo assim, muita gente utiliza o líquido como algo terapêutico. Se algum composto presente na urina precise ser consumido ou utilizado por alguém, a alternativa é simples — se dirigir a uma farmácia e adquiri-lo, e não coletá-lo no próprio banheiro.

A urina é excretada pelos rins ao filtrar o sangue, mantendo o que o corpo precisa e removendo os restos, colocando-os em forma de líquido na bexiga, onde ficam armazenados até urinarmos. Composta de 95% de água, a substância também inclui 2% de ureia e 0,1% de creatinina, esta última um subproduto do metabolismo de músculos e proteínas. Há nela, também, traços de diversos sais e proteínas.

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Ureia faz bem? Sim, mas não a do xixi

Já a ureia, por sua vez, é um composto orgânico seguro, que ocorre naturalmente quando proteínas são metabolizadas. Fórmulas baseadas nela são utilizadas em loções para suavizar a pele e as unhas, sendo um hidratante eficaz que ajuda a melhorar a função de barreira da epiderme. A questão é que, apesar de presente no xixi, a quantidade de ureia no líquido é baixa demais para oferecer benefícios terapêuticos.

Boa para rastrear doenças em exames

Além desses compostos, há mais de 3.000 outras substâncias na urina, o que, à medida que entendemos melhor o sistema urinário, poderá gerar exames futuros que poderão identificar doenças com maior precisão através de um simples exame do líquido, incluindo até mesmo câncer. Fora isso, não há outros benefícios médicos conhecidos da urina.

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Em alguns países, compostos líquidos "saudáveis" contendo urina tiveram de ser banidos, tamanha era sua popularidade. A urina, assim como o suor e as fezes, é feita para eliminar toxinas, e deve ficar do lado de fora do seu corpo. Ela pode conter elementos ambientais tóxicos e outros elementos que o corpo lutou para se livrar; algumas medicações também são eliminadas no líquido, então bebê-lo pode causar um acúmulo excessivo e perigoso de certos remédios.

Beber urina não faz bem — e não hidrata

Bactérias patogênicas, em alguns casos, também podem acabar saindo na urina, e podem causar diarreias sérias, vômitos, incômodos estomacais e infecções caso ingeridas. Além disso, em situações de sobrevivência onde se está desidratado, o líquido não é tão útil quanto parece: há sais eliminados na urina que podem acabar fazendo o efeito contrário da hidratação, e, quando seu corpo entra em desidratação, não produzirá muito xixi de qualquer forma. Raramente será uma opção viável.

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Urina não é estéril

Há, também, o mito da urina ser estéril. Ela não é, como o termo define, completamente limpa e livre de sujeira e bactérias. Nosso corpo é repleto de colônias bacterianas que nos mantêm saudáveis e ajudam em funções diárias, então a maior parte do corpo não é estéril — inclusive a bexiga.

Urinar durante o banho é bom?

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Níveis altos de bactérias são associados a infecções do trato urinário, mas diversas pesquisas vêm identificando bactérias saudáveis vivendo na bexiga, que podem ser eliminadas na urina de pessoas com boa saúde. Mesmo assim, não é recomendado urinar durante o banho, já que o xixi pode causar infecções se entrar em contato com feridas ou cortes nas pernas.

Além disso, urinar no banho pode piorar condições como bexiga hiperativa ou incontinência urinária ao fazer o cérebro associar água corrente com a prática de fazer xixi. Isso impacta, principalmente, pessoas com genitais femininos, já que sua anatomia pélvica não é feita para urinar em pé. Na verdade, todo mundo deveria urinar sentado, segundo estudos.

Em pé, os músculos têm dificuldade para contrair e relaxar adequadamente, podendo até diminuir a velocidade do fluxo urinário. Com isso, a bexiga pode não ser esvaziada completamente, aumentando a chance de infecções. Com todos esses argumentos, concluímos que não, a urina não é segura para consumo ou para ser utilizada em qualquer lugar do corpo: precisando de qualquer tratamento, procure um médico urologista.

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Fonte: The Conversation