Comer muita proteína pode transformar o seu xixi em poluente
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
O modo como nos alimentamos pode ter diferentes impactos na saúde, mas também pode afetar o meio-ambiente. É o que descobriu uma equipe de pesquisadores norte-americanos, após calcular os impactos do xixi, quando a pessoa tem uma dieta rica em proteínas. Basicamente, a urina se torna um poluente para os rios.
- A duração do seu xixi pode revelar segredos sobre sua saúde; entenda
- 10% da população de 5 a 17 anos faz xixi na cama, segundo estudo
Sim, o corpo humano precisa de proteína, mas é relativamente normal que as pessoas ingiram mais destas macromoléculas do que o organismo precisa para o seu funcionamento. Nesses casos, os aminoácidos são quebrados e muito nitrogênio é gerado. Este é excretado pela urina e chega ao esgoto.
Como o xixi pode ser um poluente?
Como nem sempre as águas residuais são tratadas, o composto chega aos rios. No ambiente aquático, o excesso de nitrogênio é conhecido por acelerar a proliferação de algas tóxicas, criar "zonas mortas" (sem oxigênio) e ainda poluir uma água que poderia ser potável.
“É interessante pensar em possíveis maneiras de reduzir o nitrogênio, além da tecnologias caras”, explica Maya Almaraz, a principal autora do estudo e pesquisadora da Universidade da Califórnia em Davis (UC Davis), nos Estados Unidos. “As mudanças na dieta são uma maneira saudável e barata de fazer isso”, acrescenta Almaraz.
Estudo sobre os impactos da alimentação rica em proteínas
Publicado na revista científica Frontiers in Ecology and the Environment, o estudo da UC Davis sobre os riscos do xixi para o meio-ambiente mira especificamente na realidade dos EUA, mas a situação pode ser desdobrada para outras regiões, onde o consumo de proteína é maior que o recomendado — independente de ser de origem animal ou vegetal.
Se a população norte-americana reduzisse o consumo de proteína ao valor mínimo, este impacto poderia ser medido na natureza. "Mostramos que combinar o consumo de proteína com as necessidades fisiológicas reduziria as perdas hidrológicas em decorrência do nitrogênio nos ecossistemas aquáticos em 12%", afirmam os autores.
Segundo a equipe de cientistas, este é o primeiro estudo a estimar o quanto o consumo de proteína contribui para o excesso de nitrogênio no meio ambiente através dos dejetos humanos. A expectativa é que essas novas descobertas ajudem a conscientizar as pessoas e desenhar novas políticas públicas sobre os impactos da nutrição no mundo.