100 mil brasileiros criaram perfil na Bluesky nos últimos dias
Por Douglas Ciriaco |
Fundada em 2021, a Bluesky é uma das principais alternativas ao X/Twitter hoje e parece se beneficiar das polêmicas da plataforma rival com a Justiça brasileira. Em conversa com o Canaltech, a rede do Céu Azul afirma que quase 100 mil brasileiros criaram um perfil nos últimos dias, indicando que há por parte do público a percepção de que ela pode ser um refúgio para quem quer sair do site de Elon Musk.
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Efeito Musk x STF?
Sem citar qualquer relação com a questão que envolve o concorrente, a companhia diz que os brasileiros são muito bem-vindos e apresenta o anseio de construir um espaço para conversas saudáveis e divertidas.
“A Bluesky deu as boas-vindas a cerca de 100 mil novos usuários brasileiros nos últimos dias, levando o total de usuários para cerca de 5,5 milhões de pessoas, e adoraríamos que mais brasileiros participassem”, celebra a companhia.
“A missão da Bluesky é criar uma rede social aberta para conversas globais que são divertidas, saudáveis, e dar aos usuários mais opções do que as plataformas em que as decisões são tomadas por um pequeno grupo de pessoas”, prossegue.
Brasil na Bluesky
Se você é um pouco ligado em hábitos de internet, deve saber que os brasileiros costumam se espalhar rapidamente por alguns serviços — vale lembrar da "invasão" ao Koo no fim de 2022, quando Musk assumiu de vez o Twitter e gerou um certo temor em parte do público. Na Bluesky, isso não parece ser muito diferente.
“Os brasileiros sempre foram uma parte importante da Bluesky, eles são superdivertidos e engajam bastante, adoram memes”, explica a companhia ao Canaltech.
A rede social não diz exatamente quantos brasileiros estão hoje na plataforma, mas comenta que os brazucas foram uma das primeiras comunidades a se juntar a ela em 2023, quando o total de usuários não passava de 20 mil pessoas, o que criou laços.
“Como a rede era pequena e acolhedora naquela época, a equipe da Bluesky fez amizade com vários usuários brasileiros”, relata a equipe do site que desde o início de fevereiro dispensa a necessidade de convite para novos cadastros.
A questão da moderação
A grande razão da treta entre Elon Musk e o Supremo Tribunal Federal (STF) envolve a questão do tipo de conteúdo que é veiculado no X/Twitter. Inquéritos sobre ataques à democracia e propagação de fake news e desinformação no Brasil levaram muitos perfis a serem bloqueados a pedido da Justiça, algo que Musk e seus apoiadores acusam de censura.
Também é conhecido o pouco apreço de Musk aos mecanismos internos de moderação no X: ele realizou demissões que minaram a capacidade da rede de manter essas estruturas funcionais de fato, é acusado de ser leniente com a presença de grupos extremistas e também fortaleceu as “Notas da comunidade”, que opta pela via da autorregulação por parte do público em vez de remover conteúdos violentos ou desinformação, por exemplo.
Perguntados sobre a questão da moderação, os representantes da Bluesky destacaram que a companhia considera a moderação como “a espinha dorsal de espaços sociais saudáveis” e “não tolera assédio ou discurso de ódio”.
A rede conta com uma equipe global de moderadores e também com apoio de moderadores locais, inclusive no Brasil, que analisam o conteúdo de denúncias feitas por aqui. “Qualquer usuário pode relatar conteúdo ou contas pelo app e isso é analisado em até 24 horas”, garantem os representantes da plataforma.
Além disso, o pilar da moderação da Bluesky é a chamada moderação combinável. A tática funciona a partir de diretrizes gerais em áreas sensíveis (como spam, assédio, discursos de ódio e desinformação eleitoral), que precisam ser respeitadas por todos os participantes, combinadas à moderação extra criada por grupos de pessoas que usam a rede. "Isso permite às comunidades mais controle sobre os seus espaços online”, explica a companhia.
Essas camadas de moderação personalizada são criadas no Ozone, a ferramenta interna de moderação da plataforma, e podem ser adotadas por outras comunidades na plataforma. Ou seja, os mecanismos de moderação básicos podem contar com o reforço de regras específicas criadas por determinados grupos em suas próprias comunidades dentro da Bluesky.
“Essas ferramentas estão sendo adotadas rapidamente pelos usuários que querem criar suas próprias experiências na Bluesky, seja para impedir screenshots de outras plataformas ou manter suas comunidades seguras online”, finaliza a companhia ao Canaltech.