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Saiba por que a morte do Vigia nas HQs tem tudo a ver com a Marvel Studios

Por| 08 de Agosto de 2021 às 11h00

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O Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês) segue sua escalada de lançamentos na TV e no cinema nesta temporada e, depois de WandaVision, Falcão e o Soldado Invernal e Loki, o Disney+ estreia na quarta-feira (11), mais uma atração adaptada dos quadrinhos da Casa das Ideias: a animação What If…? vem aí para mostrar diferentes versões dos mesmos heróis em realidades alternativas, em tramas que exploram o Multiverso Marvel, escancarado em Loki, a partir de relatos do Vigia Uatu.

Para quem não conhece, os Vigias são entidades alienígenas ancestrais dos quadrinhos que acompanham os acontecimentos de várias realidades do Multiverso Marvel, com o objetivo de registrar os eventos e a promessa de nunca interferir em atividades envolvidas nas ocorrências. Acontece que um deles, o enxerido Uatu, justamente o que costuma ficar de olho na Terra em uma base na Área Azul da Lua, ao longo do tempo se afeiçoou aos humanos.

Em seu passado de bilhões de anos, Uatu presenciou a morte de muita vida em toda a galáxia. Na maioria das vezes, as falhas que causaram as destruições poderiam ser evitadas com “pequenos ajustes”. E, ao presenciar o Capitão América fora de seu tempo em uma aventura que ameaçava a constituição da relação espaço-tempo, ele ajudou o Doutor Estranho da época a evitar a devastação da própria realidade. A partir daí, Uatu passou a demonstrar compaixão pelos heróis humanos com mais frequência; e, por curiosidade, também começou a observar as várias linhas temporais e Terras paralelas do Multiverso Marvel.

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Os Vigias já até apareceram no MCU, em uma cena pós-créditos com Stan Lee, no final de Guardiões da Galáxia 2 — aliás, isso reforçou uma teoria dos fãs, que aponta o falecido criador da Marvel Comics também como um Vigia, pois ele aparecia com frequência nas adaptações da editora, mesmo em estúdios diferentes e aparentemente sem conexão de continuidade.

E o “nosso” Vigia, o Uatu, embora seja uma das estrelas de What If…?, morreu e foi substituído há sete anos na Marvel Comics. O mais curioso dessa história, publicada na saga Pecado Original, é que ela tem tudo a ver com a Marvel Studios. Mas do que se tratava esse arco? Como e por que Uatu foi assassinado? E quem ficou em seu lugar?

Vem comigo, que o Canaltech te conta tudo isso logo abaixo.

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Uma saga intimista com parcerias improváveis entre heróis

Bem, Pecado Original (ou Original Sin, em inglês) foi publicado entre abril e setembro de 2014, em trama assinada por Jason Aaron e o brasileiro Mike Deodato. O enredo traz a clássica estrutura de tramas de mistério e assassinato (o famoso gênero murder mistery) e foi marcado pelo seu tom mais intimista e sombrio, graças à ambientação construída por Deodato. O artista tupiniquim, veterano da Marvel, tinha passado por um período irregular durante os anos 1990, mas se reinventou e foi peça fundamental na reconstrução da franquia dos Vingadores ao longo da década passada.

Uatu morreu justamente em um momento em que ele mais interagia com os superseres da Terra. Para ter uma ideia, antes de levar um tiro na cabeça e ter seus olhos arrancados, ele treinava Sam Alexander, enquanto narrava a trajetória de suas origens ao jovem Nova. A partir daí, a história envolve grupos improváveis de heróis, que seguem as pistas encontradas nas proximidades do homicídio, e no próprio corpo da entidade.

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Nick Fury e Capitão América lideram a investigação, após o corpo de Uatu ter sido encontrado por Thor. Enquanto isso, uma figura misteriosa dá pistas a três grupos improváveis, que, então, passam a buscar pelo assassino do Vigia. Emma Frost, Homem-Formiga e Pantera Negra vão para o centro da Terra, enquanto Cavaleiro da Lua, Soldado Invernal e Gamora seguem para os confins do espaço. Já Doutor Estranho e Justiceiro visitam outra dimensão. Essa união de heróis tão diferentes deu um tom interessante para a trama, pois os integrantes nunca passaram tanto tempo juntos — a dinâmica entre Stephen Strange e Frank Castle é especialmente hilária.

Pois bem, depois de muita investigação e vários suspeitos, temos a revelação de que os vilões Orbe e Doutor Midas estavam interessados nas armas e no conhecimento de Uatu. Mas o verdadeiro assassino se mostra como o próprio Nick Fury, que mata a entidade cósmica para evitar que seus olhos e arsenal caíssem em mãos erradas — veja bem, os olhos do Vigia armazenavam muita história e segredos.

Durante a revelação, Orbe usa um dos olhos do Vigia para expor segredos de vários dos personagens da Marvel: Tony Stark foi o causador do problema no experimento que transformou Bruce Banner em Hulk, Thor tem uma irmã perdida no 10º Reino, Deadpool tem uma filha, Professor Xavier já se casou com Mística, e por aí vai — era a Marvel apresentando argumentos para explorar após o fim de Pecado Original.

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Voltando ao Fury, Pecado Original revela que o espião clássico, que estava por aí desde os anos 1960, criou várias réplicas suas mais jovens, que foram as que interagiram com os heróis ao longo das décadas. Enquanto isso, ele passou esse tempo todo monitorando e enfrentando, sozinho, ameaças alienígenas e seres extradimensionais. Como já estava muito velho, pois a Fórmula Infinita que o rejuvenescia venceu, Fury recrutou os heróis envolvidos na saga para que eles o substituíssem. Só que os planos não deram muito certo, e as equipes viram o superespião como um vilão.

Os heróis até tentaram confrontar Fury, mas foram vencidos; e Thor, em especial, levou a pior: o superespião cochichou algo em seu ouvido que o fez “perder a dignidade” para empunhar seu martelo. O Mjolnir caiu de suas mãos, imediatamente, no solo da Lua — deixemos esse assunto para outra ocasião. No final, Fury absorveu as energias remanescentes de Uatu e superou o vilão Doutor Midas.

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Como consequência Fury se tornou a entidade The Unseen, que, basicamente, realiza o mesmo trabalho do antigo Vigia. Seu filho, Nick Fury Jr., substituiu-o como superespião da Marvel; e o Soldado Invernal passou a monitorar as ameaças alienígenas e extradimensionais, como o clássico Fury fazia.

E o que isso tudo tem a ver com a Marvel Studios?

Pecado Original foi lançado justamente em meio à reformulação editorial da Marvel Comics, que, desde o início dos anos 2010, vem renovando suas criações a partir de novos elementos em seu cânone, muitos dos quais vêm do próprio processo de retroalimentação com a Marvel Studios. Os criadores dos quadrinhos sempre trabalharam de perto com as equipes de Kevin Feige no MCU, então, a saga, além de alimentar ideias para os roteiristas das revistas, também veio para alinhar as propriedades e tramas com os filmes e futuras séries.

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A substituição de Nick Fury por seu filho, que é muito mais parecido com versão de Samuel L. Jackson, já vinha acontecendo. Então, Pecado Original pode ser considerado, acima de tudo, um “adeus” ao personagem clássico. O espião original, que estreou em 1963, sempre foi muito querido dos fãs; mas ficou ofuscado e ultrapassado, diante do Fury dos cinemas — que, aliás, foi baseado nos Supremos, um grupo mais cru e realista dos Vingadores de uma Terra alternativa.

A Marvel aprendeu com o tempo que ficou sem os direitos dos X-Men e do Quarteto Fantástico que personagens considerados de “pouco apelo” podem se tornar grandes hits. Exemplo disso são o próprio Homem de Ferro, que antes do lançamento de seu filme andava abandonado pelos fãs na editora; os Guardiões da Galáxia, que ganharam popularidade absurda com seu com longa; e os “heróis de rua” da Netflix, que, embora tenham apresentado altos e baixos, em geral, agradaram o público e se tornaram mais conhecidos da grande audiência.

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Já prevendo o que viria pela frente, a Marvel destacou em Pecado Original alguns dos personagens que disputavam espaço por protagonismo ou sequer eram lembrados,como Doutor Estranho, Soldado Invernal, Gamora, Homem-Formiga e Cavaleiro da Lua — e fez isso explorando também Nick Fury Jr. e o detetive Coulson, na SHIELD, com uma história paralela, derivada da saga.

Além disso, a “perda de dignidade” de Thor durante a trama, que resultou em uma jornada épica do Deus do Trovão nos quadrinhos, embora não tenha sido pensada como preparação do próximo filme, Thor: Amor e Trovão, resultou na ascensão de Jane Foster como Thor.

Ou seja, Pecado Original foi divertido e revelador, e, mesmo não agradando a todos, também teve o papel de sincronizar melhor os status dos personagens e a continuidade entre quadrinhos e cinema.