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HQs e super-heróis | A nova fase da DC e simbiontes invadindo a Marvel

Por| 31 de Janeiro de 2021 às 13h26

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DC Comics
DC Comics

O que aconteceu de mais relevante no mercado de quadrinhos norte-americano no mês que passou? A resposta está aqui, com uma lista resumida das principais edições lançadas em janeiro, especialmente da Marvel Comics e DC Comics.

Vale lembrar que, a cada semana, o mercado gringo recebe muitas edições, então, as “escolhidas” abaixo contam com um resumo rápido e alguns comentários. Várias dessas novidades chegarão ao Brasil muito em breve; e o objetivo aqui é também chamar atenção para coisas que têm grandes chances de influenciar as adaptações para TV e cinema. Você sempre pode acompanhar os lançamentos lá fora por meio do site Comic List.

Então, vamos lá, lembrando que este conteúdo traz uma boa dose de spoilers! Fique avisado.

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DC Comics

A editora começou o ano encerrando a saga Dark Nights: Death Metal e já emendando o projeto Future State, que imagina o Universo DC (ou Multiverso DC? Omniverso DC?) em um futuro que os maiores ícones são substuídos por versões mais jovens ou multiétnicas e com mais gêneros — teremos um Flash não-binário e uma Mulher-Maravilha brasileira, por exemplo. Isso tudo pavimenta o caminho para um reboot mais certeiro da acompanhia, chamado de Infinite Frontier.

Bem, vamos ao que aconteceu no final de Death Metal, que aconteceu na edição número 7. É o ápice da caótica batalha, que reuniu várias versões de todos os principais personagens da DC Comics — de protagonistas a coadjuvantes, de criações antigas às mais recentes; sejam heróis ou vilões. No desfecho, vemos a Mulher-Maravilha ser alçada a outro patamar no cânone decenauta, transformando-se em uma grande entidade cósmica.

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Munida de seu compromisso com a verdade, suas habilidades como amazona e a Energia Anticrise, que, basicamente, reúne as forças positivas do Multiverso DC, ela conseguiu derrotar o Calaveiro Mais Sombrio, que se tornou um avatar da Energia Crise, que, como o nome indica, canaliza todo o caos e vibrações negativas. O resultado foi o restabelecimento das Terras e Multiversos — sim, no plural — em algo agora chamado de Omniverso.

A partir de agora, todos os eventos de todas as Terras do Multiverso DC aconteceram — e todos os personagens se lembram disso, mesmo aqueles que morreram e renasceram. Aliás, o status quo voltou a ser aquele pouco antes do início de Death Metal. Assim, Alfred, que morrreu nas mãos de Bane algumas semanas antes da saga, está vivo novamente. E isso vale para vários outros heróis e vilões.

A Terra Principal, ou Terra Prime, agora não é mais o centro dos Multiversos. Ela se tornou a Terra-0 e divide protagonismo com o Elseworld, uma Terra paralela que, aparentemente, dividirá versões mais populares da DC Comics nos últimos anos. E o conceito de Hypertime, que são as infinitas linhas temporais, estaria “se curando”. Assim, será comum os personagens não se lembrarem de eventos que aconteceram com suas outras versões.

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Na prática, isso dá aos autores mais liberdade, porque eles não precisarão considerar o tempo todo o vasto cânone da DC Comics. Eles poderão, simplesmente, selecionar o cenário e os personagens que precisarão para usar em suas tramas, considerando-os também como peças cronológicas, sem que isso tudo necessariamente interaja com outras produções. Parece difícil de compreender, mas é só pensar em como funcionam as criações da editora na TV: o Arrowverse (ou CWverse) não se comunica com Titans ou não havia conexão com Stargirl e Monstro do Pântano. Mas, eles, eventualmente, podem se encontrar, sejam em Terras diferentes ou convivendo na mesma Terra. E, em grandes eventos, eles podem estar juntos, a exemplo do Crise nas Infinitas Terras das telinhas.

O resultado, além de agradar mais os criadores, também pode facilitar a entrada de novos leitores, que, espera-se, não precisarão lidar o tempo todo com a cronologia completa da editora. Isso tudo será explorado melhor em Infinite Frontier, que deve trazer mais respostas. Ao que parece, a DC Comics deve manter uma estratégia semelhante ao da Marvel Comics, que tem realizado “soft reboots” constantemente, ao invés de apostar no modelo antigo de “resetar” tudo abruptamente quando as coisas estão saindo de controle. Veremos o que vai acontecer.

Future State - The Next Batman #1 e #2

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Bruce Wayne foi revelado como o Batman e, após perder sua fortuna, é dado como morto. Enquanto isso, uma nova força policial totalitária, conhecida como O Magistrado, domina Gotham City. O legado de Wayne, então, continua na identidade secreta do “Próximo Batman”. Tim Fox é irmão de Luke, que já foi o Batwing; e filho de Lucius Fox, famoso inventor e colaborador de longa data da Wayne Enterprises — e claro, do Homem-Morcego que conhecíamos.

A primeira edição serve mais para ambientar a nova Gotham e apresentar Tim, sem muito se aprofundar no personagem por enquanto. Os ambientes neo-noir aparecem com destaque, em uma cidade que parece uma mistura da metrópole de Blade Runner com os becos da Nova York dos anos 1970. Interessante, mas ainda muito cru para determinar seu sucesso.

Para completar a edição, temos a revisão sobre o grupo Renegados, que sempre esteve ligado à Batfamília.

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Future State - Wonder Woman #1

Yara Flor, uma jovem brasileira que mora na floresta amazônica e tem raízes indígenas, enfrenta uma espécie de serpente com proporções mitológicas — conhecida nacionalmente como Boitatá. Flor é confiante, exuberante e tão forte e guerreira quanto as amazonas. A nova Mulher-Maravilha traz o vigor e ímpeto da juventude e tem a mesma agressividade de Diana Prince, que, agora, parece mais madura e pronta para expandir seu legado.

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A ideia é manter a conexão de entidades mitológicas com o folclore brasileiro, como o “Deus do Rios” e figuras pitorescas dos contos tupiniquins, a exemplo da Caipora e da já citada Boitatá. A arte de Jöelle Jones está incrível, e ela não poupou nas curvas, caras e bocas e toda a sensualidade de Flor, que é baseada na escultural modelo brasileira Suyane Moreira.

Future State - Superman of Metropolis #1

Aqui também temos um Superman diferente, representado por Jonathan Kent, filho de Clark Kent e Lois Lone. Ele já saiu da adolescência e agora precisa liderar os cidadãos de Metrópolis diante de uma ditadura militar: depois de banir Lex Luthor, o governo implementou um sistema tecnológico de monitoramento e o exército tomou conta do comando da prefeitura.

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Assim como Gotham City, Metrópolis se tornou um local constantemente vigiado, com o agravante de um conflito civil mais intenso e violento. Nesse cenário, Jonathan usa a tecnologia kryptoniana para tentar manter a coesão de seus atos. E, na primeira edição, vemos ele colidir com sua própria família, a Supergirl. A trama mostra que a DC deve explorar mais o lado sci-fi da linha do Superman, inclusive é isso que acontece em Future State - House of El #1, que se conecta com a mitologia alienígena de Krypton.

Future State - Justice League #1 

A formação da Liga da Justiça do futuro é composta pelo Superman Jonathan Kent, pela Mulher-Maravilha Yara Flor, a Lanterna Verde Jo Mullein, a Aquawoman Andy Curry, o Batman Tim Fox e o misterioso Flash vindo do Multiverso. A trama mostra o grupo já reunido há algum tempo, com algumas grandes batalhas e crises no currículo. Contudo, a grande diferença com a “velha guarda” é que dá para notar a desconfiança que eles ainda nutrem um pelo outro — eles nem mesmo dividem suas identidades secretas, por exemplo.

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Os vilões são amálgamas de personagens conhecidos, como uma versão feminina de Despero e um Lanterna Ultravioleta do mal, na renovada Legião do Mal. Ainda é cedo para determinar o sucesso dessa composição, mas é curioso ver a reformulação de uma equipe tão conhecida, assim como de tudo que gira ao seu redor.

Future State - Immortal Wonder Woman #1/Superman: World of War #1 e #2/Dark Detective #1 e #2

Juntei os três títulos em um pequeno review porque eles possuem abordagem semelhantes em definições mais claras sobre o direcionamento de três das principais franquias da DC Comics. Para isso, vou falar sobre o status quo de cada um dos icônicos heróis decenautas no futuro de Future State.

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A Mulher-Maravilha Diana Prince, após os eventos de Dark Nights: Death Metal, está muito mais próxima da divindade. Ela precisa deixar para trás suas preocupações mundanas de Themscyra e se tornar uma entidade de proporções cósmicas, ligada à magia do Multiverso DC. A conexão com o Monstro do Pântano é algo que ajuda a definir isso.

O Superman Clark Kent é agora conhecido como uma lenda na Terra. Outros kryptonianos sobreviventes da explosão de seu planeta, estão muito mais presentes no cosmos e vemos nosso Homem de Aço assumindo um papel maior na galáxia, batalhando pela liberdade em outros planetas. Essa é uma versão bem parecida com o Kal-El de O Reino do Amanhã e, como dito anteriormente, a proposta é se aprofundar mais na ficção científica e na mitologia futurista de Krypton.

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Por fim, o Bruce Wayne de Dark Detective mostra o personagem como um fugitivo nas ruas de Gotham, sem os mesmos recursos de quando ele era o Batman e tinha a fortuna da Wayne Enterprises, que faliu. Ele precisa lidar com a revelação de sua identidade secreta e limpar as ruas de sua querida cidade de um jeito mais “old school”, com base em suas habilidade de luta e de dedução e lógica.

Marvel Comics

A Casa das Ideias tem como maior evento atualmente a saga King in Black, vem visitando os principais títulos da editora durante a invasão do deus simbionte Knull. O poderoso ser que comanda as criaturas que formaram o Venom chegou dentro de um Celestial destruído, partiu o Sentinela ao meio e matou Eddie Brock. Em seguida, Thor, que atualmente anda ainda mais poderoso e chegou ao conflito.

Enquanto isso, o Homem-Aranha lidera os heróis na proteção de Dylan Brock, filho de Eddie, que pode ser a chave para vencer Knull, já que ele possui um DNA raro da combinação humana com simbionte. O Capitão América e o Homem de Ferro seguem tentando impedir a invasão de alienígenas na Terra, enquanto protegem os cidadãos nas ruas, ao lado dos Vingadores e outros heróis.

Thor chega a mirar na cabeça de Knull, em uma clara referência ao fato dele ter acertado Thanos no coração em Vingadores: Ultimato, mas nem isso dá certo. O herói ainda é atingido mortalmente pela Necroespada do vilão. E, na continuação, vemos alguém que finalmente pode deter Knull: o Surfista Prateado, em sua versão Black, desembarca no conflito. E aí a treta que vem a seguir é o que veremos no próximo mês.

The Avengers #41

A Força Fênix, que por muito tempo usou Jean Grey como sua hospedeira e já teve seus poderes divididos entre mutantes, desta vez precisa escolher um novo campeão para destinar sua energia cósmica. Por isso, a entidade vem realizando uma “competição” entre heróis e vilões, cedendo uma parcela de suas força para vários personagens.

Nesta edição, os escolhidos a serem testados são o Pantera Negra e o Homem-Coisa, que se alimenta do medo de seus oponentes. T’Challa conhece como os poderes de seu adversário funcionam e projeta como ele utilizaria munido da Força Fênix. Eis que ele simplesmente se deixa tocar pela criatura, que é vencida ao tentar usar sua habilidade contra um adversário destemido.

Enquanto isso, vários outros personagens, incluindo Howard, o Pato (é sério) continuam sendo testados pela Força Fênix, mas, aparentemente, ela já teria um favorito, na forma do Pantera Negra. Seguimos o que acontece na sequência, em fevereiro.

X-Men #17

A equipe segue no espaço com Ciclope, Jean Grey e Tempestado liderando um ofensiva que envolve o Império Shi’ar, em uma típica história dos X-Men dos anos 1990 — e isso fica ainda mais evidente na arte de Brett Booth, que já tem em seu estilo nativo o legado dos traços das equipes Dourada e Azul de Jim Lee no começo daquela década.

A trama, em si, não é tão importante assim para o cantinho mutante ou para o Universo Marvel em geral, mas o mais relevante por aqui é o lançamento da eleição para o último membro da equipe. Após os eventos de X of Swords, Scott e Jean definem que os X-Men deve ser oficialmente reunidos novamente — a equipe deixou de existir aos olhos do público durante a criação do Conselho Silencioso, novo governo de Krakoa.

À revelia do Conselho Silencioso, Scott e Jean, então, decidem que é necessário ter representantes do povo. Além de cada local mais importante ter seu escolhido, o público é quem vai definir o último membro dos novos X-Men. Para saber mais detalhes e como votar, acesse a matéria especialmente dedicada para esse assunto, no link logo abaixo.

Amazing Spider-Man #56, #57 e #58

Já faz uns meses que o Homem-Aranha vem enfrentando o vilão Condenado, que na verdade é uma versão ainda mais maligna e demoníaca (com reais poderes infernais) de Harry Osborn, filho de Norman, o Duende Verde. Depois que o Condenado usou o Devorador de Pecados para “limpar” a condição sombria do Duende Verde, Norman, aparentemente, tornou-se uma pessoa boa — embora, como já vimos no passado, isso possa ser apenas um status efêmero.

Isso tudo girou em torno da “morte” de Peter Parker, que foi salvo das garras do Condenado no último instante. E quem o salvou foi justamente dois de seus piores inimigos, Norman Osborn e Wilson Fisk, o Rei do Crime. Fisk ajudou Norman a criar uma prisão para o Condenado, com a ajuda da energia conhecida como Darkforce, a mesma que vem de uma dimensão manipulada pelo herói Manto.

Norman salvou Peter porque estaria “bonzinho” agora e tem como planos usar seu ex-inimigo para auxiliar seu filho, Harry, corrompido pela identidade de Condenado. Mas o Homem-Aranha recusa esse papel e dá uma surra em Norman. Na sequência, vemos a chegada do Senhor Negativo, que deu as caras em Marvel’s Spider-Man, game exclusivo para o PlayStation 4.

Embora essa trama toda tenha sido divertida, os desenhos de Mark Bagley continuam me incomodando bastante, porque seus traços são inconsistentes e sua narrativa é um tanto quanto antiquada. A história, em geral, parece servir muito mais para conectar os personagens ligados à “família Aranha” e elementos vistos nos videogames. Ou seja, é a Marvel conectando os pontos de sucesso em outras mídias na revista oficial de seu maior ícone.

Star Wars: The High Republic #1

Depois do fracasso da última trilogia nos cinemas, a Disney decidiu encerrar, pelo menos por enquanto, a saga da família Skywalker e visitar outro período de Star Wars. Essa nova fase vai fazer parte de livros, filmes, séries, games e, claro, quadrinhos. A chamada “Fase da Alta República” começou em janeiro na literatura e também com esta edição, que mostra “a gloriosa República”, “protegida pelos nobres e sábios Cavaleiros Jedi”.

Na história desta revista, vemos os Jedi se preparando para inaugurar uma nova estação de pouso e monitoramento na Orla Exterior. Vemos a clara intenção da Disney em continuar realizando algo que ela já vem fazendo nos últimos anos, que é ampliar os elementos do cânone e da mitologia de Star Wars, com mais detalhes sobre povos, civilizações, raças, planetas, aparatos e poderes Jedi. Isso tudo é ambientado aqui por meio de Jedis alienígenas e outro seres em treinamento para enfrentar os oponentes do Lado Sombrio da Força.

Até o próximo mês!

Obviamente, não dá para comentar tudo o que saiu no mercado norte-americano nas quatro semanas anteriores, mas essas edições são as que mais fizeram barulho em outubro e prometem ter relevância nas editoras (e em suas outras mídias) nos próximos meses.

Continuem lendo as matérias de quadrinhos e toda a cultura pop aqui do Canaltech. A coluna no primeiro domingo de março. E quem quiser me acompanhar no Twitter e saber das matérias relacionadas que saem durante o período, é só me seguir no @clangcomix. Até logo!