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Por que a LG abandonou o mercado de celulares há dois anos?

Por  • Editado por Léo Müller | 

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Diego Sousa/Canaltech
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Estávamos há um ano vivendo a pandemia de COVID-19 quando, em abril de 2021, a LG confirmou o que já se esperava há algum tempo. A empresa anunciou que se retiraria do mercado de smartphones após 23 trimestres seguidos de prejuízos no setor.

Mas como uma companhia que chegou a ser a terceira maior do mundo em vendas de smartphones chegou a tal ponto? Foram diversos fatores, como sempre, mas um foi bastante emblemático: o fracasso do celular LG G5, um modular com uma falha considerável de projeto.

A história da LG com smartphones

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A LG teve problemas no início da ‘Era do Smartphone’, quando optou inicialmente por utilizar o sistema operacional Windows Phone, da Microsoft. Mas não demorou tanto quanto a Nokia para corrigir os rumos e passar a adotar o Android.

Em 2010, a companhia se aproveitou de uma competição ainda fraca no mercado de smartphones e já ocupava a terceira posição global, atrás de Apple e Nokia. Naquele mesmo ano, anunciou que passaria a trabalhar com o sistema operacional do Google, com o objetivo de saltar de 117 milhões de unidades vendidas em 2009 para 140 milhões.

Tudo ia bem, e a LG conquistou uma boa parcela de fãs com a linha G, especialmente o G3 o LG G4. Ambos tiveram bastante sucesso, principalmente da crítica — apesar de não serem celulares perfeitos, é claro.

Curiosamente, a sul-coreana já sofria com prejuízos quando lançou o G4. O smartphone topo de linha foi lançado já em um ano em que a companhia começou a lidar com receitas menores que os investimentos. E nem mesmo a entrada no mercado de intermediários ajudou muito.

Em 2017, a linha K já tinha um público cativo no Brasil. Eu participei do lançamento do K10 Novo no Brasil. O nome gerou uma boa confusão, já que foi adicionada apenas a palavra “Novo” ao sucessor do bem recebido LG K. Eram bons aparelhos no segmento intermediário.

Por que a LG saiu de linha

Como eu já mencionei, são vários fatores que levaram a sul-coreana a deixar o mercado de smartphones. Entre eles, tem a questão da repetição de hardware nos modelos da linha K, que ano após ano trazia algumas inovações visuais, mas pouco em hardware. Os chips Helio P22 e Helio P35 foram usados à exaustão pela empresa por várias gerações.

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Mas não eram apenas os intermediários que traziam hardware defasado. Mesmo o LG G4 tinha o Snapdragon 808, quando o 810 já alimentava os concorrentes. E isso se repetiu mais algumas vezes, incluindo no LG G6, que inovou com a câmera ultrawide, mas tinha o Snapdragon 821, enquanto o Galaxy S8 já trazia o Snapdragon 835 (em algumas regiões).

No entanto, eu acredito que o maior tombo da empresa foi o modular G5. Lançado pouco antes da linha Moto Z, o celular LG trazia um design que permitia ao usuário trocar um módulo. Mas não era muito simples: você tinha que desligar o smartphone para fazer isso. A Motorola acertou com os módulos magnéticos na traseira, com uma abordagem muito mais prática do que a da LG.

Aí, o celular LG G5 deixou de fazer sentido. Por que comprar um celular que exige ser desligado para trocar o módulo se tem um tão bom quanto — pensando em hardware — que é só conectar e desconectar um módulo magnético? E sem precisar reiniciar para reconhecer. O G5 foi um fracasso.

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Tentativa de se reerguer

Isso forçou a sul-coreana a parar tudo o que tinha pesquisado e desenvolvido para o sucessor do G5. E correr contra o tempo para recalcular a rota a tempo de chegar com um G6 competitivo. Teria acertado, não fosse o uso do Snapdragon defasado. Ou, pelo menos, cobrado um preço menor pelo aparelho.

Sim, porque o LG G6 é um celular excelente. E tinha câmera extra ultrawide enquanto a maioria ainda tinha apenas um sensor na traseira e outro na frente. O Snapdragon 821 não é um processador ruim. Mas o conjunto todo ter o mesmo preço de um Galaxy S8 fez com que muita gente optasse pelo concorrente.

Além do processador, tinha a questão da tela. A tecnologia OLED já estava presente nos modelos da Samsung, enquanto a LG insistia no IPS LCD. O G8, lançado dois anos depois, foi o primeiro celular com tela OLED da LG.

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E aí, a empresa que já começava a registrar prejuízos quando, em tese, ainda estava no auge, passou a acumular trimestres sem lucros. Até chegar ao ponto de, em 2021, resolver sair da disputa de um mercado competitivo. Lembrando que também vimos a ascensão das chinesas neste período, o que só agravou a crise da LG.