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Análise | Acer Aspire 3 com Ryzen é notebook básico que só peca no preço

Por| 29 de Agosto de 2019 às 10h33

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Sergio Oliveira
Sergio Oliveira

O mercado nacional de notebooks é praticamente dominado pela Intel, que equipa quase a totalidade dos equipamentos com seus processadores. Também não é para menos: a marca é tão forte que é rapidamente associada por qualquer pessoa que tenha um mínimo de conhecimento de tecnologia. Apesar disso, aqui e acolá aparece uma e outra empresa apostando na concorrente AMD, que ultimamente vem se destacando com processadores e placas de vídeo ousados e bastante competitivos.

A Acer é uma das fabricantes que resolveu fazer essa aposta, lançando uma novo Aspire 3 que chama a atenção justamente por vir equipado com um processador AMD Ryzen 3 e GPU Radeon RX Vega 3. Embora a escolha possa fazer algumas pessoas ficarem ressabiadas, a proposta é justamente atender a faixa de entrada do mercado e um público que está longe de ser exigente.

Mas será que o notebook Acer Aspire 3 com Ryzen 3 cumpre seu papel? Como ele se sai no dia a dia na execução de tarefas simples? Ele é bom de verdade? Vale a pena? É isso o que vamos ver nesta análise.

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Design

Começando pelo design, o Acer Aspire 3 conta com um visual conservador e de acordo com as linhas que a fabricante utiliza para todos os seus notebooks — é possível até mesmo ver semelhanças entre este modelo e o Nitro 5, que já analisamos aqui no Canaltech.

A carcaça é toda feita de plástico, que recebeu um toque especial para passar a impressão de que é escovado. Por esse motivo, o notebook, que é grandalhão e mede 38,1 x 26,2 x 2,1 cm, pesa cerca de 2,1 kg. Não é muito, mas as dimensões complicam o transporte do equipamento — você provavelmente terá de investir numa mochila mais avantajada —, fazendo-o ficar mais tempo estacionado em cima da bancada do que indo de lá para cá.

No mais, esteticamente o Aspire 3 não traz nenhuma inovação em sua construção. Tudo é muito básico e a Acer resolveu não arriscar em absolutamente nada para não deixar o projeto caro. Por isso, o que temos em mãos é um notebook cuja tela vem acomodada em uma tampa com bordas grossas e muitas regiões subutilizadas, evidenciando uma certa despreocupação com a compacidade do notebook — algo normal para o que ele propõe.

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Se tudo isso tem lá seus aspectos negativos, é inegável que também contribui para duas características que me agradaram bastante: o tamanho da tela e o layout do teclado. Temos aqui um laptop que vem com um confortável display LCD de 15,6 polegadas e 220 nits de brilho — o que permite utilizá-lo até em locais com iluminação excessiva. Os dois únicos contratempos aqui são a resolução de apenas 1366 x 720 pixels e a distorção de cores apresentada pelo display quando não estamos olhando diretamente para a tela — isso dá para perceber até mesmo em algumas fotos que ilustram esta análise.

Já em relação ao teclado, ele dispõe de bastante espaço no Aspire 3 e por isso tem um layout muito bem pensado e confortável. As teclas são grandes e estão muito bem distribuídas, com espaço de sobra para o teclado numérico, que não "espreme" nem compromete nenhuma outra tecla. A única ressalva é quanto a firmeza das teclas, que durante os testes pareceram mais "frouxas" que o habitual. Mesmo assim, bastaram algumas horas de uso para me acostumar com elas e perceber que isso não compromete a experiência geral com o laptop.

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Outro componente que se vale muito bem do tamanho avantajado deste notebook da Acer é o touchpad. Com os botões esquerdo e direito instalados sob ele, o touchpad tem uma área tátil bem ampla, respondendo muito bem a comandos e gestos e cumprindo muito bem seu papel quando não há um mouse disponível.

Finalmente, dando uma olhada nas laterais do Aspire 3 vemos que ele conta com um bom conjunto de portas para um notebook de entrada. Do lado esquerdo temos a trava de segurança Kensington, porta Ethernet, HDMI, uma porta USB 3.0 e um leitor de cartões SD. À direita, encontramos a entrada para o conector de energia, duas portas USB 2.0 e um jack de 3,5 mm para áudio e microfone.

Especificações

Agora que já fizemos o tour pela parte externa do Aspire 3, é hora de conferir o que exatamente o notebook da Acer traz dentro da carcaça.

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O grande "atrativo" desta máquina é, sem dúvidas, o processador AMD Ryzen 3 2200U. Lançado no mercado em janeiro de 2018, este modelo compõe o que podemos chamar de "linha de frente" dos Ryzen 3, sendo o segundo mais básico dos sete processadores do tipo lançados pela AMD. Ele conta com dois núcleos físicos (e quatro threads) rodando a 2,5 GHz e podendo alcançar até 3,4 GHz. O TDP é de 15W, o que significa que ele não exige tanto assim da bateria para funcionar.

Acompanhando o processador, temos a GPU Radeon RX Vega 3, que, apesar do nome bonito e de ter um adesivo dedicado exclusivamente a ela na carcaça do Aspire 3, nada mais é que uma placa de vídeo integrada. No geral, ela cumpre bem o seu papel como uma opção de entrada, operando a 1,1 GHz e entregando desempenho semelhante à Nvidia GeForce 910M.

Completando o hall das principais especificações, temos 4 GB de memória RAM DDR4 2666 e 1 TB de armazenamento num HDD Western Digital de 5400 RPM. Embora a quantidade de memória RAM pareça ser muito pouca, ela lida bem com o Windows 10 e programas básicos como Word, Excel, navegadores e Spotify. Já o disco rígido... Bem, falaremos dele logo a seguir.

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Indo um pouquinho além, temos alto-falantes básicos, que só se destacam por não estourarem nem distorcerem o áudio em volumes mais altos, e uma webcam das mais básicas que você irá encontrar por aí, capaz de fazer fotos com apenas 640 x 480 pixels de resolução.

Finalmente, a bateria possui apenas duas células e 4.810 mAh de capacidade. Segundo a Acer, ela consegue manter o Aspire 3 longe da tomada por aproximadamente quatro horas.

Desempenho

Já conhecemos o Acer Aspire 3 por dentro e por fora, mas ainda não sabemos como ele funciona como um conjunto. Para tirar isso a limpo, realizamos dois tipos diferentes de testes: os automatizados e os práticos.

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Nos automatizados, submetemos o notebook a ferramentas de benchmark que nos dão uma noção do desempenho dele em rotinas prestabelecidas e atribuem pontuações que servem de referência para indicar o quão bem ele se sai em relação a um e outro equipamento.

No primeiro teste desse tipo, recorremos ao UserBenchmark. A partir da análise das especificações de hardware e da execução de determinadas tarefas, este benchmark online exibe um relatório compreensivo do desempenho da máquina, indicando qual o perfil de uso mais indicado, quais componentes se sobressaem e quais estão comprometendo o funcionamento do conjunto.

No teste que executamos, o UserBenchmark indicou que o Aspire 3 com Ryzen 3 é indicado para uso cotidiano, como computador pessoal mesmo, recebendo nota 39 de 100 nesse perfil de uso. Como workstation, a nota de desempenho do laptop caiu para 16; para games, ele obteve apenas 13.

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De acordo com a ferramenta, o processador se comportou dentro do esperado, sendo apropriado para rotinas de navegação online, leitura de e-mails, reprodução de vídeos e tarefas gerais. O desempenho gráfico ficou comprometido pela natureza básica da Radeon Vega 3, que, nesse contexto, serve mais para "dar uma força" ao processador do que necessariamente processar gráficos complexos. Apesar dessa ressalva, o disco rígido foi apontado como o componente mais crítico e que mais afeta o desempenho da máquina. O UserBenchmark aponta que devido à sua lentidão, ele compromete a inicialização do sistema e de programas e sugere a troca por um SSD. Também não é para menos: em um teste a parte feito com o ATTO Disk Benchmark, o software apontou que o HDD entrega velocidade máxima de apenas 120 MB/s.

Realizamos mais dois testes utilizando o PCMark 8 para aferir a duração da bateria do Aspire 3 e verificar como ele se sai executando tarefas do dia a dia e de rotina de escritório. Simulando navegação online, processamento de texto, edição de fotos, videochamadas e processamento gráfico básico, a bateria segurou o notebook longe da tomada por 3h53; limitado apenas a rotinas de trabalho, com navegação e processamento de texto, essa autonomia subiu quase uma hora, para 4h51. Em ambos os testes, então, a estimativa de duração da bateria ficou dentro do informado pela Acer.

Partindo para os testes práticos, experimentei o melhor e o pior que o Aspire 3 com Ryzen 3 pode oferecer. Com uma instalação novinha do Windows 10, o notebook funcionou dentro da normalidade, com tempo de inicialização dentro do que podemos considerar como aceitável. Porém, à medida que instalava apps básicos como Spotify, Adobe Reader e outros que iniciam processos em segundo plano junto com o sistema operacional, o desempenho começou a cair sensivelmente. Acompanhando as métricas de desempenho do sistema, pude observar que isso acontecia não necessariamente pela falta de memória RAM ou pelo processador estar muito ocupado, mas porque o disco rígido começou a operar em níveis críticos, não conseguindo atender a todas as tarefas.

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A coisa toda foi para o brejo quando o Windows Update entrou em ação e começou a instalar uma atualização que mantinha o disco rígido 100% ocupado a todo instante. Resultado: enquanto esse update rolou, o PC permaneceu inutilizável.

Porém, com o Windows Update fora de cena e todas as tarefas devidamente iniciadas, o Aspire 3 se comportou dentro da expectativa. Como um notebook voltado para o usuário doméstico e básico, ele segurou muito bem o Word, Excel, PowerPoint, leitor de PDF, Netflix e até o Chrome com 10 abas abertas. A linha do desempenho "aceitável", entretanto, começou a ser cruzada quando abri o Photoshop CC 2015 para editar algumas imagens: nesse cenário, o programa da Adobe levou quase um minuto até ser completamente carregado, enquanto imagens de alta resolução levavam uns bons 10 segundos até serem salvas com as edições feitas.

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E os jogos? Bem, se você se satisfaz com títulos indie e de publishers como a Devolver, este notebook irá satisfazê-lo rodando esses games com gráficos no máximo no intermediário. Qualquer coisa acima disso, e até jogos um pouco mais antigos e de catálogo, já exige demais do equipamento e ele não dá conta. Edição de vídeo, então, esqueça.

Vale a pena?

A esta altura da análise, você deve estar se perguntando se o Aspire 3 com Ryzen vale a pena. Muito bem, vamos às nossas considerações.

Ao longo deste review ficou óbvio que o que temos em mãos é um laptop básico, feito para um público que não é exigente e está a procura de um equipamento para fazer apenas o essencial. Dentro desse contexto, o processador e GPU da AMD formam um bom par e dão conta do recado, rodando satisfatoriamente o Windows 10 e a maioria dos programas de escritório e relacionados a navegação online. Espremendo um pouquinho, os dois até dão conta de um Photoshop da vida e de um ou outro jogo mais básico.

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Apesar disso, há algumas questões que incomodam um pouco, mesmo em um notebook de entrada como este. Foi o caso, por exemplo, da tela, que não é antirreflexo, e principalmente do disco rígido, que poderia ser de pelo menos 7200 RPM para não comprometer tanto a performance do conjunto. Por um lado, dá para relevar se pensarmos que detalhes como esses podem impactar diretamente no preço final do produto para o consumidor; por outro, aceitar essa explicação exige um certo esforço, sobretudo depois que vemos o preço oficial do Aspire 3 com Ryzen: R$ 2.300.

Infelizmente, é esse valor que pode acabar pesando mais na hora de alguém decidir levar este notebook para casa. Mas antes que alguém atire pedras, precisamos deixar uma coisa muito clara: a culpa não é exatamente da Acer. Se observarmos o mercado atual, notebooks com configurações semelhantes custam a mesma faixa de preço. Há opções mais baratas, na faixa dos R$ 1.700, mas aí você provavelmente estará levando para casa um Intel Celeron ou Atom, de desempenho inferior a um Ryzen 3 ou Intel Core i3.

Tudo bem, no passado era possível encontrar notebooks básicos com mais recursos que este daqui. Infelizmente, não adianta fazer esse tipo de comparação, especialmente porque o mercado passou por muitas transformações desde então — a maior delas, inclusive, foi a retirada de incentivos fiscais que barateavam computadores e outros produtos do tipo. Por conta disso, ainda que seja mais fácil demonizar não só a Acer, mas todas as outras fabricantes, é preciso entender que essa é a realidade do mercado atual. Dói, mas é a verdade.

Depois de falarmos tudo isso, qual o veredito? Bem, o Aspire 3 com Ryzen 3 é um notebook básico muito competente. Sim, ele tem lá os seus defeitos, mas para quem está em busca de um laptop novo para fazer apenas o básico, ele é uma opção válida. Apesar disso, sabemos que o preço pode incomodar, então nossa recomendação é ficar de olho nele e comprá-lo quando surgir uma promoção ou desconto especial. Buscando na internet, é possível encontrar relatos de que ele já foi visto com etiqueta de R$ 1.700 em alguns e-commerces, então fique atento.