Quem é Elon Musk? Como ele ficou tão rico e por que comprou o Twitter?
Por Márcio Padrão • Editado por Claudio Yuge |
Depois de dias de especulações, Elon Reeve Musk comprou o Twitter nesta segunda-feira (25). A aquisição da rede social é a última das conquistas do empresário sul-africano de 50 anos, dono também das empresas Tesla, SpaceX, Boring Company, Neuralink e OpenAI e o homem mais rico do mundo com uma fortuna estimada em US$ 268,2 bilhões (R$ 1,25 trilhão).
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O começo de carreira de Elon Musk
Elon Reeve Musk nasceu em 28 de junho de 1971 em Pretória, capital da África do Sul. Sua mãe era modelo e nutricionista, e seu pai, engenheiro eletromecânico e coproprietário de uma mina de esmeraldas na Zâmbia. O casal se divorciou e Elon foi morar com o pai, mas depois se distanciou dele, após considerá-lo "um terrível ser humano". O rapaz aprendeu a programar em um computador Commodore VIC-20, onde aos 12 anos fez o código de um videogame. Musk o vendeu para a revista Office Technology por US$ 500 (quase R$ 2,5 mil na cotação atual).
Formou-se na Universidade da Pensilvânia (EUA) em 1995 com um bacharelado em física e outro em economia. Um ano antes, estagiou em duas startups do Vale do Silício dos EUA: a Pinnacle Research Institute, voltada a armazenamento de energia, e a Rocket Science Games, uma desenvolvedora de jogos. Foi aceito em um programa de doutorado em Ciência dos Materiais na Universidade de Stanford, na Califórnia. Tentou um emprego na empresa de navegadores web Netscape, mas nunca recebeu uma resposta.
Musk deixou o doutorado para lançar sua primeira startup com seu irmão Kimbal e Greg Kouri. Ainda em 1995, fundaram a empresa de software Zip2 com fundos de investidores anjo. A empresa desenvolveu e vendeu um guia da cidade para jornais e listas de páginas amarelas.
Elon Musk começa a lucrar, da PayPal à SpaceX
A Compaq adquiriu a Zip2 por US$ 307 milhões em 1999, e Musk recebeu US$ 22 milhões por sua participação de 7%. No mesmo ano, Musk criou a X.com, uma empresa de pagamentos online. Ela se fundiu com o banco online Confinity e deu origem ao PayPal. O sul-africano se tornou CEO da nova empresa. Em 2002, a PayPal foi adquirida pelo eBay por US$ 1,5 bilhão (R$ 7,4 bilhões nos valores de hoje em dia). Musk era o maior acionista, com 11,72% em papeis, e por eles recebeu US$ 175,8 milhões (R$ 871,8 milhões na conversão atual).
A bolada recebida com a venda do Paypal permitiu a Musk fundar, ainda em 2002, a Space Exploration Technologies, empresa de exploração espacial conhecida como SpaceX. Dois anos depois, tornou-se um investidor da montadora de carros elétricos Tesla, que não foi fundada por ele, mas sim por Martin Eberhard e Marc Tarpenning. O sul-africano viria a assumir o cargo de CEO e arquiteto de produto em 2008. Um acordo judicial de 2009 com Eberhard designou Musk como um cofundador da Tesla, juntamente com Tarpenning e outros dois executivos.
Nos últimos anos, os carros da Tesla viraram sinônimo de veículos elétricos inovadores, apesar de caros. Já a SpaceX criou o Falcon 9, primeiro foguete com primeiro estágio reutilizável que fez um bem sucedido pouso vertical. Outros projetos de Elon Musk incluem o SolarCity (2006), focado em produzir soluções de energia solar; a OpenAI (2015), empresa de inteligência artificial; a Boring Company, que promete transporte em alta velocidade em túneis, e a companhia de neurociência Neuralink, ambas de 2016.
Ele foi listado pela primeira vez na lista de bilionários da Forbes em 2012, com um patrimônio líquido de US$ 2 bilhões (R$ 9,9 bilhões atualmente). Em 2020, este valor saltou para mais de US$ 150 bilhões (R$ 744 bilhões) por conta do aumento das ações da Tesla na época. Neste ano, finalmente chegou ao topo da lista da Forbes. Meses antes, foi eleito pela revista Time a Personalidade de 2021.
Polêmicas de Elon Musk
À medida que ficou mais rico com suas empresas, Musk tornou-se um garoto-propaganda de suas próprias visões de ciência e futuro. Com a Tesla, defende que estamos prontos para deixar para trás os automóveis movidos a combustíveis fósseis e se mover para a energia limpa. Com a SpaceX, acredita que a humanidade poderá colonizar outros planetas nas próximas décadas. Com a Neuralink, sonha com aplicações avançadas em neurociência para que as pessoas se comuniquem com as máquinas com a força do pensamento.
Seu histórico de empresário bem sucedido e visionário só contrasta com seus métodos arriscados de fazer negócios e suas controversas e grosseiras declarações públicas no Twitter.
Apesar de ser um sucesso hoje, a Tesla quase foi à falência, e em 2009 teve que aceitar um empréstimo de US$ 465 milhões (R$ 2,3 bilhões) do Departamento de Energia dos EUA para se reerguer. A empresa reembolsou o dinheiro em 2013, nove anos antes do previsto.
Em 2019, Musk foi processado pelo mergulhador de cavernas Vernon Unsworth, que foi chamado de “pedófilo” pelo executivo em um post no Twitter, além de o acusado de ter se mudado para a Tailândia para “casar-se com uma ‘noiva criança’ de uns 12 anos”.
Falando no Twitter, é lá que o bilionário acumula a maioria das polêmicas. Em 2018, foi processado pela SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) por um tuíte alegando que havia garantido financiamento para tomar a Tesla privada. O processo caracterizou o tuíte como falso, enganoso e prejudicial para os investidores. Como resultado, Musk e a Tesla foram multados em US$ 20 milhões (R$ 99 milhões) cada, e ele foi forçado a renunciar por três anos como presidente da Tesla, mas pôde permanecer como CEO.
Suas falas mexem bastante com o mercado de criptomoedas, com o qual tem relações de amor e ódio. Ao falar em um debate com o chefe do Twitter, Jack Dorsey, no ano passado, Musk disse que “provavelmente” aceitará o Bitcoin como pagamento no futuro. Com isso, o preço do Bitcoin saltou de US$ 29.789,90 (R$ 147.743,48) para US$ 32.135,10 (R$ 159.374,53) – uma variação de 7,87% em um único dia. Analistas dizem que Musk faz isso para manipular o mercado em benefício próprio, para lucrar em cima do vai e vem das cotações.
Até suas investidas científicas são bastante criticadas. Para ficar em um exemplo, temos a Starlink, rede de satélites ao redor da Terra para criar uma internet de alta velocidade. Astrônomos argumentam que os satélites refletem a luz do Sol. Como resultado, interferem nas observações astronômicas e estudos de áreas variadas, como a física fundamental, cosmologia e até de asteroides que podem ameaçar a Terra.
Por que Elon Musk comprou o Twitter
A compra do Twitter não aconteceu de forma tranquila. No começo de abril, ele adquiriu o equivalente a 9,2% do total de papéis da companhia. Foi nomeado para o conselho de administração, mas desistiu dias depois. Por fim, fez uma oferta final para comprar todo o Twitter por US$ 43 bilhões (R$ 213,2 bilhões) e fechar o capital da empresa.
No meio do caminho, enfrentou resistência da diretoria e de acionistas — em grande parte por temerem interferência na moderação de conteúdo do Twitter. Musk afirma que comprou o microblog em defesa da liberdade de expressão na plataforma — algo que é interpretado por muitos como conivência à desinformação e discurso de ódio.
Ainda não dá para saber se essa é mesmo a exata razão pela bilionária aquisição. Certo é que seus planos, como todos os outros, são ambiciosos. Portanto, só o tempo vai nos dizer por que ele desembolsou tanto dinheiro pela companhia.