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O que o Brasil pode fazer para cumprir a meta de conservação de espécies da ONU?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 24 de Janeiro de 2023 às 10h32

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Masakazu Kobayashi/Pixabay
Masakazu Kobayashi/Pixabay

A taxa de perda de biodiversidade no mundo hoje é a maior que se pode calcular desde a época da extinção dos dinossauros. Foi com base nisso que quase 200 países assinaram, em dezembro do ano passado, um acordo na convenção da ONU pela manutenção da biodiversidade.

Os signatários deste documento concordam em tomar ações para que um terço da superfície do planeta esteja protegida até o ano de 2030 com o objetivo de recuperar a população de espécies ameaçadas de extinção e evitar que novas delas entrem nesse processo.

Um artigo publicado no portal The Conversation dá cinco sugestões para que a comunidade internacional atinja essas metas. Com base nelas, o Canaltech sugere ações específicas para o Brasil.

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1. Zerar o desmatamento ilegal

O Brasil possui florestas de vital importância para a remoção do carbono atmosférico no mundo, mas essa não é a única função delas. Tanto a Amazônia quanto os remanescentes de Mata Atlântica, além de cada um dos outros biomas do país, abrigam uma enorme biodiversidade. Os biomas brasileiros ainda contam com um grande número de espécies endêmicas: que não existem em qualquer outro lugar do mundo.

Zerar o desmatamento é uma meta ambiciosa, mas necessária neste contexto. A perda de área de mata nativa cresceu significativamente nos últimos cinco anos, o que deixou diversas espécies em risco. Cortes feitos de acordo com planos de manejo florestal não precisam deixar de existir, mas é preciso reservar áreas e respeitar períodos de regeneração.

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2. Demarcação de Terras Indígenas

Quando se fala em proteger legalmente áreas de floresta, existem diferentes categorias que uma região pode ser classificada. Existem unidades de conservação de proteção integral, que permitem poucos usos da área protegida, e existem as unidades de conservação de uso sustentável. É preciso aumentar a quantidade de ambos os tipos no Brasil, mas uma outra classe de área protegida é ainda mais necessária.

As terras indígenas são áreas demarcadas para o uso exclusivo destas comunidades tradicionais que habitam o território brasileiro desde antes da chegada de povos europeus. Os povos indígenas podem contribuir muito na preservação da biodiversidade. Já é fato que estas áreas são mais efetivas na conservação que outras classes como os parques nacionais ou reservas florestais. Expandi-las é fundamental para uma proteção ambiental mais eficiente.

3. Áreas de proteção marinhas

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O Brasil é um dos países com a maior extensão litorânea no mundo, isso faz com que a área marítima que o país controla também seja uma das maiores. Essa área é chamada de Zona Econômica Exclusiva.

Não são somente as espécies terrestres que precisam de proteção para atingir a meta do acordo da ONU. Com a posse deste grande território marinho, é dever do país estabelecer novas áreas de proteção também no oceano. Atividades de pesca e outras que se dão além da terra firme, como a extração de petróleo, devem ser mantidas em níveis sustentáveis.

4. Repensar a agropecuária

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O setor agropecuário responde por uma importante parcela do PIB nacional, mas sua expansão sobre áreas de floresta nativa representa um risco à conservação de espécies nestas regiões. Além disso, o desmatamento associado tem impactos indiretos em outras espécies, já que as mudanças climáticas decorrentes dele podem afetar seres vivos em todo o planeta.

O modelo atual de produção não é compatível com a meta de proteção de espécies da ONU, nem com as ações a serem tomadas contra as mudanças climáticas como um todo, definidas em outro acordo que o Brasil também assinou. Uma alternativa possível para este ponto é o último item da nossa lista.

5. Aproveitar o potencial regional

As questões ambientais podem ser vistas como “inimigas” do desenvolvimento econômico. Isso não precisa ser verdade: é possível conciliar ambas as partes. Contudo, a forma com que o desenvolvimento se dá pode ser feita de maneira mais racional.

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Uma alternativa que se discute no âmbito do desenvolvimento sustentável é desenvolvimento endógeno: que vem de dentro. Ou seja, aproveitar o potencial interno de cada região, ao invés de ceder às pressões externas no que se deve produzir ali. Um exemplo prático disso é fortalecer a produção de espécies vegetais nativas de uma região e não implantar a monocultura de soja, cana, entre outras.

Fonte:  The Conversation