Desmatamento na Amazônia cresce pelo quinto ano seguido e é o maior em 15 anos
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |
O Sistema de Alertas de Desmatamento do instituto de pesquisa Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) reportou em 2022 um aumento pelo quinto ano consecutivo no desmatamento da Amazônia. A área total de floresta derrubada foi de 10.573 km², o maior número em 15 anos.
- A Amazônia tem salvação? Cientistas temem ponto crítico para a floresta
- Brasil bate recorde de desmatamento na Amazônia e Cerrado em 2022
O número é equivalente a cerca de 7 vezes o tamanho do município de São Paulo. Quando calculada a taxa de desmatamento diário, 3.000 hectares foram devastados a cada 24 horas. O desmatamento acumulado nos últimos quatro anos ainda ultrapassa a área de dois estados brasileiros: os 35.193 km² de floresta perdida superam o tamanho de Alagoas e Sergipe (27 e 21 mil km², respectivamente).
Os estados mais afetados foram Pará (3.874 km²), Amazonas (2.575 km²) e Mato Grosso (1.604 km²), os mesmos desde 2019. Amazonas registrou o maior aumento em relação ao ano anterior, perdendo 25% mais floresta que em 2021.
Um desafio para o novo governo
Carlos Souza Jr., coordenador do programa de monitoramento, diz que “estamos alertando sobre o crescimento do desmatamento na Amacro [estados do Amazonas, Mato Grosso e Rondônia] pelo menos desde 2019. Porém, não foram adotadas políticas públicas eficientes de combate à derrubada na região, assim como em toda a Amazônia, resultando nesses altos números de destruição em 2022”.
A promessa do novo governo federal é priorizar a proteção da Amazônia, como indicam falas recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva. Uma das medidas anunciadas foi a criação de uma secretaria específica para parar a derrubada das florestas. Além disso, o Fundo Amazônia, que havia sido congelado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, foi reativado e voltou a captar recursos de países como a Alemanha e Noruega.
Bianca Santos, pesquisadora do Imazon, ressalta a importância de outras ações como a reestruturação de órgãos de fiscalização e a demarcação de terras indígenas. Dentre as áreas de proteção determinadas por lei, estas foram as que tiveram menor desmatamento.
Como funciona o monitoramento
O Imazon detecta os desmatamentos a partir de imagens dos satélites das séries Landsat (NASA) e Sentinel (Agência Espacial Europeia), ambas as fontes são públicas e qualquer pessoa pode fazer o download dos dados. O processamento das imagens é automático e os resultados são validados por analistas do instituto.
Outros sistemas de monitoramento, como o Deter do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), também usam metodologias semelhantes e chegaram à mesma crescente de desmatamento em 2022. Os dados do Deter são baseados em imagens dos satélites CBERS e IRS e somam 10.267 km² de área desmatada no último ano.