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Desmatamento da Amazônia pode prejudicar combate ao aquecimento global

Por  • Editado por  Rafael Rigues  | 

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Divulgação/Marizilda Cruppe/Amazon Watch/Amazônia Real
Divulgação/Marizilda Cruppe/Amazon Watch/Amazônia Real

Carlos Nobre, pesquisador aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), estima que se o ritmo atual de desmatamento, degradação e queimada da Amazônia continuar, até 70% da floresta podem ser perdidos em 50 anos. O alerta veio durante uma mesa-redonda realizada no fim de julho, durante a 74º Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Em sua fala, Nobre observou que as florestas tropicais comportam mais de 400 bilhões de toneladas de carbono capturado da atmosfera, e a maior parte deste total está na Amazônia. “Só a perda de 50% a 70% da floresta amazônica jogaria na atmosfera 300 bilhões de toneladas de carbono”, disse ele.

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Segundo ele, mesmo que as emissões de gás carbônico da queima de combustíveis fósseis sejam reduzidas até 2050, a degradação da Amazônia e de outras florestas tropicais faria com que o aquecimento global chegasse à marca de 2,4 ºC. Neste cenário, a região que hoje abriga a floresta acabaria com características bem diferentes daquelas que conhecemos hoje.

Ela teria poucas árvores, muitas gramíneas e arbustos, e perderia grande parte de suas funções. “A floresta se restringiria a áreas próximas dos Andes, onde a estação seca é muito curta e os volumes de chuva são maiores”, disse. Além disso, a floresta perderia também sua capacidade de absorção do carbono.

Por fim, Nobre lembrou que a comunidade científica já tem dúvidas se ainda é possível impedir que a Amazônia chegue ao chamado “ponto de não retorno”, nome dado ao processo em que a floresta é tão desmatada que se torna um ambiente com menos chuvas; através de um ciclo vicioso de queimadas, ela acaba cada vez mais seca.

“Pessoalmente, acho que isso é possível se conseguirmos restaurar o sul da Amazônia; dessa forma, a floresta conseguirá se regenerar”, sugeriu ele. Medidas diversas, como zerar o desmatamento da floresta até o fim da década e iniciar um programa de restauração em todo o sul dela podem contribuir para evitar que algo do tipo aconteça.

Fonte: Fapesp