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Surtos de doenças no passado afetaram a atmosfera da Terra

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Março de 2024 às 21h15

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NASA Earth Observatory/Wikimedia Commons
NASA Earth Observatory/Wikimedia Commons

Surtos de doenças no passado, como a Peste Negra, podem ter modificado a atmosfera terrestre. A descoberta veio, inusitadamente, dos núcleos de gelo da Antártida, onde ficam guardadas informações sobre o dióxido de carbono presente no planeta.

Bolhas de ar guardadas nos núcleos congelados do sul conseguem preservar amostras gasosas de milhares e até milhões de anos atrás, demonstrando como a presença humana — ou a falta dela — pode afetar a Terra consideravelmente. O estudo desses núcleos foi revisado pela paleoclimatóloga Amy King e sua equipe, da Pesquisa Antártica Britânica, que publicou resultados na revista Nature Communications.

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Dois núcleos de gelo em especial compõem os registros mais bem preservados dos últimos 2 mil anos: o Domo de Law, uma espécie de colina de gelo antártico, e o centro do Manto de gelo da Antártida Ocidental.

Registros gelados do passado

Há 2.000 anos, eventos como a Erupção do Vesúvio e guerras antigas afligiam a humanidade, e doenças como a peste bubônica e a sífilis infectavam nossa espécie antes e depois da marca milenar. Apesar do Domo de Law e dos centros gelados do ocidente antártico se complementarem na maioria das vezes, há algumas discordâncias em seus registros.

No Domo de Law, é possível ver uma queda vertiginosa dos níveis de CO2 em um período de 90 anos que chega no limite mais baixo em 1610 d.C. Isso combina com os efeitos do primeiro contato entre as populações do Velho Mundo e do Novo Mundo, quando doenças passaram dos europeus colonizadores para os indígenas americanos, que também infectaram os invasores com patógenos próprios.

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A queda foi populacional foi tão grande que historiadores indicam um abandono de áreas anteriormente populadas, o que permitiu à vegetação local crescer novamente. Naturalmente reflorestadas, essas regiões teriam absorvido muito dióxido de carbono da atmosfera, gerando a queda percebida no Domo de Law.

O problema é que o ocidente antártico não mostra uma queda tão acentuada, mas sim um declínio gradual do CO2, finalizando mais tarde no século XVII. Para calcular uma média melhor, cientistas perfuraram outro núcleo de gelo, o da Elevação de Gelo Skytrain, entre 2018 e 2019.

Os registros gasosos do novo núcleo cobrem de 1454 d.C. a 1688 d.C., e indicam um declínio mais gradual, em acordo com o dos núcleos do ocidente antártico. São 0,5 ppm (partículas por milhão) por década entre 1516 d.C. e 1670 d.C.

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Junto a modelos do fluxo carbônico da época e estimativas da vegetação terrestre, a conclusão foi de que o declínio visto no Domo de Law não é plausível, mesmo que exista uma escassez nos dados populacionais antigos. Não é descartado, no entanto, um evento de absorção de carbono desconhecido, segundo os cientistas.

Fonte: Nature Communications