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Gelo marinho da Antártica atinge a menor extensão em 5 anos

Por| Editado por Rafael Rigues | 19 de Abril de 2022 às 18h30

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henrique setim/Unsplash
henrique setim/Unsplash

O gelo marinho da Antártica atingiu um novo recorde de extensão mínima no início deste ano, o segundo evento dessa natureza nos últimos cinco anos, segundo novo estudo liderado pela Universidade Sun Yat-sen, em Guangzhou, na China. Embora parte da causa dessa perda de gelo tenha sido compreendida, ainda é um desafio entender exatamente como as mudanças climáticas estão afetando o polo sul.

Enquanto o Ártico tem aquecido mais rapidamente do que qualquer outra parte da Terra e passa por degelo crescente, na Antártica é observada uma tendência de crescimento de 1% da extensão de gelo a cada década desde 1970. No entanto, desde 2017, a extensão do gelo marinho no polo sul vem se reduzindo.

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Em fevereiro desse, quando o verão se aproximava de seu fim no hemisfério sul, a extensão mínima do gelo marinho na Antártica alcançou o recorde de 2 milhões de quilômetros quadrados, de acordo com os registros de observações de satélites feitos desde 1978.

Esses dados mostraram uma cobertura de gelo bem menor do que o habitual nos mares de Bellingshausen, de Amundsen, parte ocidental do Oceano Índico, e no mar de Weddel. Nessa região, a extensão do gelo marinho foi pelo menos 30% menor do que a média registrada de 1981 a 2010.

Estimando as influências

Para entender as possíveis causas dessa perda de gelo marinho, os pesquisadores usaram os registros diários da concentração desse gelo e a perda de blocos de gelo à deriva nos mares, datados de 1979 a 2022 pelo National Snow and Ice Data Center (NSIDC).

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A análise desses dados permitiu a equipe observar o quanto de gelo marinho era perdido e recuperado, e as influências da termodinâmica que afetam esse processo de acordo com cada estação do ano. A equipe descobriu que, no verão, a termodinâmica domina o processo de degelo.

Segundo os pesquisadores, isso ocorre por causa de anomalias no transporte de calor para o polo sul através dos mares de Bellingshausen/Amundsen e do leste do mar de Weddel. No verão também há um aumento da radiação, resultando em um albedo e temperatura maiores.

O albedo diz o quão “branca” é uma superfície. Quanto mais branca, maior é o reflexo da radiação e quanto mais escura, maior é a absorção. “O gelo marinho é mais branco do que o mar escuro e não congelado, portanto, há menos reflexão de calor e mais absorção”, disse o climatologista Qinghua Yang, coautor do estudo.

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Na primavera, além da termodinâmica, o gelo marinho se desprende no Mar de Amundsen e é deslocado para o norte, aumentando seu derretimento. O estudo também descobriu que o novo recorde de extensão mínima do gelo marinho ocorreu ao mesmo tempo que dois fenômenos: o La Niña e o Modo Anular do Sul (SAM).

O La Niña é um fenômeno climático cujos ventos fortes empurram as águas quentes da superfície do oceano da América do Sul para a Indonésia. Já o SAM, é um cinturão de ventos fortes que vêm do oeste ou de uma área de baixa pressão que envolve toda a Antártida.

A combinação desses fenômenos aprofunda ainda mais a chamada baixa do Mar de Amundsen (ASL), um centro de baixa pressão atmosférica no extremo sul do Pacífico e na costa ocidental da Antártica. As anomalias no gelo marinho se originam com a intensidade e a posição da ASL.

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Agora, os pesquisadores querem entender como a variabilidade das condições atmosférica dessa região é a maior do que em qualquer outra parte do hemisfério sul.

O estudo foi relatado na revista Advances in Atmospheric Sciences.

Fonte: Advances in Atmospheric Sciences, Via Phys.org