Evidências do maior terremoto da história são encontradas no norte do Chile
Por Wyllian Torres • Editado por Rafael Rigues |
Evidências do maior terremoto da história da humanidade, que aconteceu há mais de 3 mil anos, foram encontradas onde hoje é o norte do Chile, segundo relata um novo estudo liderado pela Universidade do Chile. O abalo sísmico teria atingido uma magnitude de 9,5, produzindo um enorme tsunami que levou a população costeira a abandonar o litoral por até mil anos.
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O terremoto aconteceu 3.800 anos atrás devido à ruptura de uma placa tectônica na região. O abalo sísmico foi tão intenso que criou um tsunami de 8.000 km e até 20 metros de altura que viajou até a costa da Nova Zelândia, onde lançou enormes pedras a quilômetros no interior da ilha.
Até então, o maior terremoto conhecido era o de Valdivia, que em 1960 atingiu o sul do Chile com um abalo de magnitude entre 9,4 e 9,6, matando até 6 mil pessoas e espalhando maremotos pelo Pacífico. O evento foi provocado por uma ruptura de 800 km de comprimento em uma placa tectônica.
Os pesquisadores relatam que o recém-descoberto megaterremoto também foi gerado por uma ruptura em uma placa tectônica, desta vez com 1.000 km de comprimento. À medida que uma placa se desloca para baixo da outra, a tensão no ponto de contato entre elas se acumula até se romper como um mega impulso sísmico.
James Goff, geólogo da Universidade de Southampton e coautor do estudo, explica que ele e sua equipe encontraram evidências do terremoto em depósitos litorais e rochas marinhas encontradas no interior do deserto do Atacama, deslocados pelo tsunami gerado pelo abalo sísmico.
Estimando a idade do evento
Os pesquisadores realizaram coletas de sedimentos em sete locais de escavação ao longo de 600 km da costa norte do Chile. Então, eles usaram o método de datação por carbono-14 para estimar a idade das amostras. Segundo a análise, o material foi deslocado para o interior há pelo menos 3.800 anos.
Além dessas evidências, os pesquisadores encontraram antigas estruturas de pedra sob os depósitos do tsunami, que não passam de paredes construídas por humanos que viviam ali. Algumas dessas paredes estavam viradas, indicando que apenas o fluxo intenso do maremoto poderia deslocá-las.
Segundo Goff, o fenômeno deixou a população costeira sem nada e uma “enorme agitação social” conduziu as comunidades para o interior do Chile, para além do alcance do tsunami. Apenas mil anos depois é que as pessoas voltaram a viver ali. "Um período de tempo incrível, já que dependiam do mar para obter comida", apontou.
A descoberta ajudará a entender terremotos dessa magnitude e de seus efeitos pelo globo. Por exemplo, quando esse megaterremoto aconteceu há mais de 3 mil anos, as ilhas ao sul do Pacífico eram desabitadas, ao contrário do que é hoje. Então a descoberta poderá ajudar a evitar danos maiores, caso o fenômeno se repita.
A descoberta foi relatada no periódico científico Science Advances.
Fonte: Science Advances, University of Southampton, Via Live Science