Terremoto "escondido" no Atlântico Sul gerou um tsunami global em 2021
Por Wyllian Torres • Editado por Patricia Gnipper |

Um terremoto que abalou o Atlântico Sul no ano passado, produzindo um tsunami global, na verdade se tratava de uma sequência de cinco abalos sísmicos, segundo novo estudo liderado pela Caltech. Um terremoto raso e “quase invisível” foi responsável por 70% da energia liberada pelo fenômeno.
Em agosto do ano passado, um terremoto de magnitude 7,5 abalou o Atlântico Sul. No entanto, o epicentro do tremor foi 47 km abaixo da superfície terrestre — profundo demais para produzir um tsunami em escala global, como aconteceu.
Além disso, houve uma ruptura de quase 400 km de extensão entre as placas tectônicas, o que deveria ter produzido um terremoto ainda maior. Os sismólogos ficaram intrigados com os sinais do terremoto e resolveram rever os dados.
Os pesquisadores descobriram então que o terremoto foi uma sequência de cinco tremores. O terceiro abalo, com magnitude de 8,2, foi o mais lento e ocorreu a apenas 15 km abaixo da superfície, mas ficou “escondido” entre os outros.
Até então, o terremoto estava ofuscado no emaranhado de ondas sísmicas daquela sequência, até que Zhe Jia, principal autor do estudo, ampliou o período de leitura para até 500 segundos.
Foi quando Jia descobriu o terremoto que durou 200 segundos foi responsável por mais de 70% de toda a energia liberada durante a série de abalos sísmicos. “O terceiro evento é especial porque foi enorme e silencioso”, acrescentou.
Prevendo riscos de um terremoto
Prever as consequências de um terremoto como esse é um desafio complexo. O abalo no Atlântico Sul produziu um tsunami que atingiu costas até 10.000 km de distância, embora as ondas não tenham passado de 75 centímetros de altura.
Os pesquisadores acreditam as descobertas indicam como os atuais sistemas de alerta de terremotos e tsunamis precisam ser atualizados. Para salvar a população costeira, é necessário ampliar a leitura sísmica.
Atualmente, a maior parte dos sistemas de monitoramento se concentram em períodos curtos e médios de ondas sismológicas, mas o novo estudo demonstra como os eventos mais longos podem conter informações importantes.
A equipe espera que seu trabalho contribua para o aperfeiçoamento dos centros de monitoramento de terremoto e tsunamis, de modo que possamos prever esses eventos com rapidez e total dimensão.
O estudo foi apresentado na revista Geophysical Research Letters.
Fonte: Geophysical Research Letters, AGU, Via ScienceAlert