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Cientistas não estão impressionados com o implante cerebral de Elon Musk

Por| 01 de Setembro de 2020 às 18h20

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Captura de tela: Neuralink/YouTube
Captura de tela: Neuralink/YouTube
Elon Musk

Na última sexta-feira (28), Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, finalmente apresentou à imprensa como está o seu mais recente projeto que promete inserir um chip no cérebro humano. Através da Neuralink, companhia de tecnologia médica, o executivo quer ajudar pessoas em diversas condições limitadoras.

A demonstração, no entanto, pode ter chocado o público geral, mas não surpreendeu especialistas no assunto. O usuário @ansdor no Twitter, por exemplo, condenou a ideia de Elon Musk. "Se você é um programador ou já usou qualquer tipo de aplicativo na sua vida, a ideia de ter um software conectado diretamente no seu cérebro é a coisa mais assustadora que se pode imaginar", contou.

Com o chip, que é inserido no cérebro depois de um corte no crânio, literalmente deixando um buraco para encaixar o dispositivo, Musk quer tratar doenças como danos cerebrais e derrames, cegueira, perda de audição, paralisia, perda de memória, entre outras. Mas para que isso aconteça de verdade, ainda existe muito chão pela frente, uma vez que a implantação de objetos no cérebro pode danificar as células nos arredores, provocando danos severos e permanentes.

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Na demonstração, Elon Musk e a equipe da Neuralink explicaram que os testes foram feitos em porcos, com três animais sendo levados ao local. Apenas um deles, no entanto, estava com o chip, enquanto um já teve o chip retirado e outro nunca recebeu o dispositivo. Isso para mostrar que o porco estava agindo normalmente e estava saudável como os outros.

No dia seguinte após o evento, Andrew Jackson, professor de interfaces neurais da Universidade Newcastle, na Inglaterra, afirmou que o projeto se trata de "engenharia sólida, mas neurociência medíocre". E ele ainda completa: "Eu não acho que exista algo de revolucionário na apresentação, mas eles estão trabalhando com os desafios da engenharia de colocar múltiplos eletrodos no cérebro", diz o especialista. "Em termos de tecnologia, 1.024 canais não é tão impressionante nos dias de hoje, mas a eletrônica para transmiti-los sem fio é de última geração e a implantação robótica é legal".

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Para Jackson, o maior desafio será o que a empresa pode fazer com todos esses dados cerebrais. "Há uma grande diferença entre gravar as células cerebrais e 'ler pensamentos', especialmente quando se trata de funções cognitivas de alto nível que não entendemos muito bem", relatou o professor, dizendo ainda achar lamentável que os avanços do projeto tenham sido mostrados em uma apresentação como aquela, em vez da publicação de um estudo revisado que pudesse ser analisado.

"Mas eu acredito que é algo com que vamos ter de nos acostumar, com as interfaces neurais sendo movidas das universidades para o setor comercial", finalizou.

Em resposta ao tweet, Elon Musk afirmou que "infelizmente" é comum que muitos acadêmicos subestimem o valor das ideias e de ver elas sendo colocadas em prática. "Por exemplo, a ideia de ir à Lua é trivial, mas ir à Lua é difícil", respondeu o executivo.

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O julgamento do evento também foi feito pelo site MIT Technology Review, afirmando que a demonstração feita em porcos já é bastante antiga, principalmente em relação aos ruídos emitidos pela máquina que estava registrando os sinais cerebrais. De acordo com a publicação, é algo que cientistas já fizeram com humanos desde a década de 1920.

A apresentação completa está disponível na íntegra no YouTube:

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Fonte: Futurism, MIT Technology Review