TSMC promoverá maior aumento da década no preço de chips, com impacto na Apple
Por Vinícius Moschen • Editado por Wallace Moté |
A crise dos chips deve causar mais encarecimento no mercado de produtos eletrônicos nos próximos meses. De acordo com executivos internos da TSMC, a fornecedora deve promover o maior aumento da década nos seus componentes, o que pode influenciar no preço final de vários produtos de marcas clientes — entre elas a Apple, a Qualcomm e a Nvidia.
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Anos atrás, a TSMC costumava ter preços cerca de 20% maiores do que grande parte de suas concorrentes. Com a falta de chips, as rivais precisaram aumentar suas cobranças, enquanto a fonecedora taiwanesa conseguia manter uma estabilidade, a ponto de essa situação ter se revertido nos últimos meses. Porém, fontes internas indicam que não há mais como permanecer com os mesmos valores.
Os aumentos são resultado de uma série de fatores, que incluem o preço dos materiais, logística necessária e a necessidade de várias marcas precisarem assegurar seus componentes dentro de uma conjuntura de escassez. Além disso, a TSMC deve abandonar a prática de reserva dupla (double-booking), em que fabricantes de celulares costumam encomendar mais chips do que realmente necessitam para assegurar suas linhas de produção. Essa decisão tem como objetivo aprimorar a real contabilização de demanda.
Uma pesquisa de dados do portal Nikkei Asia aponta que todas as etapas de produção de chips receberam um aumento de custos, desde os materiais mais básicos até processos finais como testagem e empacotamento. As variações ficam dentro de um patamar de 5% até 50% de forma geral, com picos de até 500% em alguns casos específicos. O preço de alguns chips microntroladores, por exemplo, saltou do equivalente a um real para mais de cinco reais em menos de um ano.
Alta deve ser refletida no produto final
O aumento dos preços pode impactar o valor final de vários produtos, já que desenvolvedores de chips tendem a repassar o acréscimo para seus próprios clientes. Ou seja, marcas de vários ramos devem ter produtos que custam mais para serem produzidos — casos de Apple, Samsung, Xiaomi, HP, Dell e Ford. Consequentemente, é bastante provável que o preço para o consumidor final aumente, e a proporção dessa diferença dependerá do produto. Como smartphones são altamente dependentes dos chipsets e outros componentes impactados, o acréscimo deve ser forte.
Essa alta nos preços pode inclusive alterar várias estratégias das marcas, à medida em que tecnologias inovadoras também ficam cada vez mais caras. De acordo com Mark Li, analista de semicondutores, chips com litografia de 7, 5 ou 3 nanômetros têm produção tão cara que somente a TSMC, a Samsung e a Intel possuem poder aquisitivo para fabricar tais tecnologias, e fornecedoras menores são mais prejudicadas com um mercado mais volátil.
Por outro lado, no fim das contas a demanda sempre irá determinar os preços, ou seja, se a procura abaixar, é possível que as fornecedoras precisem diminuir seus preços para alcançar novos clientes e manter a taxa de utilização de fábricas e componentes.
Apple poderá ser afetada pelos aumentos
Já foi divulgado há semanas que a Apple terá uma aumento nas contas vindas da TSMC, por conta da alta dos preços de fabricação de chips da série M (como o M1) e da série A (como o A14 Bionic). É comum que outros componentes tenham seus preços aumentados, mas a Maçã costuma ter uma diversidade de fornecedoras tão grande que existe um certo poder de barganha — ou seja, pode diminuir os contratos com empresas que estejam oferecendo problemas, ou mesmo jogar uma contra a outra, para garantir o melhor preço.
Porém, como a TSMC é a única fornecedora de chips dos principais dispositivos da marca, é possivel que os novos iPhones de 2021 sofram algum tipo de impacto em seu preço final, mas outras fontes indicam que os preços só devem aumentar a partir do ano que vem, já que a empresa costuma trabalhar com lucros altos que podem ser reduzidos em casos como esse. De qualquer forma, a dimensão desse aumento ainda é desconhecida.
Fonte: Nikkei Asia