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Thunderbolt | 10 anos da tecnologia de transferência mais "silenciosa" da Intel

Por| Editado por Jones Oliveira | 15 de Março de 2021 às 09h56

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Divulgação/Intel
Divulgação/Intel
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O Thunderbolt é uma daquelas tecnologias silenciosas em PCs, que muita gente pode nem conhecer, mas é impactado por ela certamente. Trata-se de uma interface de hardware da Intel que permite que um conector apenas sirva para uma série de funcionalidades, além de aumentar a velocidade de transferência de dados.

A tecnologia nasceu lá em 2011, sob o codinome de Light Peak, e chegou primeiro para os MacBooks Pro lançados naquele ano. Ou seja, estamos falando de uma tecnologia que chega ao seu décimo ano de existência e com muita história para contar.

O Canaltech teve a oportunidade de conversar com Jason Ziller, atual gerente geral da divisão de conectividade da Intel e uma das testemunhas do surgimento desta tecnologia.

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As fases e adoção

O Thunderbolt nasceu como uma interface de hadware em MacBooks Pro, oferecendo não só mais velocidade, mas também a possibilidade de usar uma tela extra via Mini DisplayPort. O que a tecnologia fez foi unir a interface PCIe e DisplayPort em apenas uma conexão. Isso quer dizer que esta porta pode ser usada tanto para transferência de dados em alta velocidade (na época) de 10 Gbps quanto para conectar um monitor secundário.

Dois anos depois, a Intel lançou a segunda geração. O Thunderbolt 2 basicamente trouxe mais velocidade para a mesa, duplicando a taxa de transferência do DisplayPort 1.2, que poderia chegar a 20 Gbps.

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A ênfase para o tipo de conector aqui é importante. O que a Intel precisava vencer aqui era uma guerra de adoção: conseguir convencer os fabricantes de que o Thuderebolt (e a DisplayPort) seria um divisor de águas para seus PCs.

“No início do Thunderbolt, a gente teve a adoção da Apple, mas em termos de outros produtos em PC, nós não tivemos tanta adoção até o Thunderbolt 3”, explica Ziller. Ele ainda aponta que a porta Mini DisplayPort teve uma parcela de culpa nisso. "No Thunderbolt 2, quando a gente teve a entrada no Mini DisplayPort, o conector até que foi bem adotado na indústria de PCs. Mas, para os fabricantes, eles achavam que usar o Thunderbolt exigia usar uma nova porta que eles não tinham antes em seus computadores”, completa.

Foi aí que a Intel mudou a estratégia para a tecnologia. Diferente das outras vezes, a empresa buscou o conector que já tinha uma boa aceitação no mercado. Foi no Thunderbolt 3 que ela colocou a tecnologia aliada ao USB. A terceira versão, lançada em 2015, permitia ainda mais funções com apenas uma entrada: 40 Gbps em transferência de dados, compatibilidade com HDMI e DisplayPort, além de alimentação de energia em até 100W.

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“Eu acho que o divisor de águas foi quando a gente mudou para o USB-C. Pois a indústria iria adotar aquele conector de qualquer forma. O pensamento foi: por que criar um novo conector se podemos adicionar o Thunderbolt a um conector que já seria usado nos computadores?”, lembra Ziller.

A ideia deu certo, principalmente em notebooks empresariais e ultrafinos. Isso permitia que um aparelho pudesse ter uma porta USB-C a mais, a qual funciona basicamente para o carregador de energia do aparelho. Contudo, esta mesma entrada também poderia ser a saída de vídeo para um monitor secundário, alimentar um periférico ou carregar o smartphone. “Podendo ser usado em monitores de alta resolução, armazenamento veloz, teclados externos e mais. Eu acho que isso também ajudou a dar um gás na adoção”, aponta o executivo.

Além disso, a tecnologia também ajudou a ampliar o conceito de dock station. Trata-se de um acessório com saídas USB extras, leitor de cartões, acesso à placa de vídeo externa e até saídas de vídeo. Como uma única saída Thunderbolt oferece uma série de possibilidades, ela pode muito bem ser ligada a uma dessas dock station sem perder desempenho. No caso de notebooks e aparelhos da Apple, com quantidade de portas bastante limitadas, a opção de expansão foi bem-vinda.

Outra mudança da Intel para conseguir vencer a batalha pela adoção foi “abrir a tecnologia”. Em 2017, o Thunderbolt 3 se tornou royalty-free, permitindo que concorrentes como a AMD pudessem usar a interface compatível com seus chips. Apesar disso, a Intel ainda controla a certificação.

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Em julho do ano passado, a Intel anunciou o Thunderbolt 4, mantendo a taxa de transferência de dados ainda em 40 Gbps. A novidade da vez é a compatibilidade com USB4, coim taxas de transferência de até 3.000 Mbps, permitindo conectar até um monitor 8K ou dois 4K.

Apple na história

A Apple foi uma das grandes parceiras da Intel na difusão do Thunderbolt. A tecnologia estava presente em aparelhos de ponta e a gigante da tecnologia sempre teve produtos para isso.

Em todas as três primeiras fases do Thunderbolt, o primeiro aparelho a contar com a novidade era da Apple. Entretanto, em 2020, a Apple iniciou sua transição de componentes Intel para modelos fabricados internamente em arquitetura ARM. Isso finalizou uma parceria longeva entre as companhias.

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E como fica a relação entre o time do Thunderbolt e a Apple? Durante o anúncio do Thunderbolt 4, no ano passado, a gigante do MacBook já tinha informado que, apesar do fim da parceria no âmbito de semicondutores, ela ainda continuaria oferecendo suporte à tecnologia. Entretanto, Ziller aponta que o contato não é mais o mesmo.

"Obviamente, algumas coisas são diferentes na nossa relação de trabalho. Mas, em questão de certificação, nós continuamos trabalhando com eles para permitir acessórios, ecossistema, que aparelhos sejam certificados, para macOs, assim como para Windows. Nós não esperamos, neste momento, que nada mude em relação a isso”, acredita o executivo.

Mas algo já mudou. Em novembro, após o lançamento dos novos MacBooks e Mac mini com chip M1, a linha deixou de ser compatível com eGPUs. Estamos falando de placas gráficas externas, usadas para oferecer mais capacidade de processamento gráfico a notebooks. Tal compatibilidade acontece por meio de uma porta Thunderbolt.

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Apesar de a Apple listar o Thunderbolt como tecnologia presente no processador M1, esta conexão, ao menos, não é permitida.

E o futuro? 

Atualmente a Intel tem um forte mercado com Thunderbolt em alguns setores importantes. Ziller aponta que a empresa tem demanda de dock stations, que estão cada vez mais populares. “Principalmente, em negócios de escritório compartilhado”, rememora.

Entretanto, ele aponta dois mercados que estão em acensão. O primeiro é o de games, que exige telas com alta resolução e taxa de quadros cada vez maiores. “O que também exige maior taxa de transferência”, pontua o executivo.

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“Produção de conteúdo também é um espaço sempre muito importante para gente, muito por conta de monitores de alta resolução, mas principalmente em transferência de dados, por conta de toneladas de arquivos armazenados. Até mesmo um fotógrafo volta com toneladas de GB em apenas um trabalho”, explica Ziller.

Para o futuro, a Intel espera oferecer ainda mais velocidade. A expectativa para o Thunderbolt 4 era de oferecer taxas de até 80 Gbps, o que não aconteceu. Porém, este deve ser o caminho natural. Perguntado sobre isso, Ziller não confirma nem discorda, só aponta que, apesar de 10 anos de tecnologia, a Intel não tem nenhuma intenção de abandonar a ideia. Muito pelo contrário.