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Análise | Intel SSD 660p entrega alto desempenho com bom custo-benefício

Por| 13 de Agosto de 2019 às 10h58

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Sergio Oliveira
Sergio Oliveira

Quando os SSDs surgiram no mercado, chamaram a atenção do público com a promessa de entregar um desempenho muito acima dos discos rígidos mecânicos. Mas havia dois problemas nessa história: a oferta de espaço nesse novo formato de armazenamento era bastante limitada e o custo era muito, mas muito alto.

Os anos passaram e, como tudo na tecnologia, as tecnologias por trás desses drives de estado sólido evoluíram. Saímos do primitivo padrão SLC, passamos pelos MLC e TLC, e finalmente chegamos ao QLC, que permite a criação de SSDs de maior densidade, menor custo e capazes de armazenar até 2 TB.

É nesse cenário que a Intel lançou em 2018, nos EUA, o 660p, primeiro SSD do mundo voltado para o consumidor doméstico e que usa memórias NAND QLC (Quad-Level Cell). Agora, o produto chega ao Brasil em três opções de armazenamento (512 GB, 1 TB e 2 TB) como uma alternativa interessante para quem está saindo do HDD ou SSD Sata em busca de mais desempenho e sem gastar muita grana.

O Canaltech teve a oportunidade de testar o Intel 660p de 1 TB, conferir como ele se sai no dia-a-dia e observar seus pros e contras. Será que realmente vale a pena investir numa novidade dessas?

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O produto

A primeira coisa que é preciso saber sobre o Intel 660p é que ele é um SSD com formato M.2 2280 e que usa interface NVMe e PCI Express 3.0. Com essas informações, o usuário pode se certificar de que a placa-mãe de seu desktop ou notebook possui o slot adequado para instalar o produto.

Essas características também dão uma boa noção de como é este SSD da Intel. Diferentemente dos modelos Sata, o produto não se parece em nada com um disco rígido, assemelhando-se muito mais com um pente de memória RAM do que qualquer outra coisa. Isso também significa que sua instalação é muito simples e não envolve a conexão nem passagem de nenhum cabo — basta espetá-lo no local apropriado na placa-mãe e pronto, ele está pronto para uso.

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Para além das características físicas, este SSD se destaca justamente por ser o pioneiro na oferta de memórias NAND QLC ao público doméstico. Graças a elas, as fabricantes conseguem armazenar até 4 bits de dados por célula, o que, de maneira bastante resumida, permite “espremer” mais dados em menos espaço. Com uma densidade maior, não há necessidade de implementar mais chips de memória, logo cai o custo de produção e o preço final para o consumidor.

Mas há alguns problemas por trás de toda essa mágica…

Características

Se por um lado a maior densidade de SSDs como o Intel 660p torna o custo-benefício para o consumidor mais atraente, ela também agrava alguns problemas que começaram a ser sentidos desde a transição do SLC (Single-Level Cell) para o MLC (Multiple-Level Cell): menos ciclos de gravação e durabilidade menor.

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Porém, antes de seguirmos adiante, é importante deixar essa questão bem clara para não provocar nenhum tipo de pânico. Como disse, esses não são problemas necessariamente novos e existem desde que saltamos do SLC para o MLC, e deste para o TLC. Portanto, é possível observar que há um padrão e esses dois problemas sempre existirão e sempre se agravarão à medida que avançarmos nessa tecnologia. A única maneira de evitá-los, então, é investir em um SSD com padrões mais antigos, e também mais caro, o que acaba comprometendo a ideia de popularizar esse tipo de armazenamento entre o grande público.

Ainda falando sobre isso, sempre ressalto que a vida útil de um SSD indicada pelo fabricante é apenas uma estimativa — e das mais conservadoras. No caso do 660p, a Intel indica que o modelo de 512 GB tem durabilidade de 100 TBW; o de 1 TB, 200 TBW; e o de 2 TB, 400 TBW. Porém, um estudo realizado pelo The Tech Reporter há bons cinco anos mostra que, já naquela época, muitos SSDs que tinham vida útil estimada em 20 TB sobreviveram a até 700 TB de dados gravados antes de começarem a apresentar defeito. Com a evolução das tecnologias de armazenamento, isso certamente melhorou bastante.

Dito isso, os 200 TBW de vida útil do modelo de 1 TB que o Canaltech recebeu parecem bastante satisfatórios se levarmos em conta o público-alvo desta solução: gente como eu e como você. Com isso em mente, o cenário recomendável para usar esse SSD é um computador padrão, usado para navegar na internet, consumir mídia e realizar tarefas do dia a dia; ou no máximo um PC gamer — e mesmo nesse caso, deve haver picos de escrita apenas durante o download e instalação de um e outro jogo. Qualquer cenário fora desses exemplos já configura mau uso do equipamento.

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Outro efeito colateral de se utilizar memórias NAND QLC é que, pela alta densidade de seus chips, há mais chances de haver erros durante o processo de gravação de dados. Para contornar esse problema, a Intel implantou uma tecnologia de cache dinâmico e inteligente que usa o bom e velho SLC. Funciona da seguinte maneira: o SSD 660p conta com um chip SLC de cache estático de 6 GB, 12 GB ou 24 GB, dependendo do modelo, que funciona como “intermediário” entre a escrita e o armazenamento efetivo dos dados.

Além dos chips de cache estático, o componente também é capaz de mapear o espaço livre dos chips QLC para usá-lo como cache SLC dinâmico. Dessa forma, esse cache reduz ou aumenta de acordo com a utilização do SSD, podendo chegar a até 76 GB, 140 GB ou 280 GB, de acordo com o modelo. Em poucas palavras, quanto mais cheio estiver o SSD, menos cache dinâmico haverá e vice-versa.

E porque isso é importante, afinal de contas? Lembra que falamos que o padrão SLC é o menos denso de todos? Por esse motivo ele também é o menos suscetível a erros, exigindo menos processos de verificação e correção de problemas dessa natureza e, portanto, agilizando o armazenamento dos dados. Dessa forma, levando em consideração o Intel 660p de 1 TB que o Canaltech avaliou, se formos escrever um arquivo de até 12 GB nele, o controlador Silicon Motion SM2263 utilizará apenas o cache estático antes de guardar tal volume efetivamente na memória. Acima disso, ele recorre ao cache dinâmico para completar a tarefa.

Todos esses artifícios são empregados para garantir o maior desempenho possível, mesmo com os contras advindos do avanço e barateamento da tecnologia. Colocando tudo isso numa balança, para o consumidor final, não há qualquer prejuízo, com tudo funcionando na mais perfeita harmonia e equilíbrio.

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Intel SSD 660p
Especificação512 GB1 TB2 TB
InterfacePCIe 3.0 x4, NVMe 1.3
ControladorSilicon Motion SM2263
NAND FlashIntel 64L 1024Gb 3D QLC
DRAM256 MB DDR3
Leitura sequencial1.500 MB/s1.800 MB/s1.800 MB/s
Escrita sequencial1.000 MB/s1.800 MB/s1.800 MB/s
Leitura aleatória90 mil IOPS150 mil IOPS220 mil IOPS
Escrita aleatória220 mil IOPS
Cache SLC de escrita

6 GB (mín.)
76 GB (máx.)

12 GB (mín.)
140 GB (máx.)
24 GB (mín.)
280 GB (máx.)
Vida útil100 TBW200 TBW400 TBW
Garantia5 anos

Prova de fogo

Muito bem, agora que já sabemos que cara tem o Intel 660p e suas principais características técnicas, é chegada a hora de ver como ele se comporta no dia-a-dia. Para termos uma melhor noção do desempenho deste equipamento, executamos testes de benchmark utilizando alguns softwares voltados especificamente para esse propósito, além de algumas tarefas do cotidiano. Os resultados obtidos nesses testes foram comparados aos do Crucial P1, da Micron, que tem a mesmíssima proposta do SSD da Intel.

A máquina utilizada em todos os testes foi um Lenovo Legion Y530 com as especificações a seguir:

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  • GPU:Nvidia GeForce GTX 1060 com 6 GB GDDR5
  • Processador: Intel Core i7-8750H
  • Memória: 2 x 8 GB de RAM DDR4-2666
  • HDD: 1 TB Seagate Barracuda Pro 7.200 RPM
  • SO: Windows 10 x64 1809

A primeira bateria de testes envolve uma tarefa rotineira que qualquer um de nós faz todos os dias: cópia de arquivos. Aqui, o teste envolveu a cópia de um arquivo de 10 GB em quatro cenários distintos: do HDD para o SSD, do SSD para o HDD, do HDD para ele próprio e do SSD para ele próprio. Dessa forma, conseguimos não só avaliar como o Intel 660p se sai numa tarefa comum em uma máquina com essas especificações como também conseguimos comparar seu desempenho com o do Crucial P1.

A cópia dos 10 GB de dados do disco rígido mecânico da Seagate para o SSD da Intel levou apenas 1m04s e ocorreu a uma taxa média de 156 MB/s. O caminho inverso conseguiu manter desempenho similar, levando 1m06s e com taxa média de 150 MB transferidos por segundo.

Embora num primeiro momento não aparente que há muita diferença de desempenho nesses dois cenários, é quando avaliamos os dois dispositivos de armazenamento isoladamente que temos uma noção mais apurada da diferença que um SSD faz no conjunto. A cópia dos 10 GB do HDD para ele próprio levou 3m33s a uma taxa de 47 MB/s. A mesma operação executada apenas no Intel 660p, por sua vez, levou apenas 18 segundos para ser concluída, alcançado uma taxa de transferência de 554 MB/s.

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Para efeito de comparação, o Crucial P1, que utiliza os mesmos padrões do SSD da Intel, levou 22 segundos para transferir os mesmos 10 GB a cerca de 479 MB/s.

O segundo teste foi conduzido utilizando o ATTO Disk Benchmark, famoso software que avalia o desempenho de discos rígidos, SSDs e RAIDs. Para isso, ele simula transferências de arquivos de tamanhos diferentes, utilizando dados compreensíveis e sequenciais, e mede a velocidade dessa transmissão para termos uma ideia da velocidade máxima teórica que o dispositivo de armazenamento pode alcançar.

Nesse cenário, o Intel 660p obteve os seguintes resultados:

  • Velocidade máxima de leitura: 1.800 MB/s
  • Velocidade máxima de escrita: 1.660 MB/s
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Como também fizemos o mesmo teste com o Crucial P1, é possível traçar um paralelo entre os dois produtos. Nesse caso em específico, a solução da Micron obteve os resultados a seguir:

  • Velocidade máxima de leitura: 1.780 MB/s
  • Velocidade máxima de escrita: 935,16 MB/s
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Para encerrar os testes automatizados que medem o quão velozes são esses componentes, executamos o Crystal Disk Mark para simular um cenário cotidiano que envolve dados incompreensíveis, sequenciais e aleatórios de tamanhos diferentes, simulando a execução de uma ou mais threads do computador.

Nesse teste em específico, o desempenho do SSD 660p da Intel foi o seguinte:

  • Velocidade máxima de leitura (sequencial e 1 thread): 1.936 MB/s
  • Velocidade máxima de leitura (não sequencial e 8 threads): 624,7 MB/s
  • Velocidade máxima de escrita (sequencial e 1 thread): 1.774 MB/s
  • Velocidade máxima de escrita (não sequencial e 8 threads): 848,5 MB/s
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Assim como vimos no teste do ATTO Disk Benchmark, o Crystal Disk Benchmark apontou que o 660p se sobressai em relação ao concorrente da Micron, o P1. Neste ambiente de testes, o resultado foi o seguinte:

  • Velocidade máxima de leitura (sequencial e 1 thread): 1.929 MB/s
  • Velocidade máxima de leitura (não sequencial e 8 threads): 975,7 MB/s
  • Velocidade máxima de escrita (sequencial e 1 thread): 362,4 MB/s
  • Velocidade máxima de escrita (não sequencial e 8 threads): 278,4 MB/s

Mas o que exatamente acontece para esses dois SSDs, que empregam a mesma tecnologia, utilizam o mesmo controlador e têm a mesma proposta na prática apresentarem uma diferença assim? Basicamente, apenas construção.

A Micron tem investido bastante em componentes acessíveis para conquistar uma maior fatia do mercado e seus produtos mais recentes realmente têm vindo com uma etiqueta bastante atraente. A Intel também tem feito essa aposta ao lançar um SSD NVMe QLC como o 660p, mas sua estratégia não é tão agressiva quanto a da concorrente e por isso ela acaba empregando componentes com um pouco mais de qualidade. O resultado disso é visto em testes como esses.

Apesar disso, é importante destacar que todos os valores registrados estão dentro do esperado e indicado pelas fichas técnicas de cada equipamento. Por isso é importante saber exatamente quais suas necessidades e o quanto está disposto a pagar em um SSD; dessa forma você faz uma compra consciente e põe seu dinheirinho exatamente naquilo que precisa.

Também é importante destacar que o efeito dessa discrepância no dia a dia é mínimo, diria até imperceptível. Prova disso é o teste executado no PCMark 8, que executa uma bateria de tarefas complexas para simular o uso de jogos e softwares famosos como o Adobe Photoshop e After Effects, além do Microsoft Office, de forma automatizada. Ao fim, ele atribui uma nota de desempenho ao componente.

Aqui, o que vemos é que o Intel 660p realmente se sobressai quando o assunto é velocidade em transferência de arquivos — reiterando os números vistos nos dois outros testes. Agora, em matéria de tempo de carregamento de programas e jogos, o resultado é praticamente o mesmo, com diferença na casa dos dois a cinco segundos para menos. Ao fim, o PCMark atribuiu uma nota geral muito semelhante ao concorrente: 5403 pontos.

Vale a pena?

Falamos de características, de recursos e de como o Intel 660p se sai no dia a dia. Mas provavelmente o que você quer saber é se vale a pena comprar esse SSD. Bom, vamos lá.

Antes de qualquer coisa é preciso ter muito claro que tipo de público a Intel mira com o 660p antes de bater o martelo e definir se ele vale a pena ou não. Temos em mãos um SSD voltado para o público doméstico, atendendo a quem utiliza o computador apenas para consumo de mídia e faz trabalhos do dia a dia, como edição de texto, planilhas e até imagens. O componente também pode atender bem aos PC gamers, melhorando consideravelmente o tempo de carregamento dos jogos. Se você se encaixar em algum lugar dentro desse espectro de utilização, então fique tranquilo: o Intel 660p vai lhe atender muito bem.

Desconsidere-o se você trabalha com arquivos brutos e gigantescos de vídeo e tem necessidade de movê-los de um canto para outro repetidas vezes, ou se quiser instalá-lo em um servidor de circuito fechado de câmeras, por exemplo. Nesses casos, é muito provável que você frequentemente estoure o cache SLC do 660p e se frustre com a queda de desempenho dele nessas situações.

Posto isso, fica claro que este é um SSD básico e de entrada, que procura conquistar o grande público oferecendo um desempenho muito acima dos tradicionais discos rígidos por um preço muito atraente e competitivo. Para efeito de comparação, um HDD de 2 TB e 7200 RPM hoje pode ser encontrado por cerca de R$ 400 — porém, por mais atraente que a oferta seja, este ainda será o principal gargalo do seu computador, independentemente de ele ser um PC basicão ou um PC gamer. Por um valor muito próximo a esse (R$ 550) é possível comprar um Intel 660p de 512 GB em lojas oficiais do e-commerce brasileiro. No mercado cinza, esse valor cai pelo menos R$ 150.

Se o orçamento estiver um pouco mais folgado, o modelo de 1 TB que o Canaltech recebeu pode ser encontrado em lojas oficiais por a partir de R$ 800, enquanto o de 2 TB está à venda por a partir de R$ 1.260.

Seja qual for a sua escolha, o Intel 660p segura muito bem a onda e entrega desempenho muito acima dos padrões que muita gente está acostumada a ter com os discos rígidos, e num patamar bem aceitável de custo-benefício. É, sem dúvidas, um componente a ser levado em consideração num upgrade de um PC antigo ou no planejamento de uma máquina nova, esteja você pensando em adotá-lo como único meio de armazenamento ou em um esquema híbrido em conjunto com um HDD.