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Review Nintendo Switch Sports | Incompleto, mas indispensável

Por| Editado por Bruna Penilhas | 05 de Maio de 2022 às 17h30

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Divulgação/Nintendo
Divulgação/Nintendo

O novoNintendo Switch Sports tem uma tarefa árdua: ser um bom jogo nostálgico, mas também ser inovador. Afinal, estamos falando do “sucessor espiritual do clássico Wii Sports”, de 2006, um jogo gratuito pré-instalado no Wii que rapidamente se tornou um clássico, muito por conta da inovadora tecnologia de controle por movimento, que dava seus primeiros passos na época.

Hoje, nada do que o Nintendo Switch Sports faz é revolucionário. Na verdade, em alguns momentos ele parece incompleto, ou até mesmo sacana. Incompleto porque são poucos esportes disponíveis — apenas seis —, e sacana porque ele estimula você a assinar o Nintendo Switch Online para conquistar itens cosméticos e, definitivamente, não há necessidade para isso. Porém, o título simboliza toda a alma da Nintendo: reunir pessoas de todas as idades em torno do videogame por pura diversão. E isso o jogo faz de sobra.

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O Canaltech recebeu uma cópia do jogo, cedida gentilmente pela Nintendo, e conta o que achou do game neste review.

Boas-vindas a Spocco Square

Assim que você inicia o jogo, dá logo de cara com a espécie de Vila Olímpica chamada Spocco Square. Diferentemente da Wuhu Island, que ficava numa ilha paradisíaca, aqui estamos na cidade grande, repleta de ginásios e estádios gigantescos, arranha-céus, parques e estações de metrô.

A ideia é recriar, no digital, um ambiente que poderíamos frequentar na vida real. No menu de seleção de esportes, nós vemos a Vila com a câmera de cima. Selecionamos a modalidade que vamos praticar apenas escolhendo o ginásio que ele representa.

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O jogo é direto ao ponto: abriu o game, selecionou o esporte e pronto. Admito que achei um desperdício: a Spocco Square é linda, e eu adoraria passear por ela com o meu avatar. O próprio game dá dicas de turismo e conta curiosidades da região, porém, não podemos ver isso de perto.

Logo de cara, também ouvimos a nova trilha sonora, assinada pelos compositores Haruko Torii e Takuhiro Honda. A dupla fez um excelente trabalho: as músicas são enérgicas e animadas. Ora abusam de sintetizadores, em uma pegada mais eletrônica, ora de saxofones e baterias, aproximando-se do jazz. A música tema — que toca no menu inicial —, não é uma remixagem da música do Wii Sports, produzida por Kazumi Totaka, mas traz aquelas batidinhas clássicas que nos enchem de nostalgia em alguns momentos. Ouça no minuto 1:22:

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Hora de criar o nosso bonequinho

Logo na primeira jogatina, somos convidados a criar o nosso avatar. Os novos bonequinhos estão muito, mas muito lindos! Caso prefira, ainda é possível usar o seu Mii clássico. São pouquíssimas opções de personalização — apenas quatro — de cabelo e acessórios. Roupas? São todas as mesmas, apenas com cores diferentes.

Existe uma forma, porém, de conquistar novos itens cosméticos: jogando. A cada 100 pontos de experiência, adquiridos ao completar partidas — você ganha, no mínimo, 30 pontos em cada —, você sobe de nível e ganha um item de personalização aleatório. Esses itens fazem parte de coleções temáticas, que ficam disponíveis por tempo limitado. Primeiro, você desbloqueia pequenos itens, como óculos ou corte de cabelo; após resgatar todos, desbloqueia um traje especial como bônus final.

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Mas existe um enorme problema nesse sistema de progressão: você só ganha pontos de experiência — e, consequentemente, itens cosméticos — se jogar online. Ou seja, você é obrigado (ou fortemente incentivado) a assinar o Nintendo Switch Online, serviço por assinatura da empresa que permite jogar online. Não encontrei motivo suficiente para a Nintendo limitar a progressão apenas aos jogadores online, pois você pode jogar normalmente contra NPCs (personagens não jogáveis, ou seja, a inteligência artificial do jogo) ou contra amigos, localmente. Soa como um “empurrão” para vender assinatura.

Por falar em online, vale ressaltar que as partidas são fluídas, sem problemas de conexão mesmo com jogadores gringos — dá para notar isso pelos títulos em outros idiomas. Por falar em gringos, eu joguei com mais estrangeiros do que brasileiros, o que poderia indicar uma falta de jogadores no nosso país. O matchmaking, no entanto, é bem rápido (isto é, quando os servidores encontram outros jogadores para você).

Alongue-se, tome uma água e cuidado para não acertar a TV da sala

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São seis esportes disponíveis no novo Nintendo Switch Sports: vôlei, badminton (peteca), boliche, futebol, chambara (uma luta de espadas) e tênis. O golfe deve ser adicionado no futuro com uma atualização gratuita. Já vimos alguns desses esportes em jogos anteriores, como o boliche, o tênis e até o futuro golfe. O chambara é uma espécie de Kendô, do Wii Sports Resort, melhorado.

Aqui vai uma crítica: só seis esportes, Nintendo? E a maioria requintados de títulos anteriores? O Wii Sports Resort tinha 12 modalidades diferentes. Poderiam ter incluído todos os esportes do jogo anterior, além dos inéditos. Não ficaria surpreso se essas modalidades fossem incluídas futuramente por expansões pagas. Isso me parece um retrocesso.

Por outro lado, temos um avanço nos visuais — muito mais bonitos e ricos em detalhes, que ajudam a compor a profundidade dessa Spocco Square — e nos controles de movimento — os Joy-Con são mais precisos do que o Wii Remote, com ou sem o Wii Motion Plus. Ainda existem algumas falhas aqui ou ali: às vezes, ao jogar badminton ou tênis, percebi que a bola ia para o lado oposto do qual eu executei o movimento; a mesma trapalhada aconteceu com meus chutes no futebol. Porém, foram casos extremamente pontuais, que não afetaram a experiência no todo.

Há uma nova forma de se comunicar com os jogadores: através de emotes. São figurinhas cartunescas, as quais você acessa ao apertar o botão R do Joy-Con, que representam emoções e sentimentos de uma competição. Tem um bonequinho fazendo joinha, outro aplaudindo ou chorando, por exemplo. Como não há uma forma de conversar por voz ou texto com nossos adversários ou parceiros, é uma forma fofa e segura de comunicação entre partidas.

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Todas as modalidades são divertidas de jogar, sozinho ou com amigos. As minhas preferidas foram vôlei, tênis e badminton, mas trata-se apenas de um puro gosto pessoal. Vamos falar brevemente sobre cada uma a seguir.

Voleibol

Apesar de presente no Wii Sports Resorts como Vôlei de Praia, a modalidade ganhou uma renovada, uma reforma total para fazer algum sentido no presente. A câmera fica posicionada atrás dos jogadores, se mexendo bastante para acompanhar sua movimentação pela quadra. É a modalidade que mais faz você mexer o corpo — por isso, é mais difícil de jogar sentado também.

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Você faz manchete, levanta, corta e bloqueia, e o próprio game indica qual desses movimentos você deve fazer no canto superior da tela. Algumas bolas adversárias podem ser bem desafiadoras de receber, fazendo com que seu avatar se jogue no chão. É tão divertido que me senti um pro player na Superliga... ok, nem tanto.

Badminton

Semelhante ao tênis de mesa, o badminton é uma modalidade mais simples, mas pode render partidas repetitivas. O objetivo é isolar o adversário em um canto ou desestabilizá-lo, para ele jogar uma bola fraca. Assim que ele se cansar — ou até mergulhar no chão para receber a bola —, você tem a chance de pontuar. É uma modalidade bem divertida.

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Boliche

Um dos modos mais populares do Wii Sports, o boliche, aqui, se tornou um battle royale. 16 jogadores começam a se enfrentar, e uma parte é eliminada a cada rodada. São três rodadas de três jogadas cada, mais uma rodada final, com apenas três jogadores. Esta modalidade tem partidas mais longas e, por isso, rendem mais pontos de experiência. Porém, a experiência fica mais interessante em grupo do que sozinho.

Futebol

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Modalidade inédita, o futebol lembra muito o Rocket League, só que... sem os carros. Oito jogadores — quatro em cada time — disputam para marcar gols com uma bola gigantesca. É uma modalidade extremamente caótica e divertida, funcionando bem para jogadores solo. Com os dois Joy-Con, você corre (há um contador de stamina), movimenta a câmera, chuta e mergulha.

Caso compre a versão física do game, você receberá na caixa uma Leg Strap, uma cinta em que você prende o Joy-Con na perna. O Canaltech não teve acesso à mídia física de Nintendo Switch Sports nem à Leg Strap, portanto, não podemos dar nossa opinião sobre a experiência de uso.

Chambara

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O mais fraco, na minha opinião. Você e seu adversário começam no centro de uma plataforma; a cada golpe, vocês se movimentam para frente ou para trás. Perde quem cair da plataforma primeiro. São três opções de duelo:

  • Normal: com uma espada
  • Espada energizada: quando você faz uma defesa bem sucedida, sua espada fica mais poderosa e lança o adversário para mais longe
  • Espadas gêmeas: você usa duas espadas iguais, com o par de Joy-Con

Tênis

Outra modalidade já conhecida da casa, o tênis não conta com nada novo — mas continua especialmente apaixonante. É competida por quatro jogadores, dois de cada lado (ou apenas dois jogadores, sendo que o boneco que fica adiante da rede é um clone seu). O segredo é saber quando usar cada um dos bonecos na hora de receber a bolinha.

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Ah, só tome cuidado para não acertar a TV ou o monitor: o game mal foi lançado e já há vários relatos de acidentes circulando nas redes sociais. O melhor é colocar as pulseiras dos Joy-Con no punho. O próprio jogo recomenda-o a fazer isso, além de pequenas pausas após longas jogatinas.

Nintendo convoca a Seleção Brasileira para jogo

O jogo está totalmente localizado para o português do Brasil, com texto e áudio. Assim como ocorreu em Mario Party Superstars, quem deu sua voz ao game foi uma funcionária da Nintendo: Mariana Carneiro, que trabalha no escritório de Washington, nos Estados Unidos. De acordo com seu perfil no LinkedIn, ela atua como Especialista em Localização. Apesar de serem poucas linhas de texto — não é um falatório como em um The Legend of Zelda, por exemplo —, a voz de Mariana encaixou perfeitamente no jogo, e ela conseguiu acertar tanto nas entonações mais sérias quanto nas mais alegres.

Nintendo Switch Sports também é o primeiro jogo do console a ser comercializado em mídia física no Brasil, com exclusividade pela loja online da Amazon, por R$ 299. Na caixa, vem o cartucho e uma cinta para a perna, a Leg Strap, que serve para jogar futebol. Dá para comprar o acessório separadamente, e você provavelmente já o tem caso tenha o jogo Ring Fit Adventure. Se você comprou o Nintendo Switch Sports digital, por R$ 199, ainda pode chutar segurando o Joy-Con com as mãos.

Aqui, precisamos parabenizar a Nintendo: a empresa está, finalmente, atendendo a alguns dos pedidos mais básicos dos fãs brasileiros. Ao retornar ao Brasil em 2020, a empresa declarou em entrevistas que não pretendia vender mídia física no país por conta da tributação local. Estaríamos vendo este cenário mudando com o Nintendo Switch Sports? Ou apenas uma exceção?

Queremos também pedir mais jogos em português do Brasil, e não apenas títulos com poucos textos e falas. Esperamos que estes sejam apenas os primeiros passos para a empresa contratar dubladores profissionais para trabalhar em outros títulos com histórias complexas e profundidade narrativa. Cuidado: a Juliette tá de olho, viu?

Nintendo Switch Sports vale a pena?

Se você amou o Wii Sports, ou é aquele jogador que gosta de receber amigos em casa ou de fazer mini competições entre família, o Nintendo Switch Sports vale a pena, sim. Ainda parece um jogo incompleto, se comparado aos seus antecessores, e injusto por cobrar uma assinatura online para a progressão. Porém, é um título indispensável na sua biblioteca se você se encaixa nestes perfis.

Nintendo Switch Sports foi lançado em 29 de abril para Nintendo Switch.