Death Stranding Director's Cut: vale a pena?
Por Bruna Penilhas |
Ao terminar Death Stranding pela primeira vez, estava decidida de que eu não retornaria ao game, nem mesmo para terminar as missões secundárias que restaram após a conclusão da história. Não me entendam mal, eu gostei da mais recente criação de Hideo Kojima. Há uma certa genialidade por trás do Social Strand System, novo gênero criado pelo designer japonês que tem como principal objetivo conectar os jogadores com mecânicas de gameplay. A história é cheia de personagens cativantes e a relação entre Sam Porter Bridges e BB segurou a minha atenção do começo ao fim.
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Apesar do saldo positivo, jogar Death Stranding foi uma experiência bastante cansativa. O jogo não quer que as entregas de dezenas de pacotes sejam fáceis, e tudo bem, porque faz parte da proposta de colocar o jogador na pele do protagonista, que está em uma missão que parece impossível. Mas o que mais me desgastou foram os combates, que considero truncados e frustrantes, principalmente nos confrontos contra EPs gigantes.
Mas cá estou eu, mais de um ano após este último contato com o game, na pele de Sam novamente. Retornei para experimentar as novidades de Death Stranding Director's Cut, versão definitiva do jogo que chega nesta sexta-feira (24) para PlayStation 5. Acontece que, no fim das contas, percebi que eu estava com saudades deste mundo apocalíptico.
Importando o save de PS4 para PS5
Ironicamente, o meu retorno à Death Stranding começou com obstáculos. Aqueles que desejam continuar do momento em que pararam a jornada na versão de PS4, terão a missão de transferir o progresso entre gerações — algo que, no meu caso, não foi nada prático.
Para importar o seu progresso no jogo de PS4 para a Director’s Cut do PS5, é necessário estar conectado a internet para abrir Death Stranding no console da geração passada. Feito isso, haverá uma opção no menu, em Sistema, para exportar o save, que será enviado para a nuvem. Depois disso, você poderá abrir a edição definitiva do game no PS5 e, logo na tela inicial, aparecerá a opção de carregar um jogo do PlayStation 4, o que fará com que o progresso seja transferido para a versão de PlayStation 5.
Se você estiver com seu PS4 e uma cópia de Death Stranding em mãos, esse processo não será tão complicado, mas ocupará alguns minutos do seu tempo. O problema, no meu caso, é que o meu PlayStation 4 não estava mais comigo, e eu sequer tinha uma cópia do jogo original, já que peguei emprestado de um amigo quando joguei.
A única solução para não ter que começar tudo de novo, foi contar com a ajuda do meu colega de equipe, Felipe Demartini, que tirou seu PS4 da caixa, instalou Death Stranding novamente, logou na minha conta e fez todo o processo de subir o meu save para a nuvem (obrigado, Dema!).
Os benefícios do PS5 em Death Stranding
Mesmo com o progresso importado, o qual aproveitei para jogar grande parte das novidades da Director’s Cut, eu também resolvi criar um save novo para conferir a nova versão do começo.
Logo na cutscene inicial, já é possível sentir os recursos do DualSense em ação. A edição definitiva de Death Stranding aproveita o controle de PS5 para enviar às mãos dos jogadores vibrações que simulam o terreno que está sendo percorrido pelo protagonista. Nas cenas, o DualSense também responde a algumas ações do personagem, como abrir o zíper da roupa.
No gameplay, é possível sentir as diferenças entre as vibrações quando você está atravessando um rio, andando na areia ou em um terreno rochoso. O controle ainda reage quando Sam tropeça e também emite vibrações que pulsam de acordo com o ritmo de caminhada do protagonista. Os gatilhos adaptáveis do DualSense também são utilizados nos comandos de disparo das armas, de maneira semelhante ao que acontece em Resident Evil 8, por exemplo.
É claro, estas não são funções que vão mudar a experiência geral de maneira significativa, mas são detalhes muito bem-vindos para aqueles que, assim como eu, gostam dos recursos do DualSense. Quando bem aproveitada, a tecnologia pode aprimorar a imersão do jogador, que é o que acontece em Death Stranding Director’s Cut.
Os benefícios do PlayStation 5 não param por aí. O visual do game está adaptado para a nova geração, com cenários mais ricos em detalhes e uma performance equilibrada. Convenhamos que o jogo já estava muito bonito no PlayStation 4, mas o poder do console atual entrega um gameplay praticamente sem engasgos.
É possível escolher entre dois modos gráficos: o Desempenho, com 4K em upscaling e até 60 quadros por segundo (FPS); e o Fidelidade, com 4K nativo e FPS abaixo dos 60. Os jogadores também podem ativar o modo Widescreen, que usa o display normal do console de 16:9 para mostrar um gameplay equivalente ao de um display 21:9.
Como era esperado, o uso do SSD reflete em telas de carregamento mais rápidas. Em um momento, precisei retornar ao save mais recente, que levou menos de cinco segundos para ser carregado. Apenas o primeiro carregamento do jogo é um pouco mais demorado.
As novidades da Director’s Cut
Além de aproveitar as funcionalidades do PlayStation 5 para otimizar a jogatina, Death Stranding Director’s Cut também traz novidades de gameplay. A Kojima Productions afirma que todas essas adições foram construídas do zero, após o lançamento da primeira versão do game.
Para aqueles que vão iniciar uma nova jornada em Director’s Cut, estes conteúdos inéditos serão desbloqueados aos poucos, conforme você progredir na história. Já para aqueles que transferiram um save avançado ou de endgame, será necessário visitar alguns centros de distribuição ou abrir mensagens no menu para obter acesso às novidades.
No meu progresso importado, em que várias regiões já estavam com a rede quiral ativa, não demorei para encontrar a rampa de salto, nova construção que facilita o acesso em locais que possuem largas fendas no solo, por exemplo. Neste primeiro encontro, eu não consegui performar um salto adequado, mesmo após sete tentativas, provavelmente porque a estrutura estava posicionada incorretamente.
Para usar a rampa, Sam precisa estar em uma moto ou triciclo, e você deve pegar velocidade a fim de conseguir o impulso necessário para chegar ao lado desejado. No ar, os jogadores ainda podem fazer truques aéreos no controle do protagonista. Quando bem posicionadas, as rampas certamente vão facilitar a sua vida e adicionar um pouco de velocidade para a locomoção.
Outra estrutura inédita é a ponte quiral, que serve para ligar trechos que a ponte normal não é capaz de alcançar. Também há a catapulta, que pode ser utilizada para entregar cargas em regiões mais complicadas e poupar Sam de uma caminhada ou escalada. Após construída, você pode colocar os pacotes no pod da construção e ativá-la. A catapulta alcança regiões moderadamente distantes, e você terá que controlar o pod com a carga remotamente. Não esqueça de abrir o paraquedas antes que o pacote atinja o solo.
Em seguida, parti para colocar as mãos na minha adição favorita: o robô amigo. Ao obter este novo companheiro, você pode enviá-lo para entregar uma carga ao destino selecionado ou deixá-lo seguindo o Sam. Neste último caso, é possível colocar uma quantidade enorme de carga no robô amigo, seja para aliviar o peso de Sam ou para pegar várias encomendas ao mesmo tempo.
Você ainda pode usar o robô amigo para carregar Sam até o terminal mais próximo ou ao ponto de entrega ativo. Só há um detalhe importante: o companheiro de metal só funciona dentro da rede quiral, o que significa que ele só terá maior utilidade a partir da metade do jogo em diante, quando Sam tiver incluído uma quantidade razoável de áreas na rede da UCA.
A limitação do robô amigo é necessária para não desequilibrar a experiência de Death Stranding. Imagina se fosse possível entregar boa parte das encomendas com ele? O jogo perderia a graça. Entretanto, a nova função é excelente para adiantar o progresso e uma verdadeira mão na roda para os jogadores que desejam realizar o máximo de entregas possíveis.
Se você está no endgame e quer acabar com as pendências rapidamente, conte com o robô amigo. Eu tinha um pacote secundário para entregar ao Ancião e, ao lembrar todo o sufoco que passei para chegar ao local pela primeira vez, não demorei para ativar a ajuda do companheiro robótico, que me levou até o alto da montanha sem dificuldades.
O esqueleto de suporte é outra novidade da Director’s Cut que chega para facilitar a vida de todos. O recurso tem uma bateria de longa duração e pode ser usado para reduzir o peso de cargas pesadas, além de aprimorar a velocidade de movimentação de Sam e evitar que o protagonista fique mais lento quando está com muitas encomendas nas costas. Este esqueleto deixou a minha caminhada nas regiões cheias de neve muito menos irritantes.
O Salto Fragile, que já estava disponível no jogo original, é o sistema de viagem rápida de Death Stranding. Na nova edição, a mecânica foi expandida e agora permite que os jogadores acessem facilmente centros de distribuição, abrigos e terminais que estejam conectados à rede quiral. Desta forma, passei a usar a opção com uma frequência muito maior do que na experiência original para evitar a fadiga de percorrer o mesmo caminho várias vezes.
No episódio 3 de Death Stranding, os jogadores poderão encontrar uma das maiores novidades da Director’s Cut: o Circuito Fragile, que traz uma seleção de pistas de corrida para o mundo do jogo. É possível usar veículos de quatro rodas ou motocicletas, e escolher entre uma variedade de circuitos para testar.
Confesso que demorei um pouco para pegar o jeito dos controles. Antes disso, tive dificuldades para realizar o drift nas curvas mais fechadas (as pistas são muito estreitas, diga-se de passagem). Há um cronômetro indicando o tempo total do circuito e o tempo de cada volta. Na segunda volta, um fantasma de Sam aparecerá para reproduzir o caminho que você realizou na rodada anterior.
Embora não dê pra levar este modo muito a sério, o Circuito Fragile pode ser um bom passatempo para os entusiastas de jogos de corrida — o que não é o meu caso, então não me senti muito instigada a retornar ao modo em outro momento.
Chegamos a outra novidade de destaque de Death Stranding Director’s Cut, que inclui uma nova área chamada Fábrica Destruída, com missões inéditas que destacam uma nova história. Logo no começo desta etapa, você ganhará acesso a nova arma Maser, que imobiliza os adversários humanos com um disparo elétrico.
Entre as armas não letais disponíveis no jogo, a Maser definitivamente é a mais prática de todas. Ela não exige a mesma precisão que pistolas e rifles, por exemplo, e é muito mais agradável de controlar do que a boleadeira. Com uma descarga elétrica contínua, você pode incapacitar inimigos temporariamente e imobilizar veículos. O efeito será aprimorado se os adversários estiverem próximos à água, causando muito estrago com pouco esforço.
Ainda falando sobre combate, agora os jogadores poderão treinar suas habilidades na nova área de treinamento, disponível em qualquer terminal do jogo. Dentro dela, é possível escolher uma arma e testá-la contra alvos fixos ou MULAs.
Por fim, para encerrar a leva de novos conteúdos, a Director’s Cut adiciona opções de customização para o pod de BB e para a mochila e acessórios de Sam. Você pode escolher uma nova cor para estes itens no quarto.
Quem deve jogar Death Stranding Director’s Cut?
Não há dúvidas de que esta é a melhor versão para quem quer jogar Death Stranding pela primeira vez. Além de estar visualmente mais bonito, o jogo na edição Director’s Cut traz adições que vão facilitar a vida dos jogadores ao longo do progresso. É justo que as novidades não estejam disponíveis de imediato, a fim de manter a curva de aprendizado proposta pelo game e encorajar os jogadores a explorarem sem o auxílio de recursos em alguns momentos. Se você tem interesse em experimentar Death Stranding, agora é o momento.
Ao mesmo tempo, vale notar que o conteúdo exclusivo da Director’s Cut não é impactante o suficiente para mudar significativamente toda a jornada de Sam Porter Brigdes. Você provavelmente ainda passará por alguns momentos de sufoco até conseguir expandir a rede quiral e obter acesso a certos equipamentos, mas essa é justamente a essência de Death Stranding. Essas adições são apenas um empurrãozinho extra.
Por outro lado, a Fábrica Destruída traz missões focadas em furtividade (ficou com saudades de Metal Gear, Kojima?) e um trecho narrativo inédito, que pode intrigar os fãs que gostaram da história principal. Foi o suficiente para manter minha atenção ao jogo mais uma vez.
A nova versão também é uma boa oportunidade para quem jogou o game no PS4 e deseja apenas finalizar as pendências, uma vez que a catapulta e o robô amigo são muito úteis para quem já possui a rede quiral expandida. Se você é daqueles que curtiu muito a experiência original e gostaria de jogar novamente no PS5, dificilmente sairá arrependido.
Valores de Death Stranding Director’s Cut
A versão padrão de Death Stranding Director’s Cut está disponível da PlayStation Store por R$ 249,50, mesmo preço da versão original para PS4.
A edição mais cara de Director's Cut custa R$ 299,90 e inclui, além do jogo completo: livro de arte e trilha sonora digitais; novas cores de traje, luvas e opções de cápsula para BB; novos patches para a mochila de Sam; e um conjunto de avatares.
Caso você deseje fazer o upgrade gratuito entre gerações, será necessário pagar R$ 49,90.