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Review The Last of Us Part 1 | Decepcionante e desnecessário

Por| Editado por Bruna Penilhas | 31 de Agosto de 2022 às 12h00

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Review The Last of Us Part 1 | Decepcionante e desnecessário
Review The Last of Us Part 1 | Decepcionante e desnecessário

Quando The Last of Us Part 1 foi anunciado em junho deste ano, o clima de insatisfação tomou conta. Por que um jogo de 2013, lançado no fim da geração PlayStation 3, e que ganhou uma versão remasterizada (paga) no ano seguinte para PlayStation 4, precisaria de uma nova versão no PlayStation 5? Infelizmente, essa pergunta perdura até hoje, inclusive neste review.

Não há motivos o bastante para celebrar a chegada do novo jogo da Naughty Dog. Nem as entrevistas com os desenvolvedores, textos publicados no PlayStation Blog e dezenas de vídeos publicados unicamente para gerar hype são suficientes para perfumar um remake que não há razão para existir — pelo menos, não pelo preço de R$ 349,90 na sua versão mais básica. Sim, eu sou fã de carteirinha da franquia, mas não consigo "passar este pano".

A PlayStation Brasil concedeu uma cópia digital do jogo antecipadamente ao Canaltech. Você confere a nossa opinião sobre o game nos próximos parágrafos.

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Recursos de acessibilidade são maior trunfo do game

Apesar das críticas negativas que precisam ser feitas, existem alguns tópicos que merecem ser parabenizados. A maior e melhor novidade é a acessibilidade: o jogo está mais acessível para jogadores cegos, surdos ou com capacidade motora reduzida. Agora, o game conta com audiodescrição para as cutscenes, inclusive em português do Brasil.

Os recursos de The Last of Us Part 2 também foram implementados no rebuild, como exibição em alto contraste (que deixa os inimigos e itens com cores diferentes e mais vibrantes) ampliador de tela, leitor de texto, entre outros.

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A direção de arte também mudou. Os personagens, objetos e cenários estão muito mais bonitos e em alta resolução. Os modelos de Ellie e Joel são os mesmos usados nos flashbacks de Part 2, e são muito bons. Mas quem rouba a cena mesmo são os companheiros que encontramos pelo caminho: Tess, Bill, Henry, Sam e outros estão muito, mas muito mais bonitos, sendo possível perceber mais linhas de expressão, movimento dos olhos e detalhes na roupa, por exemplo.

Os outros NPCs (personagens não jogáveis) e infectados também receberam um tapa no visual — principalmente os infectados, que parecem muito mais pálidos, raivosos e sangrentos. Quando você atira neles, também dá para ver mais sangue jorrando e tripas voando afora.

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Apesar de não ter ray-tracing, é possível ver os reflexos do ambiente em espelhos, vidros e poças d’água. A vegetação está mais viva e abundante. A iluminação e a sombra também foram retrabalhados, e algumas cenas que antes pareciam claras demais agora estão mais escuras, e vice-versa.

Por falar em gráficos, há duas opções de visualização: o modo Fidelidade, que prioriza o 4K, mas entrega até 40 quadros por segundos; e o modo Desempenho, que mantém em 4K dinâmico ou 1440p, mas com 60 quadros por segundo. Infelizmente, 4K sem upscalinga 60 quadros por segundo ainda parece uma raridade no PlayStation 5.

Como esperado, o controle DualSense responde a algumas ações que acontecem na tela; é possível sentir vibrações diferenciadas quando o personagem está sob a chuva, por exemplo. Os gatilhos adaptáveis também mudam conforme o jogador mira com uma pistola simples ou uma arma mais pesada, como uma espingarda ou arco e flecha. Outros detalhes sutis possibilitados pelo hardware do PS5 são as telas de carregamento rápidas e o fim das telas pretas assim que se inicia uma cena pré-renderizada.

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Também há dois modos novos de jogo: um de permadeath (“morte permanente”, em que o jogo acaba de vez logo na primeira vez que o jogador morre) e um de speedrun (cujo objetivo é zerar o game o mais rápido possível). São modos de jogo bastante nichados, que devem agradar a uma pequena parcela dos jogadores — e que poderiam ser adicionados como atualização gratuita no Remastered do PS4, mas tudo bem. Ah, você precisa zerar o jogo pelo menos uma vez… mesmo que já tenha feito isso antes.

Tudo que já era ruim em 2013 continua ruim em 2022

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Vamos começar pelo básico: é difícil até classificar o que The Last of Us Part 1 é, de fato. A Sony classifica o jogo como um “remake”, ou seja, um projeto cuja história, cutscenes e gameplay foram refeitos por completo, como aconteceu com Resident Evil 2 e 3, por exemplo. Mas isso não aconteceu aqui. A história, as cutscenes e o gameplay continuam os mesmos, apenas com mudanças no visual e na inteligência artificial dos personagens.

Vamos falar destes dois fatores. Os gráficos estão infinitamente mais bonitos do que no original. Isso é indiscutível, afinal, já se passaram quase dez anos. Porém, a movimentação dos personagens em alguns momentos parece um tanto esquisita; fica evidente que o estúdio apenas colocou uma nova roupagem nas mesmíssimas animações. É bonito? Sim, mas não parece tão verossímil quanto em The Last of Us Part 2.

Quanto à inteligência artificial, não sentimos grandes diferenças, infelizmente. Durante o gameplay, vimos tanto Ellie quanto Tess se movimentando em frente aos inimigos — igualzinho ao que acontecia no primeiro game. Também vimos elas tendo tremeliques sem sair do lugar, na dúvida de onde ir.

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Os inimigos também continuam burros: eles andam em círculos a curtas distâncias, não se movimentam durante os confrontos e, às vezes, perdem o jogador de vista e simplesmente esquecem dele. Ouvir “droga, para onde ele se meteu” ou “não estou vendo nada por aqui, continuem procurando!” — sempre com aquele sotaque e tom de voz estranhíssimos — após se esconder atrás de um móvel é decepcionante.

Por falar em voz, podemos falar também sobre a localização. Jogamos o game dublado e legendado em português do Brasil, e constatamos os mesmíssimos problemas do jogo original: legendas diferentes do que está sendo dito, traduções erradas sem contexto, discrepâncias no volume da dublagem, etc. A Sony não prometeu que iria refazer a localização do jogo no nosso idioma, afinal, é uma questão muito pontual que exigiria o trabalho de muitas pessoas. Mas é frustrante vermos os mesmos problemas sendo cobrados a preço cheio.

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Recursos promovidos em trailers não fazem diferença alguma

Existem outras novidades que foram bastante badaladas em trailers e textos oficiais. Por exemplo, existe uma nova galeria de modelos (um visualizador de personagens e objetos) e skins desbloqueáveis, como camisetas de God of War ou Horizon Zero Dawn. Você precisa zerar o jogo uma vez para liberar os cosméticos. "Méh".

Durante o gameplay, foi implementada uma tecnologia chamada “motion matching”, que tenta prever as melhores animações para um movimento ou um giro em 180º do jogador. O objetivo é deixar a mobilidade dos personagens ainda mais realista. Sinceramente? Se não tivessem nos contado, nem teríamos percebido.

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A física dos objetos também foi alterada. Por exemplo, o boné de um NPC pode voar (para bem alto) assim que você o estrangula, ou o concreto das paredes pode se despedaçar em tiroteios. Até dá para quebrar alguns vidros, como acontece em The Last of Us Part 2. Isso não muda em nada no gameplay e servem apenas como perfumaria.

Tudo isso, segundo a Naughty Dog, faz com que o mundo de The Last of Us Part 1 pareça ainda mais vivo, deixe os combates mais assustadores e aumente o dinamismo do game. Fica a critério do cliente. Para nós, não mudou nada.

The Last of Us Part 1 vale a pena?

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Definitivamente não, exceto se você precisar de algum dos novos recursos de acessibilidade. A melhor opção ainda é procurar The Last of Us Remastered para PS4 em mídia física, já que a Sony removeu a versão digital da PlayStation Store. É possível encontrar o jogo por cerca de R$ 60 no varejo, ou até mais barato em grupos de troca da própria comunidade. Essa versão também roda no PS5.

Infelizmente, The Last of Us Part I concluiu tudo o que já prevíamos: é um jogo sem cabimento. Os novos gráficos — a única grande mudança, de fato — não justificam a cobrança do preço cheio de R$ 350. E o pior: é um jogo que não serve nem para gerar hype para a série live-action em produção pela HBO, com previsão de lançamento para 2023. Talvez fosse mais inteligente por parte da Sony e da Naughty Dog lançá-lo mais próximo ao seriado; pelo menos, ele teria um motivo para existir.