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Análise | Sennheiser GSP 600 acerta com ótimo som, mas peca na falta de extras

Por| 13 de Fevereiro de 2019 às 11h08

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Sergio Oliveira
Sergio Oliveira

Cada vez maior, o cenário competitivo dos games tem chamado bastante a atenção não só de jogadores e desenvolvedoras, mas também de fabricantes de acessórios, periféricos e componentes. Prova disso é que até mesmo marcas mais tradicionais têm apostado em produtos para atender a esse nicho. E uma delas é a Sennheiser.

Com mais de 70 anos de estrada, a marca alemã se tornou conhecida pela qualidade e altíssima fidelidade de seus microfones e headphones, tornando-se um daqueles casos em que a fama a precede. E porque não aproveitar isso para adentrar no mercado gamer? Foi assim que surgiram os headsets GAME ONE e os da linha GSP, que agora ganhou um modelo topo de linha: o GSP 600.

Quando surgiu a oportunidade de testá-lo para fazer esta análise, a primeira coisa que pensei foi: "lá vem um headset que pode esmagar todos aqueles que já analisei para o Canaltech". Algumas semanas depois, isso aconteceu em partes...

Design sóbrio e construção sólida

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O Sennheiser GSP 600 é diferente da maioria dos headsets gamers que estão por aí no mercado. Isso fica claro desde que olhamos para sua caixa: sóbria, sem qualquer indício de firula, ela aposta no tradicional branco para apresentar o produto. Nas imagens ilustrativas, nada de LEDs nem qualquer perfumaria característicos de produtos gamers.

A seriedade vai além do cartão de visitas do aparelho: quando abrimos a caixa, nos deparamos com o headset deitado num berço feito de espuma preta de alta densidade, que o "abraça" e o mantém muito firme para evitar qualquer avaria no transporte. É o primeiro indício de que estamos lidando com um equipamento topo de linha.

Tirando-o dali, um olhar mais atento comprova de uma vez por todas que a Sennheiser resolveu mesmo apostar naquela sobriedade já vista na caixa. Em vez do black piano e todo aquele brilho pomposo que clama por marcas de dedo, a fabricante apostou num preto fosco e em detalhes em tons metálicos. É uma opção estética que pode até chocar quem está acostumado com equipamentos da Razer, HyperX e Logitech G, mas não é exatamente uma novidade nos headsets gamers da marca alemã. O pioneiro GAME ONE já não trazia tantas firulas assim; na linha GSP, então, a discrição foi se intensificando lançamento após lançamento.

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Tanto é que o GSP 600 só tem uma opção de cor: preta com detalhes metálicos e em vermelho. A construção é praticamente toda feita em um tipo de plástico bastante flexível e que passa a sensação de resistência. Isso aliado ao aspecto grandalhão do headset da Sennheiser dão a noção de que ele é robusto e pau para toda obra — o que, na prática, acaba se confirmando.

Por exemplo, graças ao material usado em sua construção, o headset se abre bastante e se ajusta sem problemas a cabeças largas — e tudo isso sem ouvirmos um estralo sequer. Se o seu problema for ter um rosto muito comprido, a alça permite um ajuste vertical considerável.

A lateral direita do dispositivo foi toda reservada para a roda de ajuste de volume, que é bem "pesada", porém muito precisa. O lado oposto, por sua vez, acomoda uma incomum entrada de 2,5mm para o fio (na caixa vêm dois, um para conectar a consoles e dispositivos móveis; outro com saída dupla para conexão com o PC) e o microfone. Não há botão de mudo para este, bastando elevar ou abaixar seu braço até ouvir um "click" para deixá-lo sem ou com som.

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Conforto na medida

Depois da passada de olho para observar as primeiras características do Sennheiser GSP 600, é hora de colocar ele na cabeça e nos ouvidos. Não resta dúvidas de que o headset é grandalhão e para muita gente pode até mesmo ser pesado. Ao todo, sua cabeça terá de sustentar 395g adicionais — 100g a mais que o levíssimo Plantronics RIG 800LX, mas abaixo dos absurdos 432g do Razer Nari.

Em todo caso, houve toda uma preocupação da Sennheiser para que o usuário não sinta esse bichão na cabeça. Grande parte da alça superior é acolchoada com uma espuma de cerca de 1cm de espessura, que não deixa o cocoruto ficar dolorido. As almofadas que cobrem os fones são preenchidas com espuma com memória de forma, que se adapta ao formato da cabeça da pessoa e favorece principalmente quem usa óculos. Elas também têm um diferencial bem bacana: a parte interna, que entra em contato com a cabeça, é revestida em camurça, que alivia o calor e não deixa o fone escorregando; na parte externa, um tipo de couro sintético é usado para ajudar no isolamento passivo.

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Inclusive, a capacidade de isolamento acústico do GSP 600 é uma de suas principais características. O headset em si é fechado, mas o clamping do equipamento ajuda a melhorar ainda mais a sensação de isolamento. A grande sacada é que isso não machuca e sequer chega a incomodar graças às almofadas supermacias e a um sistema de ajuste extra empregado pela Sennheiser na alça do headset. Ele funciona assim: se o headset estiver apertando e incomodando demais, é só ajustar uma ou as duas presilhas, deslizando-as para cima para afrouxar o "agarrão" em sua cabeça; se estiver frouxo demais, é só fazer o ajuste inverso que o headset gera uma pressão extra na região da mandíbula.

Voltando aos fones em si, eles contam com dois tipos diferentes de ajuste: além do padrão ajuste vertical, ele conta com uma espécie de dobradiça metálica que permite rotacioná-lo horizontalmente para encontrar a melhor posição na cabeça e sobre as orelhas e ouvidos. Um diferencial que poucos headsets possuem, mesmo quando são feitos pensando no público gamer.

Som estéreo de alta qualidade

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Depois de todo esse confere, é hora de colocar o headset gamer profissional da Sennheiser à prova.

Os drivers dinâmicos (de tamanho não especificado pela fabricante) entregam um som muito bom. O palco sonoro, uma das características dos fones feitos pela Sennheiser, é bem mais amplo neste headset que na maioria dos outros da mesma categoria. Também é interessante perceber que a resposta de frequência do equipamento é de 10 Hz a 30 KHz, compreendendo aí um intervalo de frequência inaudível ao ouvido humano, tanto nos graves quanto nos agudos. Apesar disso, essa característica ajuda a criar "sensações". Numa explosão, por exemplo, você pode até não ouvir o que estiver abaixo dos 20 Hz, mas sentirá o "punch" no ouvido devido ao deslocamento do ar.

Graças a isso, o GSP 600 consegue entregar uma experiência imersiva de bastante qualidade, mesmo sendo um fone estéreo. Prova disso é que, testando Resident Evil 2no Xbox One X, escutei muitos barulhos lá no "fundo" que antes não ouvi nem mesmo com o RIG 800LX, que tem tecnologia Dolby Atmos. O equipamento também se sai muito bem em títulos competitivos, como Fortnite. Embora trabalhe apenas dois canais, o palco sonoro amplo é decisivo para uma melhor percepção espacial, não comprometendo a localização do inimigo nem dos tiros apenas com os ouvidos. Já em jogos como F1 2018e Forza Horizon 4, todo o roncado dos motores é despejado nos ouvidos com a pressão e a potência certas, muitas vezes fazendo o cérebro chacoalhar, mas de um jeito muito gostoso, sobretudo para quem é fã de automobilismo.

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A boa experiência no Xbox One X, entretanto, não se repetiu no PlayStation 4. Nesse cenário, a sensação foi de que o console da Sony não teve força suficiente para empurrar o som para o headset, que tem 28 Ω de impedância. Resultado: no geral, as gameplay rolaram com volume abaixo do normal, mesmo quando tanto headset quanto console estavam no volume máximo. Honestamente, não parece ser um problema do headset em si, mas do console da Sony, mais especificamente no pré-amp empregado nele. Talvez para evitar esse tipo de problema a Sennheiser indique em um dos panfletos que vem na caixa do GSP 600 a compra do amplificador GSX 1000 para dar um boost na sonzeira.

A frustração com o PS4 não se repetiu no PC, que entregou a mesma experiência oferecida pelo console da Microsoft. Nesse cenário, o teste foi feito com filmes e músicas. Graças ao equilíbrio entre tons agudos, médios e baixos, praticamente todo gênero musical se saiu bem aqui — embora gêneros que prezam por tons médio-baixos e baixos tenham se destacado, como rap, hip-hop e rock. A mesma característica foi percebida nos filmes: momentos de explosões surpreenderam devido à pressão no ouvido, mas sem isso incomodar.

Por fim, cabe falar aqui do microfone. No geral, ele se saiu muito bem em partidas online no Xbox One X e no PC. Graças ao sistema de redução de ruído empregado pela Sennheiser, o áudio captado por ele é límpido e livre da maioria dos barulhos que rodeiam o usuário. No videogame da Microsoft, houve necessidade de ajustar o volume manualmente para baixo, deixando-o quase que no mínimo. No PC, a captação ocorreu de maneira bastante satisfatória. Mas, novamente, ocorreu um problema com o PlayStation 4: dessa vez, a voz até foi captada em um volume aceitável, mas parecia que o jogador estava dentro de um banheiro. Ajusta aqui, ajusta acolá e o problema persistiu especificamente com o GSP 600, não ocorrendo com o Turtle Beach Stealth 500P. Mais uma vez, as suspeitas recaem sobre um possível problema de compatibilidade entre os hardwares da Sony e da Sennheiser.

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Mas afinal, o que há de errado?

Pois bem, embora o GSP 600 ofereça som de qualidade e bata até mesmo concorrentes com Dolby Atmos e som surround, ele peca por não ousar e oferecer extras. Um exemplo disso é que ele sequer conta com um preset com opções de equalização. Não é possível selecionar um modo que favoreça a voz, nem outro que dê um punch ainda maior nos baixos; tampouco há um modo dedicado apenas para shows. "Se o palco sonoro é bom, então isso é suficiente para todo mundo", deve ter pensado a marca.

O microfone é um caso a parte: o problema constatado no PS4 não parece ser um defeito do headset propriamente dito. Mesmo assim, fez falta um controlador de volume dedicado ao microfone, de maneira a permitir que o jogador faça o ajuste durante as partidas sem ter de acessar uma dashboard nos consoles ou as configurações de sistema do PC. É um incoveniente que também pode gerar problemas. O Xbox One, por exemplo, tem um sistema de ajuste de áudio muito deficiente, muitas vezes não sendo suficiente para fazer o equilíbrio ideal entre voz de bate-papo e som do jogo.

Finalmente, temos de falar do preço. No momento em que esta análise é feita, o Sennheiser GSP 600 é encontrado na loja oficial da marca com etiqueta de R$ 1.706. É, sem dúvidas, o preço de um headset premium voltado para o público gamer profissional e/ou mais exigente, que busca qualidade acima de qualquer outra característica. O problema é que estamos falando de um headset muito bom, mas que ainda assim é apenas estéreo e ainda utiliza fios. Nessa mesma faixa de preço, é possível encontrar opções com pelo menos 5.1 canais de áudio, algumas até mesmo com amplificador e equalizador inclusivos e totalmente wireless. Por isso, incomoda, sim, ver um produto tão caro pecar por não trazer um extra simples como um controlador de volume de microfone.

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É o tipo de coisa que, por mais boba que pareça, pode acabar pesando na balança de quem está em busca de um aparelho como este. Se você ainda tem dúvidas, então espere. Pode ser que o preço seja ajustado e o headset fique mais atraente no futuro. Se não for esse o seu caso, se a falta de extras não incomodar e você quer ter um headset de qualidade feito para jogos, que tem uma assinatura de som característica, um microfone de respeito e que funciona muito bem em praticamente qualquer dispositivo, o Sennheiser GSP 600 foi feito para você — e você não vai se arrepender.

O GSP 600 analisado pelo Canaltech foi gentilmente cedido pela CMV.SeBR, Sennheiser Country Partner.